Folha de S. Paulo
Herdeiros do legado autoritário esbravejam de
longe, na simulação de um poder que não têm
Ação dos EUA colocou Eduardo como algoz do
país, e julgamento de Jair seguiu curso normal
O deputado Eduardo
Bolsonaro (PL-SP) fez bobagem. Em
março mudou-se para os Estados Unidos para liderar ofensiva contra o ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo, a fim de ajudar o pai a se livrar de
condenação por tentativa de golpe de Estado.
Seis meses depois, a situação de Jair Bolsonaro está bem pior, e Eduardo posto na condição de rejeitado pelo mundo político que lhe dava sustentação até que ele teve a ideia de atravessar o continente para escorregar numa casca de banana em Washington.
Deu tudo errado. A ação contra Moraes colocou
o deputado como algoz do Brasil, o julgamento
do pai seguiu o curso normal, a anistia afundou, a tentativa de ser
líder a distância gorou, ele virou alvo de processo de cassação do mandato e
está em via de se tornar réu por coação da Justiça.
Todos esses reveses seriam previsíveis para
qualquer político que tivesse um mínimo de noção de como as coisas funcionam.
Pelo jeito, não é o caso do deputado Eduardo e de seu parceiro
de folguedos americanos, Paulo Figueiredo. Tampouco foi o caso de
Jair Bolsonaro em seu bizarro comportamento no mais alto cargo da República.
Esse pessoal não sabe onde pisa. Como não
entende e menospreza a linguagem institucional, distribui chutes, alheio à
evidência de que há consequências na esquina. O pai saiu fazendo o que lhe dava
na cabeça durante a Presidência e genuinamente se assustou quando se viu
obrigado a pagar pelas pragas que rogou e as agressões que cometeu.
O filho, mesmo diante das barreiras impostas
pela lei, considerou que poderia seguir naquela toada de impor suas vontades na
base de caneladas sem que houvesse reação alguma.
Figueiredo, neto de João, o último ditador,
não aprendeu nada sobre o ambiente de fadiga desmoralizante em que terminou o
governo do avô no estertor do regime militar brasileiro.
Agora ficam os dois herdeiros do triste
legado autoritário a esbravejar de longe, na simulação de um poder que não têm
de comandar os acontecimentos num país que não conhecem e cujas instituições
desmerecem.
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