Bolsonaro permanece impune, em troca nenhum político será preso
A
semana passada deve ter sido a pior do século 21 brasileiro. Enquanto os
primeiros países a se vacinarem já discutem a volta à normalidade, as mortes
por Covid-19 crescem
aceleradamente no Brasil.
As
mortes já começaram a cair em países que também se saíram mal no combate à
pandemia, como o México e os Estados Unidos, mas continuam a crescer no Brasil.
Em
Manaus, pacientes
intubados precisam ser amarrados para suportar a agonia porque a
anestesia acabou, como antes havia acabado o oxigênio.
O
governo Bolsonaro mandou
as vacinas do Amazonas para o Amapá porque errou a sigla. Em várias
regiões do Brasil a ocupação de UTIs se aproxima de 100%.
No
célebre hospital Albert Einstein, o preferido do presidente, já está em 104%.
Se Bolsonaro fosse esfaqueado por Adélio Bispo hoje, morreria sangrando na sala
de espera.
Enquanto isso, o auxílio emergencial acabou, e a população brasileira mergulhou na mais profunda miséria.
O
que as elites política e econômica brasileiras estavam fazendo durante tudo
isso? Em um país funcional, teriam apoiado e promovido impeachment e prisão dos
responsáveis por tudo isso.
Um
governo de união nacional estaria já implementando a nova política de
sustentação de renda. Todos os esforços estariam focados em conseguir vacinas
desde o impeachment de maio de 2020.
Ao
invés disso, na pior semana do século, as pautas em Brasília eram as seguintes:
o Congresso passou tempo precioso tentando
tornar mais difícil que parlamentares sejam presos.
O
governo inventou um pacote
de medidas liberalizantes projetadas nas coxas para acalmar o mercado
depois da intervenção na Petrobras (cujas ações voltaram a cair).
Bolsonaro
conseguiu que o Superior
Tribunal de Justiça aliviasse para seu filho Flávio, criando jurisprudência
que será usada por todos os acusados de corrupção de agora em diante. Na
quinta-feira, o presidente da República foi à internet para mentir que máscaras
não funcionam para combater a Covid-19.
A
Brasília que sustenta Bolsonaro resolveu deixar o resto do Brasil morrer
enquanto eles todos, como o primeiro-filho Flávio, fogem da polícia.
O
acordo é esse: Jair Bolsonaro, o responsável por muitas milhares de mortes
durante a pandemia, mantém seu cargo e permanece impune pelas mortes que
causou. Em troca, nenhum político será preso pelo dinheiro que roubou.
E
os ricos? Até a semana passada, apoiavam isso tudo.
Desde
a intervenção na Petrobras, estão em dúvida: discutem se Bolsonaro, que mudou
de Palmeiras para Flamengo no dia seguinte à decisão do Campeonato Brasileiro,
tem convicções liberais firmes. Se concluírem que tem, voltam a apoiar.
Enquanto discutem, a bolsa cai.
Na
pior semana do século brasileiro, Brasília fugiu da polícia, e a Faria Lima
vendeu Petrobras. Se já houve mecanismo capaz de fazer as duas trabalharem pelo
Brasil, parece ter parado de funcionar.
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