O Globo
Lavagem cerebral levou um fanático a se
explodir em frente ao STF. É a sina dos militantes extremados
Foram dois golpes no período de apenas nove
dias. O primeiro fez “tchan” em 27/10, com a consumação da derrota nas eleições
municipais. O segundo fez “tchum” em 5/11, na recondução triunfal de Trump à
Casa Branca. E... “tchan tchan tchan tchan!”. O movimento woke completou
com sucesso seu projeto de harmonização facial da esquerda (a brasileira, a
americana), deixando-a desfigurada e (espera-se) com vergonha de se olhar no
espelho.
Para onde terá refluído a maré virtuosa que arrastou multidões na marcha pelos direitos civis, em 1963, com Martin Luther King compartilhando seu sonho de que “os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes de donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade”? Ou a que lotou a Praça da Sé e tantas outras do Brasil, em 1984, exigindo o voto direto para presidente e o retorno pleno à democracia?
No lugar da nação em que ninguém fosse
julgado pela cor da pele, mas pelo caráter, encontramos, decorridos 60 anos, a
pátria do identitarismo — onde brancos e pretos não se irmanaram, mas foram
pulverizados conforme gênero, religião, idade, classe social, orientação
sexual, origem geográfica, deficiências psicomotoras, índice de massa corporal,
aderência a padrões estéticos, uso de flexões gramaticais etc.
Quarenta anos depois das “Diretas Já” —
quando partilharam o mesmo palanque Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Miguel
Arraes, Pedro Simon, Dante de Oliveira, Roberto Freire, Sobral Pinto, Tancredo
Neves, Franco Montoro, Mário Covas, Fernando
Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da
Silva — pelo menos metade destes seria chamada de fascista pelos que hoje
governam o país.
A esquerda errou na mão (as coisas são mais
fáceis na teorização). Não tinha como dar certo a presunção de que todas as
“minorias oprimidas” (pretos, pobres, mulheres, indígenas, homossexuais,
transexuais, imigrantes, desempregados, subempregados, assalariados) seriam,
por direito divino, sua reserva de mercado. Que hostilizar o “pobre de direita”
(= pobre que quer deixar de ser pobre) conquistaria sua simpatia — e seu voto
—, assim como de quem cultiva os recursos do idioma (= “opressor linguístico”),
do gordo que resolve emagrecer, do liberal, do moderado (= isentão), do crente.
São Paulo (que já elegeu um negro, uma
feminista e uma nordestina como prefeitos) optou por entregar sua administração
a um empresário de direita, não a um defensor de invasões. Os Estados
Unidos (“land of the free”) preferiram um misógino, xenófobo,
negacionista, belicoso e arrogante a mais quatro anos de patrulha cultural (não
é só a economia, estúpido). Teriam, possivelmente, votado numa afrodescendente
conservadora e rejeitado um homem branco (ou laranja) com veleidades woke.
A mesma lavagem cerebral que faz
progressistas protestar contra a morte de civis em Gaza e ignorar os
ataques a judeus (em Israel, na América, na
Europa) ou a violação dos direitos das mulheres (no Irã, no Afeganistão,
na Rússia)
levou um fanático a se explodir em frente ao STF.
Além do crânio e do carro, ele destruiu também a estapafúrdia proposta de
anistia aos vândalos de 8 de janeiro.
É a sina dos militantes extremados, sejam
eles despertos, insones ou sonâmbulos: jogar fora o bebê, a babá, a bacia e a
água do banho.
3 comentários:
Daqui pra frente tudo será diferente para o bem do mundo democrático livre ocidental
A esquerda perdeu o bonde da história
O mundo Woke fez uma desarmonizacao facial na esquerda que a tornou irreconhecível e intragável para a população comum
Graças a Deus!!
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