Arthur
Lira tentou aprovar a toque de caixa proposta para adulterar a imunidade
parlamentar
Devido
à forte rejeição da opinião pública e oposição firme de alguns poucos
parlamentares, foi momentaneamente frustrada a trama
conduzida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, para aprovar a toque de
caixa —e atropelando os ritos processuais— uma Proposta de Emenda
Constitucional (PEC 3/2021) para adulterar a imunidade
parlamentar já assegurada pela Constituição.
No seu teor original, a indecorosa proposta —apelidada de PEC da Impunidade e PEC da blindagem—, dentre outras extravagâncias, limita o alcance da Lei de Ficha Limpa, restringe a prisão em flagrante de parlamentar e dispõe que ações judiciais contra eles ficam condicionadas à decisão do plenário do Supremo. Além disso, o deputado ou senador preso em flagrante ficará sob custódia do próprio Poder Legislativo esperando decisão dos colegas acerca do seu futuro. Em suma, a PEC 3/2021 tem o claro propósito de dificultar ao extremo a ação do Judiciário sobre os parlamentares, tornando-os, na prática, inimputáveis.
Em
discurso na Alesp, Janaína Paschoal caracterizou a proposta como retrocesso no
combate ao crime, ao peculato e ao abuso de poder: “Eles estão criando um
arcabouço para proteger os maus”, asseverou a deputada. É, de fato, espantoso
que, no pior momento de uma devastadora pandemia, deputados adotem a atitude
corporativista, indecente e imoral de legislar em causa própria no intuito de
se colocarem acima da lei.
A
PEC da Impunidade, porém, não é um ponto fora da curva; faz parte de um
processo de acumulação de privilégios no Parlamento. Recorde-se que, durante a
presidência de Rodrigo Maia na Câmara, além dos privilégios tradicionais,
prosperaram as novas benesses financeiras do Fundo Partidário e do Fundo
Eleitoral.
São muitos os privilégios dos nobres parlamentares, mas o privilégio da impunidade é o mais valioso, porque garante os demais. É isso o que muitos deputados —vários deles na mira da Justiça— buscam sofregamente por meio da PEC 3/2021.
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