quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Alckmin quer anunciar Pérsio Arida para coordenar equipe econômica

Talita Fernandes, Bruno Boghossian /Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, SÃO PAULO - Favorito para disputar o Palácio do Planalto pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, prepara o anúncio de uma equipe de economistas, professores e empresários que vão integrar o grupo de sua possível candidatura presidencial.

O principal nome para coordenar esse grupo é o do economista Pérsio Arida, que participou da implementação do Plano Real, na equipe de Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda, e presidiu o Banco Central. Ele deve liderar uma equipe formada por outros nomes da área, além de representantes do setor produtivo. O time vai elaborar as propostas para a candidatura do governador paulista.

Em ritmo de pré-campanha, o tucano cumpriu agenda partidária em Brasília nesta terça-feira (9) e prometeu divulgar em uma semana o nome do coordenador da equipe econômica. "Eu antes preciso falar com a noiva", brincou ao ser questionado sobre qual será o escolhido.

Também deve integrar essa equipe José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Além dele, o tucano também mantém contato com outros nomes da área, como Roberto Giannetti da Fonseca e Yoshiaki Nakano.

'GRUPO ECLÉTICO'
Auxiliares de Alckmin afirmam que a equipe deve ser formada por um grupo "eclético" de economistas, além de empresários e acadêmicos.

Com o anúncio, o tucano se antecipa a movimentos que vêm sendo feitos por prováveis adversários na disputa presidencial como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Os três devem adotar discursos semelhantes se forem candidatos, com a defesa de uma agenda de reformas e responsabilidade fiscal.

Alckmin apresentou a jornalistas o que chamou de seu "cartão de visitas", um comparativo de indicadores do Estado de São Paulo, governado por ele há sete anos, com números da realidade do Brasil.

Em um gráfico, é comparado o desempenho das receitas e despesas do Brasil entre 2011 e 2015, onde se pode ver uma queda da receita a partir de 2013, ao mesmo tempo em que as despesas aumentaram.

Já no caso de São Paulo, os indicadores apresentados por ele mostram que as curvas de despesas e receitas se mantêm próximas.

Apesar de equilibradas, as contas paulistas têm casos de pouca transparência, de acordo com responsáveis por fiscalizá-las.

Em junho passado, o Tribunal de Contas do Estado aprovou com ressalvas as contas do tucano.

O relator, Antônio Roque Citadini, apontou a falta de informações nas contas apresentadas sobre a renúncia de receitas e incentivos fiscais: não se sabe quem recebeu o benefício e qual é o impacto da isenção de impostos nas contas públicas, em descumprimento à Lei de Responsabilidade Fiscal.

Além disso, agentes fiscais do Estado, por meio de seu sindicato, processam o governo Alckmin por uma operação da Companhia Paulista de Securitizaçãoque, segundo eles, configura antecipação de receitas, o que representaria pedalada fiscal.

Outro obstáculo no equilíbrio orçamentário paulista é o estoque de R$ 23 bilhões em precatórios, que precisam ser pagos até 2020. O valor quitado em 2016 pelo governo para quitar as dívidas, assumidas após a perda de ações judiciais, foi considerado insuficiente pelo TCE.

O governo paulista defende suas práticas orçamentárias e diz que o ritmo de pagamento de precatórios é suficiente.

HOMICÍDIOS
Em sua apresentação em Brasília, Alckmin mostrou ainda dados da taxa de homicídios, com uma curva crescente do Brasil, enquanto há uma diminuição em São Paulo nos últimos cinco anos.

Alckmin disse que renda, emprego, situação fiscal e segurança pública devem ser prioridades de sua campanha.

CAMPANHA
O tucano evitou se comprometer com alianças que o PSDB fará para disputar a Presidência da República nas eleições de outubro e disse que esta campanha será de "muito estresse".

Médico, recomendou aos adversários que "façam acupuntura" e "controlem o estresse" até o período eleitoral.

Ele diz concordar com avaliação feita por Maia, de que no período de pré-campanha devem prevalecer na frente as candidaturas de nomes com discursos "populistas", como o do ex-presidente Lula e do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que ocupam o primeiro e segundo lugar nas pesquisas, de acordo com o último Datafolha.

Embora seja o favorito do partido para concorrer ao Planalto, Alckmin terá de disputar a candidatura internamente com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. Ele disse que as prévias devem ocorrer até o início de março, antes da janela partidária. A partir de 7 de março, é aberto um período para que parlamentares possam trocar livremente de legenda sem sofrerem punições.

Alckmin disse também ver a possibilidade de surgimento de diversos candidatos de centro no Brasil, o que entende como algo "natural" em um ambiente em que o sistema partidário é fragmentado.

Ele defendeu ainda o crescimento de novas lideranças políticas, citando os nomes de Maia e do prefeito de Salvador, ACM Neto, como representantes do DEM, e do apresentador Luciano Huck pelo PSDB.

"O Brasil ganha com isso, não devemos inibir novas lideranças. É o curso natural das coisas. Eu estimulei o que pude o Luciano Huck", afirmou.

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