Anúncio foi feito ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e de seu pai, o vereador do Rio, Cesar Maia (DEM), em um prédio comercial na Barra da Tijuca, zona oeste da capital
Constança Rezende | O Estado de S.Paulo
RIO – Sem mencionar a Lava Jato ou a corrupção no estado, o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), lançou-se candidato ao governo do Rio, na manhã deste domingo, 29. O anúncio foi feito ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), e de seu pai, o vereador do Rio, Cesar Maia (DEM), em um prédio comercial na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Paes foi o último a falar e, em seu discurso, enfatizou as crises na economia e na segurança que atingem o estado, mas não falou da corrupção e da Operação da Lava Jato Fluminense, que prendeu três governadores do estado, Anthony Garotinho (PRP), Rosinha Garotinho e o seu ex-aliado e ex-colega de partido, Sérgio Cabral (MDB).
O ex-prefeito do Rio preferiu ocupar a maior parte de seu discurso fazendo elogios à família Maia, da qual estava rompido e se reaproximou depois que se filiou ao DEM para se candidatar ao governo. Ele destacou o acordo de recuperação fiscal do estado obtido em Brasília, do qual Maia teve influência.
"Rodrigo teve um papel fundamental nos últimos tempos, no Brasil, e no Rio. Se não tivéssemos ele, estaríamos em uma situação pior do que a que vivemos hoje. Não estaríamos conseguindo pagar o salário dos servidores. Rodrigo é o senhor estabilidade", exaltou.
Já o presidente da Câmara disse que aliança com Paes tem o objetivo de "refundar o estado do Rio". "O estado não parou graças ao trabalho articulado pela nossa bancada no projeto de recuperação fiscal. Não acho que a situação do estado é tranquila. Temos um déficit previdenciário muito grande. Precisamos de um gestor de qualidade e de pessoas que já mostraram, por onde passaram, que têm experiência e capacidade", disse, referindo-se ao ex-prefeito do Rio.
'Respondo pelos meus atos, meu CPF é outro', diz Paes sobre MDB do Rio
O ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), procurou desvincular-se de seu ex-partido, o MDB, durante o lançamento de sua candidatura ao governo do Rio. Ao ser questionado por jornalistas o motivo pelo qual não ter mencionado o tema da corrupção, nem os políticos do MDB presos pela Lava Jato, em seu discurso, Paes disse que responde pelos seus atos.
O ex-prefeito disse que trata do que é o seu procedimento dentro da vida pública e que sempre buscou agir com correção em suas ações. “Eu respondo pelos meus atos, meu CPF é outro. Eu sempre fiz alianças, sempre me dei com partidos. Mas meu compromisso é com a população. Eu respondo pelos meus atos como indivíduo, como homem público, e na Prefeitura do Rio”, disse.
Paes admitiu que a prisão de seu ex-aliado, o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), contribuiu para a crise do estado, mas não citou o desvio de recursos públicos, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF). “É obvio que, quando você tem uma perda de liderança, de comando, e isso vinha acontecendo há muito tempo, estimula a crise que a gente vive”, afirmou.
Paes também justificou, na entrevista para imprensa, que a corrupção é um tema que deve ser premissa de qualquer governo, mas culpou os órgãos de controle público. “A gente precisa rediscutir o tema do sistema de controle brasileiro que tem se mostrado extremamente ineficaz. Os controles formais de governo não tem dado conta desse desafio”, disse.
Maia afirma que Paes e Sérgio Cabral têm 'formas distintas'
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), disse que Eduardo Paes (DEM) e o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB), têm "formas distintas" de governar.
"Sergio Cabral é uma pessoa, Eduardo Paes é outra. Eles foram aliados políticos, mas um governou o estado e o outro a Prefeitura e, pelo que a gente tá vendo, as formas são distintas. Isso que a gente precisa deixar com muita clareza", disse.
Maia acrescentou que, apesar da aliança com o MDB na chapa estadual, o candidato a vice não virá desse partido. "Aqueles que vão aderir à nossa candidatura sabem que o estado do Rio precisa ser refundado e, se quiserem participar, será nessas condições", afirmou.
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