Bolsonaro
anunciou um novo remédio para o tratamento da covid-19, a proxalutamida,
medicamento utilizado para tratamento de câncer de próstata e de mama
O
presidente Jair Bolsonaro sofreu duas derrotas ontem, ambas no Supremo Tribunal
Federal (STF). Uma foi a decisão acachapante do plenário da Corte em favor de
governadores e prefeitos que determinarem o fechamento temporário de templos
religiosos para combater a propagação da pandemia da covid-19, durante os
períodos de rígido distanciamento social, cujo resultado foi 9 a 2. A outra, a
liminar do ministro do STF Luís Roberto Barroso a favor do mandado de segurança
dos senadores Alessandro Vieira (SE) e Jorge Kajuru (GO), do Cidadania,
determinando a imediata instalação da CPI da Covid-19 pelo presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que vinha empurrando o assunto com a barriga
há 65 dias.
CPIs são uma prerrogativa da oposição, desde que tenham número mínimo de subscrições para instalação, o que é o caso. O que muda com a instalação da CPI é que o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga e, principalmente, seu antecessor, o general Eduardo Pazuello, passarão a ter muitas dores de cabeça em razão de tudo o que ocorreu durante a pandemia até agora. Na lógica da oposição, a CPI é a banda de música dos pedidos de impeachment. O negacionismo de Bolsonaro tem um histórico de atitudes e medidas contra a política de isolamento social, mas também contra a compra e produção de vacinas, o uso de máscaras etc. É um prato cheio para a responsabilização criminal pelo elevado número de mortes que vem ocorrendo.
Rodrigo
Pacheco segurou a instalação da CPI enquanto pôde, pressionado por Bolsonaro e
pelo Centrão, mas contrariou os seto- res da oposição, inclusive os que o
apoiaram. Com seu estilo conciliador e habilidoso, manobrou demais e acabou
provocando mais uma intervenção do Supremo no Congresso. Agora, a oposição tem
prerrogativas constitucionais e regimentais para fazer uma devassa no
Ministério da Saúde. Como a base do governo é majoritária no Senado, o Palácio
do Planalto tentará controlar a CPI, voltando-a contra governadores e
prefeitos, mas isso fará com que o cacife dos partidos de Centrão aumentem nas
negociações com o presidente da República.
Enquanto
Bolsonaro flerta com o curandeirismo, a covid- 19 continua avançando no Brasil.
Registrou 4.249 óbitos e 86.652 novos casos nas últimas 24 horas, segundo o
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Com isso, o número de
mortos pela doença chegou a 345.025, e o total de casos aumentou para
13.279.857. Na quarta-feira, foram registrados 3.829 óbitos e 92.625 novos
casos. Ou seja, por falta de vacinas e isolamento social adequado, a escalada
da pandemia continua.
Para complicar a situação, há 12 dias o Instituto Butantan não produz novas vacinas por falta de insumos. Ontem, reconheceu que a remessa de matéria-prima da CoronaVac está atrasada, mas anunciou que já foi liberada na China e deverá chegar a São Paulo até 20 de abril. O princípio ativo da vacina era para ter chegado ontem. De acordo com o Butantan, o lote de 3 mil litros de insumos é suficiente para a produção de 5 milhões de doses da vacina. Uma segunda remessa, com mais 3 mil litros, está prevista para chegar até o final do mês. O atraso não vai impactar as entregas previstas ao Ministério da Saúde: 46 milhões até o final de abril. O Butantan já disponibilizou 38,2 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e ainda possui cerca de 3,2 milhões de vacinas no controle de qualidade, que devem ser liberadas até o dia 19 de abril.
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