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Mineiro diz que ajudará Serra como candidato ao Senado e cobra coragem à oposição para apontar erros de Lula
Marcelo Portela
Mineiro diz que ajudará Serra como candidato ao Senado e cobra coragem à oposição para apontar erros de Lula
Marcelo Portela
BELO HORIZONTE. Em seu primeiro evento público após quase um mês de férias no exterior, o ex-governador Aécio Neves (PSDB) voltou à cena para reafirmar que descarta a possibilidade de ser vice na chapa encabeçada pelo também tucano José Serra. Num momento em que Serra caiu nas pesquisas e aparece empatado com a petista Dilma Rousseff, Aécio disse que não aceita pressões e repetiu que é candidato ao Senado.
- Minha decisão tem de ser tomada através de análise muito profunda do cenário político. Estou absolutamente convencido de que a melhor forma de ajudar a dar a vitória ao governador Anastasia e ao companheiro e amigo Serra é estando em Minas como candidato ao Senado. Não houve modificação no cenário. É preciso que essas ansiedades sejam contidas - disse Aécio, ao lado do ex-presidente Itamar Franco (PPS) e do atual governador de Minas, Antônio Anastasia, candidato à reeleição.
Pressionado por aliados para se decidir logo, Aécio disse que a ansiedade do momento é "natural" e rebateu acusações de que seria antipatriótico não compor chapa com Serra. Disse que estará "à disposição" dele para viagens pelo país, sem abrir mão da campanha de Anastasia.
- Meus gestos, ao longo de minha vida, demonstram uma visão muito maior de país e dos interesses de Minas do que meu interesse pessoal. Se não visse nele (Serra) as condições de ser um grande presidente, talvez estivesse até na disputa até hoje. Vou estar à disposição dele para ajudar no que for necessário - disse, referindo-se, inclusive, às costuras para a escolha do vice.
Tucano pede tom mais agressivo
Mas Aécio disse ser contrário ao discurso "pós-Lula" adotado por Serra e defendeu o acirramento das críticas ao PT como caminho para o PSDB reconquistar o eleitorado. Para Aécio, os tucanos não precisam temer reconhecer avanços do governo Lula, mas devem mostrar os problemas da gestão petista:
- Temos de ter a coragem de apontar equívocos deste governo. Os avanços poderiam ser maiores se não tivéssemos um Estado tão aparelhado, se tivéssemos ousadia maior na política monetária. Nosso discurso não tem de ser o de tratar, como costuma fazer o PT, o adversário como inimigo. Temos de demonstrar que nossa experiência administrativa, nossa visão de país e de mundo interessa mais ao Brasil do que a continuidade do atual governo.
Ao lado de Aécio, Itamar foi mais contundente e afirmou que, se for para falar bem do governo, é melhor ficar "quieto":
- Aprendi em muitos anos que, se você não quer falar mal do adversário, tudo bem, esquece o adversário. Se o governador Serra não quer falar mal do Lula, fica quieto. Se começa a elogiar muito o presidente Lula, o pessoal começa a perguntar: por que vamos mudar? Aprenda com o governador Aécio. Deixa o barco correr - disse Itamar, diante do constrangimento de Aécio e Anastasia.
Itamar foi explícito ao defender a permanência de Aécio em Minas na campanha, apesar de o ex-governador se dizer "sereno e animadíssimo" com o atual cenário. Anastasia tem cerca de 20% da preferência na disputa pelo governo mineiro, contra mais de 40% de intenções de voto do senador Hélio Costa (PMDB). Sobre a possibilidade de ser vice de Serra como representante de Minas, Itamar negou qualquer convite.
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