Folha de S. Paulo
PT não tem força para competir, mas tem peso
para influir na eleição da Câmara
Vejam vocês como a política é mesmo aquela
nuvem do clichê: muda ao sabor dos ventos —e aqui já abusando do lugar-comum
porque é assim que a banda toca nesse ambiente cheio de chavões.
Até outro dia a presidência da Câmara dos Deputados era uma questão a ser resolvida por obra exclusiva da vontade do deputado Arthur Lira (PP-AL), que, não se duvidava, faria o sucessor. O PT, a despeito de ocupar o posto máximo da República, estava fora do jogo.
Minoritário na correlação de forças internas
—e externas, se considerarmos o resultado do primeiro turno das eleições municipais—,
o partido em tese não teria cacife para influir na disputa, muito menos para
impor um nome como ocorreu no primeiro governo de Luiz Inácio da Silva.
Neste terceiro mandato estava Lula aparentemente
conformado à espera da composição das peças no tabuleiro desse xadrez (outra
vez o clichê), quando as coisas mudaram e o partido dele passou a ser
cortejado, visto como crucial para a decisão final.
Funciona mais ou menos como o centro
democrático nas eleições: não concorre, mas faz a diferença no resultado.
Embora não tenha força para competir, o PT tem a Presidência da República e
pouco mais de 100 deputados sob sua área de influência.
Num cenário em que o centrão
concorre dividido entre três candidatos —Hugo Motta (Republicanos-PB), Elmar
Nascimento (União Brasil-BA) e Antônio Brito (PSD-BA)—,
o partido ganhou peso para atuar como fator determinante na escolha de quem
comandará o espetáculo congressual.
Lira enfrenta a discordância de Brito e
Elmar, que neste segundo turno trabalham ostensivamente por candidaturas do PT
na tentativa de atrair o apoio do Planalto, com empenho firme de Gilberto
Kassab (PSD).
A promessa é a de que seriam mais amigáveis que Motta, cuja proximidade com Ciro Nogueira (PP), tenaz adversário do governo, tem sido explorada. O compromisso de alívio na relação, no entanto, é difícil de ser cumprido porque no frigir das composições internas prevalece o interesse coletivo de manter o poder hipertrofiado num Congresso comandado pelo centrão.
Um comentário:
Sei.
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