-Folha de S. Paulo
À espera do terremoto da Odebrecht, que pode ter início nesta segunda-feira (13), o presidente Michel Temer lança mão das estratégias para sobreviver até 2018.
A primeira delas é tentar mostrar que o governo não vai parar com a revelação das delações que atingem o coração do PMDB e gabinetes de alto escalão do Palácio do Planalto.
Na semana passada, em meio à expectativa da divulgação da lista de investigados, Temer foi à Paraíba visitar obras da transposição do rio São Francisco. E outras viagens estão previstas por ele no curto prazo.
Ao mesmo tempo, o presidente busca um diálogo tête-à-tête com a imprensa. Tem dado entrevistas e conversado com os jornalistas que cobrem o seu governo diariamente.
Outro passo está no Congresso. Extremamente impopular do lado de fora, Temer aposta na maioria ampla de sua base aliada para garantir a aprovação de reformas essenciais, como a da Previdência.
Mesmo que a proposta venha a ser alterada em pontos relevantes, o que vale para o Planalto é aprová-la.
A Fazenda é mais uma trincheira. O pesadelo da Odebrecht e o processo de cassação da chapa Dilma-Temer não causam, por ora, desconforto à rotina de Henrique Meirelles.
Ao contrário do fogo amigo disparado contra Joaquim Levy no governo Dilma, Meirelles trabalha sem que o Planalto meta o bedelho —até porque quem poderia fazê-lo, Eliseu Padilha, alvo de delatores, está com um pé fora do governo.
A aposta nos bastidores em Brasília é que dificilmente a chapa Dilma-Temer será cassada, apesar do voto neste sentido que deve ser dado pelo relator, Herman Benjamin (TSE).
Se a estratégia der certo, Temer chegará ao fim de 2018 impopular, talvez um tanto isolado, mas celebrando uma economia com sinais de fôlego e as reformas aprovadas.
Um balanço positivo para quem terá governado com o apoio de protagonistas dos capítulos policiais mais constrangedores da Lava Jato.
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