- Folha de S. Paulo
Eleitores de centro e 'não petistas' escolhem lado na reta final
O movimento de ponteiros na reta final do segundo turno indica um ajuste sutil na posição do eleitorado de centro. Os números do Datafolha mostram que Fernando Haddad ganhou terreno em redutos típicos do PT, mas também tirou pontos de Jair Bolsonaro (PSL) entre os eleitores mais ricos e escolarizados.
Essa troca de votos, registrada pela nova pesquisa, pode ser um sinal de decisão nos grupos que ainda não haviam se comprometido com nenhum dos dois candidatos.
Embora Bolsonaro mantenha a liderança no segmento com curso superior completo, sua vantagem sobre Haddad caiu sete pontos. O candidato do PSL também domina com folga todas as faixas de renda acima de dois salários mínimos, mas perdeu espaço no topo da pirâmide.
A vantagem de Bolsonaro ainda é significativa e ele continua sendo o favorito para vencer a eleição. Só a próxima pesquisa, no sábado (27), pode apontar se a variação se transformará numa curva ou numa reta que levará o candidato ao Planalto.
O fato de Haddad ter conseguido crescer em fatias tradicionalmente avessas ao PT (nas quais sua rejeição ainda é alta) sugere que a aversão ao candidato do PSL empurra alguns “não petistas” para o outro lado. A taxa de eleitores que dizem não votar em Bolsonaro subiu em quase todos os segmentos.
Além disso, Haddad capturou na última semana mais uma fatia de eleitores que votaram em Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno. Na pesquisa anterior, 46% dos eleitores do pedetista diziam que votariam “com certeza” no candidato do PT. Agora, essa proporção é de 55%.
Bolsonaro manteve força em segmentos que provavelmente enxergam nele a única alternativa da disputa —em especial os evangélicos. Neste grupo, o deputado do PSL oscilou para baixo, mas manteve vantagem sobre o petista (59% a 26%).
À medida que o relógio corre, eleitores que não queriam nem um nem outro começam a balançar. O quadro só deve mudar se todos caírem para o mesmo lado.
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