Por André Guilherme Vieira e Letícia Casado - Valor Econômico
SÃO PAULO e BRASÍLIA - O pecuarista José Carlos Bumlai está negociando delação premiada com investigadores da Operação Lava-Jato, apurou o Valor. Preso desde novembro em Curitiba e processado por corrupção, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro, o empresário, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se reuniu com procuradores há cerca de duas semanas e foi indagado sobre a sua disposição em colaborar com a força-tarefa.
Caso faça a delação, Bumlai poderá esclarecer as suspeitas do Ministério Público Federal de que o ex-presidente Lula teria tomado conhecimento e dado "aprovação" à contratação do Grupo Schahin, sem licitação, para operação de navio-sonda da Petrobras. A contrapartida para tanto teria sido um empréstimo de R$ 12 milhões, contraído por Bumlai no banco Schahin. O pecuarista confessou ter destinado o dinheiro ao financiamento de caixa dois do PT. A confissão foi um agravante à situação criminal do empresário.
Outro ponto de interesse dos investigadores é o sítio em Atibaia (SP), que, segundo a Lava-Jato, pertence a Lula. O ex-presidente afirma que não é dono do imóvel. Uma frente da investigação apura se Bumlai intermediou pagamentos para aquisição do imóvel.
Bumlai negocia delação premiada há duas semanas
O pecuarista José Carlos Bumlai está negociando delação premiada com investigadores da Operação Lava-Jato, apurou o Valor. Preso desde novembro em Curitiba e processado por corrupção, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro, o empresário, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se reuniu com procuradores há cerca de duas semanas e foi indagado sobre a sua disposição em colaborar com a força-tarefa.
Na primeira reunião não se tratou de assuntos que Bumlai poderia delatar. Em pouco mais de 30 minutos, o pecuarista foi informado sobre o funcionamento de uma delação premiada. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, foram apresentados detalhes sobre o procedimento, que envolve o deslocamento para prestar esclarecimentos sobre fatos investigados sempre que considerado necessário pelos procuradores. Os advogados de Bumlai negam categoricamente que ele negocie delação. A lei estabelece confidencialidade até que a delação seja homologada pelo juiz.
Caso feche delação, Bumlai poderá esclarecer suspeitas da Polícia Federal (PF) de que o ex-presidente Lula teria tomado conhecimento e dado "aprovação" à contratação do Grupo Schahin, sem licitação, para operação de navio-sonda da Petrobras. A contrapartida para tanto teria sido um empréstimo de R$ 12 milhões, contraído por Bumlai no banco Schahin, e que o pecuarista já confessou ter sido destinado ao financiamento de caixa dois do PT. A confissão do crime à Polícia Federal (PF), no ano passado, foi um agravante à situação criminal do empresário.
Bumlai também poderia esclarecer, na avaliação de pessoas a par da investigação, detalhes de sua suposta intermediação junto ao ex-presidente Lula buscando a contratação da OSX pela Sete Brasil, empresa criada para a construção de 28 sondas fora do balanço da petrolífera. A negociação não deu certo, mas, segundo o Ministério Público Federal (MPF) o lobista Fernando Soares, o "Baiano", "adiantou, a título de comissão, cerca de R$ 2 milhões a José Carlos Bumlai". A destinação dada à suposta comissão não está clara.
Outro ponto de interesse dos investigadores é o sítio em Atibaia (SP), que, segundo a Lava-Jato, pertence a Lula. O ex-presidente afirma que não é dono do imóvel. Uma frente da investigação apura se Bumlai intermediou pagamentos para aquisição do imóvel na área rural da cidade, que teria Lula como real proprietário - ele nega ser o dono do sítio. De acordo com a Lava-Jato, "apurações apontam também para o fato de que o ex-presidente Lula, em 2010, adquiriu dois sítios em Atibaia mediante interpostas pessoas" no valor de R$ 1,5 milhão, pagos com dinheiro que teria origem no esquema de corrupção na Petrobras.
Bumlai foi preso em novembro, durante ações da 21ª fase da operação Lava-Jato, batizada de "Passe Livre" - menção explícita ao fato de o empresário contar com livre acesso ao gabinete do então presidente Lula.
O filho dele, Maurício Bumlai, também responde a processo penal por corrupção por suposto envolvimento em esquema fraudulento com a Schahin.
O nome de Maurício reapareceu na semana passada: a revista "Isto É" publicou que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) o implicou em delação premiada. Delcídio teria dito que pagou R$ 250 mil à família de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, por intermédio de Maurício Bumlai.
Ainda que tenha relutado em fazer delação, a menção ao filho deixou José Carlos Bumlai mais preocupado com o avanço da Lava-Jato sobre seus familiares.
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