Aumento do número de tratores, maior emprego de defensivos e insumos, crescimento de mais de 50% no número de estabelecimentos que utilizam irrigação e notável busca de acesso à internet (aumento de 1.790% no total de produtores que utilizam a rede mundial de computadores) estão entre as mudanças no campo que explicam o espetacular crescimento da produção agropecuária nos últimos anos mesmo com um aumento muito mais modesto da área cultivada e a redução da mão de obra empregada. Dados preliminares do Censo Agropecuário 2017 que acabam de ser divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam que se produz proporcionalmente muito mais por área plantada e por trabalhador empregado. São esses avanços que asseguram posições cada vez mais destacadas do Brasil na produção e no comércio mundial de produtos agropecuários e saldos comerciais expressivos para o País.
O Censo identificou até agora 5.072.152 estabelecimentos agropecuários no País. Eles ocupam uma área de 350,25 milhões de hectares, extensão 5% maior do que a ocupada em 2006, quando foi realizado o censo anterior. Isso significa que a área destinada à agropecuária avançou 16,57 milhões de hectares no período, o que corresponde aos territórios de Portugal, Bélgica e Dinamarca somados.
Da área total desses estabelecimentos – que corresponde a 41% do território nacional –, 63,37 milhões de hectares eram utilizados para lavouras permanentes ou temporárias, com aumento de apenas 3% em relação à área utilizada por essas culturas em 2006. Nesse período, a produção de grãos calculada pelo IBGE saltou de 117,2 milhões para 240,6 milhões de toneladas, com aumento de mais de 100%.
A geração de inovações tecnológicas, a utilização de métodos de cultivo mais modernos, a disponibilidade de crédito no momento oportuno e em volume adequado, a presença da assistência técnica nas diversas etapas do cultivo, bem como o acesso à informação, que propicia o conhecimento mais preciso do mercado, estão entre os componentes da grande transformação do modelo de gestão dos empreendimentos rurais que assegura ganhos excepcionais de produção e produtividade.
Alguns dados do Censo Agropecuário mostram como essa transformação vem ocorrendo. Entre 2006 e 2017, o número de tratores empregados no campo cresceu 49,7%, chegando a 1,22 milhão de unidades utilizadas por 734 mil estabelecimentos. Adubos, defensivos e outros insumos químicos foram utilizados por 1,68 milhão de produtores, número 20% maior do que o constatado na pesquisa de 2006.
Exponencial foi o aumento do número de estabelecimentos agropecuários com acesso à internet (de quase 2.000%). É verdade que a base de comparação é muito baixa (75 mil estabelecimentos), pois, quando da realização do censo anterior, o uso da rede ainda era relativamente restrito. Mas, no ano passado, 1,43 milhão de estabelecimentos (ou 28% do total) disseram utilizar a internet, que lhes assegura acesso às informações disponíveis sobre técnicas, produtos e, sobretudo, condições de mercado.
Como em outras atividades produtivas, a utilização mais intensa de tecnologia vem reduzindo a demanda por mão de obra. No ano passado, havia 15 milhões de pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecuários, o que significa que, em 11 anos, 1,5 milhão de pessoas – produtores, seus parentes, trabalhadores permanentes e temporários – saíram da atividade agropecuária. Isso significa que, para cada trator comprado, 4 postos de trabalho foram extintos. É o custo social da mecanização, uma tendência observada em todo o mundo. A média de ocupados por estabelecimento caiu de 3,2 pessoas em 2006 para 3 pessoas no ano passado.
O Censo Agropecuário traz também informações sobre as características do produtor e dos estabelecimentos, a condição legal das terras e do trabalho e as características da produção. Aumentou, por exemplo, a proporção de mulheres entre dirigentes de estabelecimentos agropecuários: elas eram 12,68% do total em 2006 e passaram para 18,64% no ano passado. Mas havia no campo 587,8 mil trabalhadores com até 13 anos de idade.
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