quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Trump: a tragédia climática - André Borges

Folha de S. Paulo

Presidente faz a China parecer um dos países mais compromissados com a questão ambiental

Entre todas as atrocidades já ditas e cometidas por Donald Trump, salta aos olhos o retrocesso absoluto com o meio ambiente. O presidente americano anuncia ao mundo, no auge de sua postura arrogante e ditatorial, que os Estados Unidos sairão do Acordo de Paris, que o governo ampliará o consumo de combustíveis fósseis, que cortará incentivos a carros elétricos.

Em uma "declaração de emergência energética", Trump decide que vai aumentar a produção doméstica de petróleo e gás, enquanto assina uma ordem para interromper a concessão de licenças a projetos de energia eólica, tanto em terra quanto no mar.

O mundo assiste a maior economia do mundo dizendo que não está nem aí para o mundo. Ao iniciar a sua cruzada rumo ao seja lá o que for, Trump faz a China parecer um dos países mais compromissados do planeta com a questão ambiental.

Se os chineses são donos da matriz elétrica mais suja do globo, com 60% de suas lâmpadas acendendo todos os dias a partir da queima de carvão mineral, ao menos já sinalizaram que querem trabalhar para mudar esse cenário. O conceito de "civilização ecológica" foi parar na Constituição da China, com metas e compromissos ambientais.

Enquanto Trump rasga tratados internacionais, Xi Jinping diz que a China caminha para que o país asiático chegue à neutralidade de carbono até 2060. É um futuro distante, mas já sinaliza um compromisso de quem comanda o maior emissor de gases de efeito estufa do planeta desde 2007, em números absolutos.

No caso dos Estados Unidos –que são um dos maiores emissores per capita– o acordo chancelado por Trump é com o abismo. O presidente americano já disse que vai desmantelar o "Green New Deal", plano que reúne um conjunto de políticas para promover a transição dos EUA a uma economia de baixo carbono, com incentivo ao uso de energias limpas. O clima piorou, e muito.

De costas para o planeta, Donald Trump leva a cabo a agenda eleitoral que o colocou de volta na Casa Branca. É fato. A maioria dos americanos pensa como ele, quer isso mesmo. Como um menino mimado, o presidente americano avisa a todos os amiguinhos da rua que a bola é dele. E que, se ele quiser, fura a bola, e fim de jogo.

 

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