terça-feira, 29 de outubro de 2024

Costa Neto vê base forte para sucessão presidencial em 2026 – Andrea Jubé

Valor Econômico

PL administrará capitais (4) pela primeira vez desde a fundação da sigla, além de ter ficado em 5º em número de prefeitos eleitos

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou ao Valor que o resultado das eleições revela que o partido construiu uma base forte para a sucessão presidencial de 2026 porque conquistou o maior número de votos nos municípios. Ele negou que o ex-presidente Jair Bolsonaro tenha perdido capital político, e garantiu que o ex-mandatário será o presidenciável da sigla, pela convicção de que o Congresso aprovará uma anistia para reverter a sua inelegibilidade.

Bolsonaro está inelegível até 2030 por abuso de poder político na reunião com embaixadores em que fez afirmações falsas contra as urnas eletrônicas e, também, pelo uso eleitoral das comemorações do Dia da Independência em 2022.

O PL elegeu 516 prefeitos, sendo quatro de capitais: Cuiabá (MT), Aracaju (SE), Maceió (AL) e Rio Branco (AC). Falava em uma meta de mil prefeituras. Mas será a primeira vez, desde a fundação da sigla, que o PL vai administrar capitais.

Além disso, o partido ficou em quinto lugar em número de gestores municipais, atrás de PSD, MDB, PP e União Brasil. No entanto, saiu em primeiro lugar em número total de votos para prefeitos, com a adesão de mais de 19,9 milhões de eleitores, seguido do MDB, com 19,2 milhões de apoiamentos.

O PL ainda ficou em terceiro lugar em número de governados, porque vai administrar cidades com uma população geral de 19 milhões, segundo levantamento do Valor Data. O MDB, que administrará São Paulo por mais quatro anos, vai governar, no cômputo geral, mais de 27,7 milhões de eleitores, enquanto o PSD, que elegeu o maior número de prefeitos, vai gerir cidades com uma população de mais de 27,6 milhões de votantes.

O PL ainda elegeu o maior número de vereadores em capitais: foram 96, à frente de PSD, com 73, e de MDB, com 69. É com base nesses resultados que Costa Neto minimizou as derrotas nessa segunda rodada: das 22 cidades onde o partido foi para o confronto final, venceu apenas em seis, sendo duas capitais: Cuiabá e Aracaju. E saiu vitorioso em grandes cidades estratégicas, como Guarulhos e São José do Rio Preto, em São Paulo, Canoas (RS) e Anápolis (GO).

Costa Neto ponderou que apesar de ter eleito 887 prefeitos, o PSD optou por um caminho que não seria a escolha do PL, voltado para municípios com populações pequenas, de 2 mil a 5 mil eleitores. Alegou que o PL priorizou cidades maiores, enquanto o PSD “quis fazer volume”.

O dirigente do PL também relativizou as derrotas nos demais municípios e rechaçou que Bolsonaro tenha perdido fôlego como cabo eleitoral. Na última semana de campanha, o ex-presidente participou de comícios e caminhadas em Belém e Santarém, no Pará, em Palmas (TO) e Goiânia (GO), mas o PL amargou derrotas em todos esses locais.

Segundo Costa Neto, foi justamente para tentar evitar esses revezes que o PL pediu que Bolsonaro visitasse esses locais, mas esse esforço acabou frustrado. O presidente do PL atribuiu o resultado em Belém, por exemplo, à força da máquina estadual liderada pelo governador Helder Barbalho (MDB), que elegeu o seu candidato, o emedebista Igor Normando.

O dirigente do PL também minimizou o revés para o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), em Goiânia (GO), invocando, igualmente, o peso da máquina estadual. Argumentou que o candidato Fred Rodrigues (PL), deputado estadual mais votado em 2022, foi um nome pouco trabalhado pelo partido, e ainda assim, teve um bom desempenho, porque aparecia em terceiro lugar nas primeiras pesquisas, atrás do PT e do União.

Ele se disse surpreso, apenas, com a derrota em Palmas, porque a candidata do PL, Janad Valcari, liderou as pesquisas nos dois turnos da campanha.

O presidente do PL afirmou que Bolsonaro teve um papel fundamental no crescimento do partido nessa eleição. Foram 172 prefeituras a mais em relação a 2020, quando o partido havia conquistado 344 municípios. Também relembrou que, pela força eleitoral do ex-presidente em 2022, o PL elegeu a maior bancada de deputados federais e oito senadores.

Por isso, diante desse resultado, ele negou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seja o “plano B” do PL para a sucessão presidencial em 2026. “Nosso candidato é o Bolsonaro, e vamos lutar até o fim”, ressaltou. “Se ele não for declarado elegível [pela Justiça], será pela anistia [no Congresso]”, completou.

Na segunda-feira (28), Costa Neto tinha reunião prevista com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para reforçar o pleito do partido para que o projeto de lei (PL) que concede anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 seja levado à pauta do plenário ainda neste ano.

A proposta abre caminho para a eventual anistia a Bolsonaro. O PL, que tem a maior bancada da Casa, condicionou o alinhamento à candidatura à presidência da Câmara do líder do Republicanos, deputado Hugo Motta (PB), - apoiado por Lira - ao compromisso em pautar o PL da anistia.

 

2 comentários:

Daniel disse...

Agora que o PL elegeu mais de 500 prefeitos, será que Bolsonaro já acredita nas urnas eletrônicas???

Daniel disse...

Em Canoas, o prefeito eleito do PL foi filmado distribuindo maços de dinheiro que tirava da calça...