Depois
de um ano marcado por mortes e recessão, a sensação é de que pouco ou nada
aprendemos
São
tantos os absurdos ocorrendo de maneira concomitante ao longo da pandemia
de Covid-19 no Brasil que a palavra inacreditável parece ter perdido
um pouco do sentido por essas bandas. Quem iria imaginar que transcorridos 12
meses da maior crise sanitária, econômica e social do século seríamos capazes de
sincronizar em todo o país a gravidade dos efeitos do coronavírus levando o
sistema de saúde nacional à beira do colapso?
De
norte a sul, a ocupação
das UTIs e das enfermarias margeia o esgotamento, com filas de espera para
internação. Tudo pela negligência de medidas básicas que se mostraram eficazes
na prevenção da doença mundo afora, como o distanciamento social e o uso de
máscara.
Na semana em que o Brasil atingiu a marca de 250 mil mortos por Covid-19 e a Organização Mundial da Saúde resumiu a situação como “uma tragédia”, cerca de quatro centenas de pessoas se aglomeraram, boa parte delas sem máscara, em solenidade oficial na capital federal. Paralelamente, festas clandestinas seguiram bombando por toda parte.
Nem
o que sempre foi feito com excelência está sendo realizado com eficácia. Embora
a aplicação das vacinas contra a Covid-19 se dê com seringa e agulha, a distribuição
do imunizante está ocorrendo a conta-gotas. E quando tem vacina, também tem
fura-fila, denúncia de fraude, problema no armazenamento, erro na distribuição
das doses...
Em
Portugal, em meio à tendência de redução de casos e de mortes, ao defender a
manutenção das medidas restritivas adotadas por lá, o presidente Marcelo Souza
referiu-se à importância de aprender com o passado para não repetir os erros no
futuro.
A observação parece servir como uma luva para o Brasil. Depois de um ano inteiro marcado por mortes, recessão econômica, desemprego crescente, escalada da violência e muita incerteza, a sensação é de que pouco ou nada aprendemos. O que banaliza o termo inacreditável de uma forma inacreditável.
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