sexta-feira, 9 de abril de 2021

Nelson Motta - O amor nos tempos do ódio 2

- O Globo

Depois do primeiro beijo / Será que eu te amo / ou apenas te chamo / de meu amor?

 Em mais uma tentativa

de não falar naquela pessoa,

nem nos horrores da pandemia,

(o que é quase a mesma coisa)

a pedidos, voltemos à poesia.

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Depois do primeiro beijo

Será que eu te amo

ou apenas te chamo

de meu amor?

será que é amor de verdade

ou pura vontade

de sentir-se amado?

será que te amo mesmo

ou apenas desejo

teu corpo e teus beijos?

será que amo tanto

o teu silêncio,

quanto o teu riso

ou os teus suspiros?

amo mais as tuas coxas,

ou teus peitos, boca, pés,

ou amo mais o teu jeito

de me ouvir e me falar?

amo a emoção forte e funda

das bocas coladas no primeiro beijo

dos corações acelerados,

das mãos alisando suas coxas,

dos dedos apertando a sua bunda.

Será amor ou vício

essa delícia que sinto

desde o início

quando penso em você?

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Te amar suave e silenciosamente,

como o vento às velas, em movimento,

como o fogo à vela, luzente,

como a planta à terra, semente.

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Mar morto,

sol posto,

teu rosto,

meu porto.

Navios iluminados nos teus olhos-cais.

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Como o vento em mar aberto,

como a chuva no deserto,

teu amor me alegra, alivia e alimenta,

como uma paz em movimento

como uma promessa permanente

de felicidade em coração e mente.

________

Se um dia o amor vira obsessão,

não é mais doce, amarga o coração,

faz do encanto, sofrimento,

de inimiga íntima, a imaginação,

que cria dores de ficção,

mas que doem de verdade,

como o avesso da paixão.

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Que a vida me seja leve

e me leve sempre longe

e me traga para perto

do amor, da paz, da alegria,

da beleza e da natureza,

onde a emoção e a razão

sejam uma coisa

só.

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