Folha de S. Paulo
Os dois animais têm perigosas características
em comum
Mas Kong, isolado, perdeu, e Trump, cercado
de subtramps, pode ganhar
Quando vejo Donald Trump em
foto, vídeo ou pesadelo, lembro-me de King Kong. Há várias semelhanças entre
ele e o grande gorila do cinema –talvez o tronco, gigante demais sobre as
pernas finas, ou a cabeça, muito pequena para o corpo. Os dois animais fazem
jus por igual a essas definições. Mas as maiores afinidades estão em suas
biografias.
Como sabemos, King Kong estava posto em sossego em sua fortaleza no alto de uma montanha na ilha da Caveira, em algum ponto da África, dedicado a capturar pterodáctilos para o almoço e esmagar sem querer os nativos ao pisar neles. De repente, defrontou-se com uma equipe de cinema, que o capturou à custa de bombas de gás e, cruzando os mares, levou-o a ferros para Nova York a fim de exibi-lo num mafuá.
Trump também estava quieto nas profundezas de
seu triplex nos 56º, 57º e 58º andares da Trump Tower, em Nova York,
dedicando-se a empalmar bundas de senhoras no elevador, passar fins de semana
com o protetor de menores Jeffrey
Epstein e enriquecer à custa de trampolinagens. Um dia, foi
descoberto pelo Partido Republicano, que pensou exibi-lo nos mafuás de
Washington, para assustar os Democratas, que ameaçavam se eternizar no poder.
Mas, para ambos, o inesperado fez uma
surpresa. Kong, exposto à visitação pública no Madison Square Garden, rompeu as
amarras, bateu nos peitos e saiu fazendo misérias por Nova York. Descarrilhou o
metrô, mastigou alguns policiais e, entre aqueles milhares de arranha-céus,
localizou exatamente o quarto onde dormia a bela Fay Wray e sequestrou-a pela
janela. Em fuga, escalou o Empire State, de onde foi metralhado pelos
teco-tecos e esborrachou-se lá embaixo. Trump também libertou-se das amarras do
Partido Republicano, encavernou-se na Casa Branca e, apenas por bater o pau na
mesa, tem hoje aos seus pés os apatetados EUA.
King Kong perdeu porque não tinha ninguém a
apoiá-lo. Já King Trump tem um exército de subtramps a seu serviço e, não
duvide, metade do país aprova a sua escalada para uma ditadura.
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