sábado, 27 de setembro de 2025

Vitórias de Lula duram até 2026? Por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Presidente se beneficia de erros cometidos pela direita bolsonarista e pelo centrão

Eleitores que não se alinham nem ao PT nem a Bolsonaro deverão mais uma vez definir o pleito

Animado por sua proverbial boa sorte, Lula acumula vitórias recentes que dão fôlego à sua candidatura reeleitoral. As boas notícias para os petistas resultam de uma combinação de erros da direita bolsonarista (as trapalhadas de Dudu em Washington) e do centrão (a PEC da Blindagem) com alguns acertos da gestão.

Lula parou de imprecar contra o BC, apesar do juro ainda estratosférico, e, mais importante, como mostrou reportagem do Estado de S. Paulo, manteve discretas conversações com o governo Trump. É possível que a "química" entre os dois presidentes produza em breve algum tipo de alívio nas sanções comerciais.

O problema de Lula é que a eleição é só no ano que vem e não há garantia de que o cenário favorável se prolongará até lá.

No plano macro, a situação política segue mais ou menos inalterada. Cristalizou-se a divisão da sociedade brasileira em dois grandes blocos, um mais simpático ao atual mandatário e outro marcadamente antipetista. Por mais reveses que o bolsonarismo ainda venha a sofrer, não me parece que esse equilíbrio relativo de forças possa ser rompido nos meses vindouros.

Isso significa que a próxima disputa provavelmente será mais uma vez apertada, cabendo a eleitores moderados, que não abraçam automaticamente nenhum dos grandes blocos, definir a contenda em segundo turno.

Temos aí um interessante paradoxo. A ala dos cidadãos que carrega o poder de dar a palavra final não tem força política para fazer com que um candidato que reflita suas preferências passe para a etapa final. Mas já estou fugindo do tema.

A consolidar-se esse cenário, questões econômicas serão um elemento importante para determinar para qual lado penderão os moderados. Inflação é a variável-chave, como vimos em processos eleitorais de outros países.

Pelas projeções, Lula não tem nenhuma encrenca já contratada à sua frente, mas, dada a fragilidade fiscal do país, caminha sobre terreno pantanoso. Um erro ou um lance de azar poderão minar suas pretensões.

 

 

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