Vistos
de fora, somos identificados com o demente que nos governa e seus cúmplices
Parabéns,
Jair Bolsonaro, você conseguiu. Pária é pouco. Campeão disparado da Covid, o
Brasil é hoje o pior
lugar do mundo. Aos olhos internacionais, somos vistos com revolta,
repugnância e medo, como nem nos tempos pré-Oswaldo Cruz, em que éramos
sinônimos do tifo, da peste bubônica e da febre amarela. Somos agora o último
reduto da pandemia, 215 milhões de bombas humanas, potenciais exportadores da
morte.
Os vizinhos já nos batem a porta na cara, e isso é só o começo. Em breve, não teremos mais para onde ir, suspeitos de estar levando cepas inéditas, de nossa exclusiva lavra. Por enquanto, essa repulsa do estrangeiro se refere apenas a nós, cidadãos brasileiros, com nossos perdigotos e resistência à máscara. Mas não será surpresa se o medo de contágio incidir sobre nossos produtos, quem sabe infectados, e o mercado também se fechar para eles.
E
quem permitirá que seus cidadãos desçam aqui, mesmo a negócios —a
turismo, esqueça—, e voltem para casa contaminados? Pode-se circular por um
país que se supera todo dia em contágios e óbitos e, em breve, não terá
oxigênio para os doentes nem espaço nos cemitérios? Cemitérios,
aliás, que já funcionam 24 horas por dia, enquanto a vacinação se regula pelos
relógios de ponto, com hora para pegar e largar. Não por falta de quem aplique
as vacinas, mas das vacinas mesmo, de cuja "demanda" se duvidava.
Mas
o principal motivo da repugnância por nós é a certeza de que o problema não se
resume a um demente no poder. Envolve também os cúmplices e complacentes,
aqueles que o garantem no cargo —generais que babam à sua presença, magistrados
que votam por ele, bilionários que o aplaudem, ministros de Estado covardes,
inclusive o da Saúde, políticos pilantras e os vadios que lotam festas.
Não fazemos parte dessa quadrilha. Mas, para quem nos vê de fora, essa quadrilha se chama Brasil.
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