- Folha de S. Paulo
Cerco mostra que suspeitas continuam assombrando presidente e inviabilizam reeleição
Michel Temer diz não ter “nenhuma preocupação” com a quebra de seu sigilo bancário, mas a recente decisão do ministro Luís Roberto Barroso tem efeitos políticos que praticamente inviabilizam os duvidosos planos de lançar o presidente à reeleição este ano.
O cerco em torno de Temer revela que as acusações de corrupção que rondaram seu governo e ameaçaram derrubá-lo ao longo de 2017 devem assombrar o presidente de maneira ainda mais intensa em 2018.
Por mais que Temer reaja com vigor às suspeitas, alguns de seus aliados reconhecem o baque provocado pelas três pancadas que o presidente sofreu na última semana.
Em menos de sete dias, o inquérito que apura irregularidades no setor portuário ganhou sobrevida, o STF incluiu seu nome em uma investigação sobre repasses da Odebrecht ao MDB e Barroso autorizou o acesso a sua movimentação financeira.
É improvável que esses fatos produzam efeitos que tirem Temer do jogo definitivamente, mas indicam que as baterias dos órgãos de investigação e de figuras-chave do Judiciário estão voltadas contra ele.
Um Temer candidato seria obrigado a responder diariamente a novas revelações desses casos e sofreria ataque constante de rivais ávidos por usar o presidente mais impopular em décadas como uma escada em que subiriam para ganhar projeção.
O cenário fortaleceu dirigentes do MDB que defendem a filiação deHenrique Meirelles (Fazenda) à sigla para disputar o Palácio do Planalto. O ministro não tem garantias de que o partido vai mesmo lançá-lo, mas recebeu sinais de que poderá se comportar como candidato após deixar o governo, em abril.
Parece banal, mas o acordo prevê que Meirelles teria a robusta estrutura do MDB à sua disposição para fazer contatos políticos nos próximos meses. Enquanto finge-se que Temer cogita uma candidatura, o ministro pode ganhar corpo para entrar em campo quando chegar a hora.
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