Por André Ramalho | Valor Econômico
RIO - O DEM confirmou ontem o lançamento da candidatura do ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM) a governador do Estado. Durante a convenção, na sede do partido, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, Paes adotou um tom conciliatório com políticos de diversos partidos e esferas de governo - do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) ao prefeito do Rio Marcelo Crivella (PRB) - e fez afagos ao vereador Cesar Maia (DEM), a quem sucedeu na prefeitura e do qual era desafeto desde a campanha municipal de 2008. A cerimônia marcou a aproximação pública entre os dois. Cesar Maia será candidato ao Senado da ampla coligação que está sendo montada por Paes. "Se há 20 anos [na disputa de 1998], o Cesar Maia tivesse vencido a eleição para o governo do Estado, estaríamos vivendo outro momento fiscal do Rio", discursou. Ao Valor, Cesar Maia disse que o apoio a Paes será pragmático e que as rusgas fazem parte do passado.
Paes afirmou que o maior desafio, se eleito, será "arrumar a casa" da gestão do Estado. No pronunciamento, evitou tocar em assuntos como corrupção e Lava-Jato, mas ao ser questionado por jornalistas sobre sua ligação política com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), preso na Operação Lava-Jato, disse que não responde pelos atos de seu ex-aliado. O ex-prefeito se desfiliou do MDB neste ano e migrou para o DEM - a convite do filho de Cesar, Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados e do diretório estadual - para desvincular sua imagem do grupo de Cabral.
"Eu respondo pelos meus atos, meu CPF é outro. Fui prefeito do Rio por oito anos, a população sabe como governo. Sempre fiz alianças, me dei com os partidos, e nem sou a pessoa mais partidária do mundo… Meu compromisso é com a população, eu respondo pelos meus atos à frente da Prefeitura do Rio", disse Paes, que chegou ao auditório ao som do hit "Mal Acostumado", da banda Araketu.
O ex-prefeito afirmou que uma de suas principais bandeiras será a segurança pública, área sob intervenção federal. "Precisamos recuperar o direito de ir e vir, reassumir a segurança pública. Não tem essa de ser a favor ou contra [a intervenção]. Era uma necessidade", disse.
Paes afirmou que o governo estadual precisa de capacidade de gestão, mas também de articulação política. Mencionou o prefeito Marcelo Crivella, com quem disse que "andará de mãos dadas". Crivella, que se elegeu em oposição a Paes e sobreviveu a um processo de impeachment na Câmara Municipal neste mês, é do PRB, partido que tende a apoiar a candidatura do ex-governador Anthony Garotinho (PRP). Quem tem liderado as pesquisas é o senador Romário (Podemos).
"No dia seguinte à minha eleição, vou governar junto com o Marcelo Crivella e os demais prefeitos. [Crivella] foi eleito, não com meu apoio nem com o meu voto, mas é o prefeito do Rio. Vou governar junto com o presidente da República. Se for o Bolsonaro, vou de Bolsonaro. No extremo, se for eleito o [Guilherme] Boulos [PSOL], eu vou de Boulos", comentou. Com a confirmação do apoio do PSDB à sua candidatura - que está "encaminhado" segundo informou ao Valor o deputado federal Otavio Leite, presidente do diretório regional tucano - Paes dará palanque estadual para a campanha do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin à Presidência. A aliança incluirá ainda o próprio e desgastado MDB, cujo candidato ao Planalto é o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Líder nacional do DEM, Rodrigo Maia disse que a sigla manterá algumas candidaturas próprias a governador, em Estados com presença tucana, mesmo com o apoio a Alckmin. Citou Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, onde o DEM pretende lançar o deputado Rodrigo Pacheco. "Vamos ter candidato de qualquer jeito, não abrimos mão", disse. (Colaborou Cristian Klein)
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