O Estado de S. Paulo
O sangue da inelegibilidade do mito está na água e os nikolas farejam
Guilherme Boulos sai menor das urnas. Teve o
apoio do PT e muita grana para campanha. Colheu a mesma votação de 2020. O teto
da rejeição se lhe impôs. Parece limitação incontornável – comunica a
incompetência.
Foram quatro anos e nenhum programa para
minimizar a imagem negativa, sendo estarrecedor haver quem supusesse que algo
positivo poderia ser extraído da submissão desesperada à sabatina com Marçal.
Boulos sai também sozinho. A lavação de roupa suja petista, processo delirante, já atribui o revés ao que seria escolha errada de candidato; como se o PT contasse, em seu deserto de renovação, com opção paulistana competitiva; e como se o partido não tivesse se lançado a enfrentar o prefeito da tragédia em Porto Alegre com a única candidata que o faria menos rejeitado. Sebastião Melo venceu no Sul.
Ricardo Nunes, em São Paulo. Seu papel
doravante sendo o de amarrar o MDB ao plano de Tarcísio de Freitas e lhe
garantir espaços à acomodação de aliados. O prefeito reeleito foi corpo para um
projeto-piloto. Que reuniu o conjunto heterogêneo de jogadores de que o
governador precisará em 26.
Estavam lá o bolsonarismo, a direita Valdemar
– aquela, oportunista e ilegítima, que paga casa e salário ao mito – e o PSD de
Kassab, líder de um bloco de centro que, lendo o ritmo das marés, ora pende à
direita e é financiado pelo fundo eleitoral paralelo em que se constituíram as
emendas parlamentares. Grupo de equilíbrio precário.
O “líder maior” Tarcísio – definição de Nunes
– é subordinado ao líder maior inelegível, Bolsonaro; de quem precisa tanto
quanto de Kassab. Gestão difícil. Não à toa acarinha frequentemente o
bolsonarismo. Foi o que fez, urnas ainda abertas, ao instrumentalizar a
condição de governador para divulgar – sem apresentar provas – o que seria
“salve” do PCC pela candidatura de Boulos.
Barbaridades assim podem não ser suficientes.
Porque há desconfianças, no bolsonarismo, sobre o bolsonarista – ele estaria
mais para direita Valdemar – Tarcísio. Que precisará também de sorte. Para que
não lhe apareça um desafiante à moda Marçal, agente que denuncia a associação a
Kassab, afrouxa o controle da família Bolsonaro sobre o rebanho e faz se
insinuar um bolsonarismo sem Bolsonaro. Que vencedor não foi em 24. As vitórias
do ex-presidente estando contidas no êxito da direita Valdemar.
Bolsonaro está contido na direita Valdemar. O
bolsonarismo, desconfortável com isso. O sangue da inelegibilidade do mito está
na água e os nikolas farejam. Bolsonaro reage aos ensaios de autonomia
demarcando território e se apregoando como o candidato da direita em 26.
Candidato que não será. Candidato – candidatos – que haverá.
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