Cristiane Agostine | Valor Econômico
SÃO PAULO - A decisão do PT do Ceará de não ter candidato ao Senado para facilitar a reeleição do senador Eunício Oliveira (MDB) gerou uma crise dentro do comando nacional do partido e no diretório estadual da legenda. Em articulação do governador e pré-candidato à reeleição, Camilo Santana (PT), a sigla rifou o senador petista José Pimentel, que disputaria um novo mandato, em nome de uma aliança com MDB.
A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), reagiu ontem à decisão do diretório cearense e afirmou, pelo Twitter, que o partido "não apoiou nem apoiará" Eunício. Integrante do núcleo político que tem articulado alianças eleitorais e a pré-campanha presidencial petista, o ex-presidente da sigla Ricardo Berzoini atacou a articulação do PT-CE. "A decisão do PT do Ceará rifando um senador petista para apoiar o golpista Eunício é o triunfo da burocracia clientelista", escreveu Berzoini no Facebook.
No sábado, o diretório do Ceará decidiu em convenção que não terá candidato ao Senado, apesar da pressão feita por petistas para manter a vaga de Pimentel. Sob influência do governador, o partido trabalha com dois cenários que são favoráveis ao senador do MDB: um é de lançar apenas um candidato ao Senado, o ex-governador Cid Gomes (PDT), irmão do presidenciável Ciro Gomes (PDT). O outro é lançar a chapa com Cid e o próprio Eunício, presidente do Senado. Para o comando do diretório, Pimentel poderia atrapalhar a reeleição do emedebista.
O senador petista lamentou a decisão e disse que essa articulação enfraquece a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva - ou de outro nome petista, se o ex-presidente não puder ser candidato. Ao priorizar uma aliança com o MDB, Pimentel disse, em nota, que o PT permite o "fortalecimento dos setores que hoje atacam as conquistas sociais, retirando direitos de quem mais precisa". "As consequências dessa decisão serão históricas e percebidas a partir de 2019".
Assim como Pimentel, militantes no Estado reclamam da aliança com Eunício, que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e têm a expectativa de que o comando nacional do PT vete o acordo com Eunício até a convenção nacional petista, no sábado.
O governador, no entanto, tem dito que é natural apoiar Eunício. Santana terá a maior coligação do Estado, com 24 partidos, incluindo o MDB, PR, PRB e SD. Em sintonia com o petista desde o fim de 2017, o senador do MDB ajudou Santana a construir essa ampla aliança.
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