• Presidente do Senado diz que Alexandre de Moraes extrapolou ao falar de operação: ‘Quem fala demais acaba dando bom dia a cavalo’
Ricardo Brito – O Estado de S. Paulo
/ BRASÍLIA O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu a atuação da Polícia Legislativa na Casa – subordinada diretamente a ele e alvo de uma operação da Polícia Federal – e criticou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, dizendo que ele “extrapolou” ao se pronunciar sobre o trabalho dos quatro servidores públicos presos acusados de tentar embaraçar a Lava Jato.
Mais cedo, Moraes disse que os policiais legislativos presos “extrapolaram o que seria de sua competência” e “realizaram uma série de atividades direcionadas à obstrução da Justiça”.
Ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Renan disse que o trabalho da Polícia do Senado não é da “competência” de Moraes por se tratar de um outro Poder e que ele deveria se informar antes de se pronunciar. “Quem fala demais acaba dando bom dia a cavalo”, alfinetou o senador, que é um dos investigados pela Lava Jato.
Mais cedo, em nota, disse que as instituições “devem guardar os limites de suas atribuições legais”. “Valores absolutos e sagrados do Estado democrático de direito, como a independência dos poderes, as garantias individuais e coletivas, liberdade de expressão e a presunção da inocência precisam ser reiterados.”
Alertado às 7 horas da manhã por auxiliares da ação da PF, Renan orientou a elaboração da nota, em que defendeu a legalidade da realização das varreduras. O presidente do Senado, que está em Alagoas, recebeu telefonemas do presidente Michel Temer e do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, preocupados com os desdobramentos que a ação da PF pode ter às vésperas da chegada ao Senado da PEC do Teto, principal proposta do Executivo no Congresso neste ano.
Governo. No governo, interlocutores de Temer demonstram preocupação com declarações de Moraes que causam “mal-estar”.
Geddel Vieira Lima disse que a busca e apreensão nas dependências do Senado precisam ser “muito bem explicadas” à sociedade. “Não se pode deixar de ter cautela quando um assunto assim pode ser interpretado como confronto entre instituições republicanas, especialmente neste momento em que vivemos”, afirmou Geddel. “É necessário que se cobre transparência para preservar a necessária independência entre os Poderes, mas com absoluto respeito, para que a democracia avance.” / COLABOROU VERA ROS
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