Não
foi só a base governista que ficou desconfortável com a decisão do
ministro Luís Roberto Barroso de mandar instalar a CPI da Covid-19. Ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) também não gostaram de ter tido que tomar a decisão no lugar do
presidente do Senado. E fizeram chegar essa informação a Rodrigo Pacheco.
Desde
a véspera, os magistrados conversavam entre si e com políticos a respeito da
situação. Luiz Fux, presidente do tribunal, deixou claro a senadores que a
liminar de Barroso seria inevitável e que preferia que o presidente do Senado
instalasse a CPI antes que a decisão fosse tomada. O recado chegou a Pacheco.
Além
dos emissários de Fux, o próprio Barroso sinalizou a Pacheco que teria de
acolher o mandado de segurança impetrado pelos senadores do Cidadania
Alessandro Vieira e Jorge Kajuru pela imediata instalação da CPI. Na esperança
de que ele se antecipasse, sugeriu também que havia tempo para o presidente do
Senado agir.
Mas
Pacheco indicou ao ministro que preferia não se mexer de antemão.
O cálculo por trás dessa atitude era evidente.
Eleito
com o apoio de Bolsonaro para a presidência do Senado, Pacheco resistiu o
quanto pode a abrir a CPI. No início da semana, enviou ao STF um ofício se
manifestando contra a instalação da comissão. No documento, disse que ela
"poderá ter o efeito inverso ao desejado, como o de eventualmente gerar
desconfiança da população em face das autoridades públicas em todos os
níveis".
A
ordem vinda do Supremo fornece agora a Pacheco o argumento, diante de
Bolsonaro, de que apenas obedece ordens judiciais, enquanto toma distância dos
erros do governo no combate à pandemia.
Em
entrevista coletiva logo após a decisão, ele disse que considera a decisão
equivocada, mas vai cumpri-la.
"A CPI poderá ser um papel de antecipação de discussão político-eleitoral de 2022, de palanque político, que é absolutamente inapropriado para este momento da nação."
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