Folha de S. Paulo
Presidente se beneficia de erros cometidos
pela direita bolsonarista e pelo centrão
Eleitores que não se alinham nem ao PT nem a
Bolsonaro deverão mais uma vez definir o pleito
Animado por sua proverbial boa sorte, Lula acumula
vitórias recentes que dão fôlego à sua candidatura reeleitoral. As boas
notícias para os petistas resultam de uma combinação de erros da direita
bolsonarista (as
trapalhadas de Dudu em Washington) e do centrão (a PEC da
Blindagem) com alguns acertos da gestão.
Lula parou de imprecar contra o BC, apesar do juro ainda estratosférico, e, mais importante, como mostrou reportagem do Estado de S. Paulo, manteve discretas conversações com o governo Trump. É possível que a "química" entre os dois presidentes produza em breve algum tipo de alívio nas sanções comerciais.
O problema de Lula é que a eleição é só no
ano que vem e não há garantia de que o cenário favorável se prolongará até lá.
No plano macro, a situação política segue
mais ou menos inalterada. Cristalizou-se a divisão da sociedade brasileira em
dois grandes blocos, um mais simpático ao atual mandatário e outro marcadamente
antipetista. Por mais reveses que o bolsonarismo ainda venha a sofrer, não me
parece que esse equilíbrio relativo de forças possa ser rompido nos meses
vindouros.
Isso significa que a próxima disputa
provavelmente será mais uma vez apertada, cabendo a eleitores moderados, que
não abraçam automaticamente nenhum dos grandes blocos, definir a contenda em
segundo turno.
Temos aí um interessante paradoxo. A ala dos
cidadãos que carrega o poder de dar a palavra final não tem força política para
fazer com que um candidato que reflita suas preferências passe para a etapa
final. Mas já estou fugindo do tema.
A consolidar-se esse cenário, questões
econômicas serão um elemento importante para determinar para qual lado penderão
os moderados. Inflação é a variável-chave, como vimos em processos eleitorais
de outros países.
Pelas projeções, Lula não tem nenhuma
encrenca já contratada à sua frente, mas, dada a fragilidade
fiscal do país, caminha sobre terreno pantanoso. Um erro ou um lance
de azar poderão minar suas pretensões.
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