O Globo
Primeira semana de julgamento só deu más
notícias a Bolsonaro; advogados de generais lançaram capitão ao mar
A primeira semana de julgamento no Supremo
trouxe más notícias para Jair Bolsonaro. Na terça-feira, o ministro Alexandre
de Moraes indicou que vai pesar a mão nas condenações pela trama golpista. Na
quarta, os advogados de dois generais jogaram o capitão ao mar.
Moraes abriu os trabalhos com a leitura do relatório. O ministro resumiu as principais teses da acusação e das defesas. Antes, ressaltou a dimensão histórica do processo, que atrai os olhos do mundo para o Brasil.
“O país e a Suprema Corte só têm a lamentar
que na história republicana brasileira se tenha novamente tentado um golpe de
Estado, atentando-se contra as instituições e a própria democracia,
pretendendo-se a instalação de um estado de exceção e uma verdadeira ditadura”,
afirmou
A frase mostra que Moraes não tem dúvidas
sobre o que se tramou entre a derrota de Bolsonaro nas urnas e o ataque
coordenado às sedes dos três Poderes. Antes que alguém o acuse de fazer
pré-julgamento, o ministro citou a fonte. Quem atestou que houve tentativa de
golpe foi o próprio Supremo, que já condenou 683 participantes da intentona de
8 de janeiro de 2023.
Depois do relator, falou o procurador-geral
da República. Paulo Gonet acusou o ex-presidente de comandar um “plano
progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas”. Listou
manuscritos, gravações e mensagens que provam a conspiração para impedir a
alternância de poder.
Por último, o tribunal passou a ouvir os
advogados dos oito réus. No esforço para salvar os clientes, dois deles
complicaram o ex-presidente. Matheus Milanez, defensor de Augusto Heleno,
alegou que o general seria inocente por ter se distanciado de Bolsonaro no fim
do governo. Portanto, ele estaria longe da trama contra a sucessão.
Andrew Fernandes Farias, advogado de Paulo
Sérgio Nogueira, foi ainda mais contundente. Disse que o general teria tentado
“demover” o chefe de adotar “qualquer medida de exceção” para se perpetuar no
poder.
O julgamento será retomado na próxima terça
com o voto de Moraes. Pelo desespero para aprovar uma anistia a toque de caixa,
o bolsonarismo já entendeu que está na hora do Jair.
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