Fabíola Salvador, José Maria Tomazela, Ricardo Rodrigues, Angela Lacerda e Evandro Fadel
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Protesto reúne 6,5 mil militantes; CNJ terá fórum para questões agrárias
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Protesto reúne 6,5 mil militantes; CNJ terá fórum para questões agrárias
O grupo de sem-terra Via Campesina promoveu ontem uma série de ações em oito Estados e no Distrito Federal, com 6,5 mil militantes, a maioria mulheres. Elas invadiram o Ministério da Agricultura, em Brasília, e um escritório do Instituto de Terras de São Paulo, em Presidente Prudente, além de fazendas, uma usina e duas empresas de celulose. O protesto, que aproveitou o Dia Internacional da Mulher, era contra o agronegócio, a falta de recursos para a agricultura familiar e o atraso na reforma agrária.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, anunciou um fórum no Conselho Nacional de Justiça para acompanhar as ações sobre reforma agrária. Ainda ontem, a Justiça bloqueou os bens de entidade que dá fachada ao MST, suspeita de desviar verba federal para alfabetização.
Ação reúne pelo menos 6,5 mil ativistas
No DF alvo foi pasta da Agricultura, e não Desenvolvimento Agrário
Em ação que surpreendeu o Ministério da Agricultura, seguranças e a Polícia Militar, centenas de mulheres sem-terra ligadas à Via Campesina ocuparam ontem o andar térreo da pasta, em Brasília. Elas aproveitaram o Dia Internacional da Mulher, comemorado na véspera, para mobilização em vários Estados, disse Itelvina Masioli, coordenadora nacional da Via Campesina. De fato, o balanço mostra que pelo menos 6,5 mil sem-terra participaram de ações ontem em 8 Estados e no Distrito Federal.
O protesto em Brasília foi contra a falta de recursos para a safra da agricultura familiar, o modelo de exportação de commodities agrícolas e para denunciar a lentidão na reforma agrária. O Ministério do Desenvolvimento Agrário, cujo prédio fica a poucos metros do local invadido, não foi importunado.
Vindas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás, Minas e do entorno do Distrito Federal, as manifestantes chegaram em ônibus por volta das 7h30. Segundo a Via Campesina, 600 mulheres e crianças participaram da ofensiva em Brasília. A Polícia Militar estima em 400 o número de manifestantes.
Na confusão, um segurança saiu levemente ferido e duas portas de vidro foram quebradas. O ministro Reinhold Stephanes amenizou o episódio. "O movimento chegou, mostrou suas reivindicações e não interrompeu as atividades do ministério", avaliou Stephanes.
PONTAL
Cerca de 200 mulheres ocuparam ontem a frente do escritório regional do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) em Presidente Prudente, no Pontal do Paranapanema. A ação foi liderada por Deolinda Alves de Souza, mulher do líder dissidente do MST José Rainha Júnior.
Foi entregue um manifesto pedindo a transferência do comando da reforma agrária no Estado para o Incra. "O Itesp deve continuar dando assistência técnica aos assentamentos, mas a arrecadação de terras deve ser feita pelo Incra, pois é de lá que sai o dinheiro", disse Deolinda.
Em Alagoas, 1,5 mil sem-terra ocuparam a fazenda Campo Verde, do ex-deputado João Lyra (PTB). Eles reivindicam a desapropriação da fazenda, no município de Branquinha, para fins da reforma agrária. Os sem-terra disseram que vão substituir a cultura da cana-de-açúcar pelo plantio de feijão e milho.
DETENÇÃO
Um integrante da direção do MST em Pernambuco, Charles Afonso de Souza, foi detido durante manifestação de mulheres na Usina Cruangi, no município de Aliança. Ele teria agredido o comandante da operação. Levado à delegacia, foi autuado por desacato e liberado em seguida. Segundo a PM, cerca de 60 mulheres participaram da manifestação.
No Paraná, 1,2 mil mulheres participaram de manifestações em Porecatu. De acordo com a PM, o protesto foi pacífico, sem incidentes.
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