• Auxiliares de Temer admitem que as delações podem implicar pessoas próximas ao presidente
Júnia Gama e Simone Iglesias - O Globo
-BRASÍLIA- A informação de que executivos da Odebrecht começaram a assinar ontem acordos de delação premiada deixou o mundo político ainda mais apreensivo. No Congresso, poucos foram os parlamentares que quiseram comentar o tema. No Palácio do Planalto, o discurso era de que o presidente Michel Temer está tranquilo e que o melhor para o governo é que as delações sejam finalmente divulgadas, para que se retire a sombra da dúvida que paira sobre Brasília. Mas, nos bastidores, auxiliares de Temer admitem que as delações podem implicar pessoas próximas ao presidente, o que pode trazer instabilidade para seu governo.
O clima ontem era de expectativa sobre qual será o conteúdo das delações. A ordem é aguardar detalhes antes de falar do tema.
— Se for o que já saiu, Temer já disse que foi doação oficial, nada irregular. Vamos esperar para ver o que vai sair. Não dá para sofrer por antecipação — disse um assessor do Planalto.
O líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que é investigado na Lava-Jato, disse que o Palácio do Planalto não teme as delações e que o melhor é que as investigações andem de forma “célere”.
— É bom que (a delação) saia logo. O governo Temer não pode se pautar por um processo de delação, nem pela Lava-Jato — pontuou.
Um deputado, também investigado pela LavaJato, disse que a delação da Odebrecht preocupa “a nata dos partidos e do Senado”. Os parlamentares do baixo clero, afirmou, não receberam recursos da empreiteira, porque o dinheiro ficou concentrado nas maiores campanhas.
Para um deputado novato, só restarão parlamentares de primeiro mandato após essas delações, pois esses não receberam doações da Odebrecht. Um senador petista disse acreditar que a artilharia contra o ex-presidente Lula já se esgotou e que a delação mostrará situações bem mais graves cometidas por políticos de outros partidos. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) demonstrou irritação quando perguntada se acreditava que os acordos podem afetar ainda mais o ex-presidente Lula.
— Não sei, não tenho bola de cristal para saber isso.
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