- O Globo
Milionário e aposentado, Henrique Meirelles prepara sua maior aposta, a candidatura presidencial pelo MDB. O investimento pessoal previsto é de R$ 35 milhões, mas pode dobrar na campanha, hoje aprisionada na lanterna das pesquisas.
Meirelles é um tipo anfíbio na política. Atravessou os governos Lula (Banco Central), Dilma Rousseff (Conselho Olímpico) e chegou à Fazenda de Michel Temer por influência do amigo empresário Joesley Batista, do grupo J&F (antigo JBS).
Aos 72 anos, Meirelles foi adotado pelo MDB, cuja fonte de oxigênio é o governo, não importa qual seja. O partido representa, na foto do dia, a antítese da renovação na política: agrupa oligarquias sob lideranças com idade média de 70 anos. Seu elixir da longevidade está no controle do Congresso. Para mantê-lo, encontrou um candidato presidencial disposto a gastar o próprio dinheiro, liberando R$ 234 milhões do fundo público para reeleição de 18 senadores e 51 deputados.
A relação do MDB com o poder e os cofres públicos é única. Tem como raiz a hegemonia nas emendas aos projetos governamentais na Câmara e no Senado. Símbolo desse domínio é Romero Jucá, presidente do partido, pernambucano de 63 anos com dois terços de vida enriquecida na dedicação a governos.
Senador há 24 anos, se tornou uma espécie de relator-geral da República, decidindo 907 propostas legislativas, média de 37 por ano, ou uma a cada dez dias. Já determinou o conteúdo de 62 emendas à Constituição, 73 medidas provisórias e 413 projetos, incluindo a atual lei eleitoral. Essa é a fonte do poder de barganha do seu MDB com governos e empresas ansiosas por privilégios.
Com Temer, Moreira Franco e Eliseu Padilha, chancelou a candidatura de Meirelles e coordena a ofensiva do MDB para continuar com a maior bancada do Congresso. Jucá era Caju na lista de codinomes do departamento de subornos da Odebrecht. Coleciona meia dúzia de inquéritos, metade na Lava-Jato. Agora, planeja uma reforma da Carta, para estancar a sangria nacional.
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