Em time que está ganhando, não se mexe. O chavão foi repetido no domingo pelo governador do Rio, Sérgio Cabral. Ele elogiava a própria gestão ao inaugurar uma maternidade na Baixada Fluminense, região pobre do Estado. A plateia, recrutada por um prefeito amigo, manteve silêncio respeitoso. Ontem o Datafolha mostrou que o peemedebista bateu novo recorde de impopularidade. De cada cinco eleitores, só um aprova seu governo. É o pior índice desde que ele chegou ao poder, há sete anos.
Cabral conseguiu um feito inédito: é mais reprovado hoje do que em junho, quando manifestantes cercavam sua casa, no Leblon, para pedir que ele renunciasse. A rejeição é ainda maior na elite carioca. A cada dois eleitores com ensino superior, um considera o governo ruim ou péssimo. Um desempenho surpreendente para quem se vangloriava, até outro dia, de ser aplaudido em restaurantes caros da zona sul.
Acuado, o governador agora tenta reciclar uma receita do padrinho Lula para sair do buraco. No palanque da Baixada, apresentou-se como um defensor do povo que atua contra supostos interesses da elite. Às vésperas de deixar o poder, prometeu asfalto, hospital e trem com ar-condicionado --foi em seu governo, há quatro anos, que passageiros apanharam de chicote numa estação do subúrbio. Também disse ter peitado moradores de Ipanema para ampliar o metrô, permitindo que os pobres chegassem à praia.
Acostumado a comprar sapatos na Louis Vuitton da 5ª Avenida, em Nova York, Cabral precisará de mais empenho para convencer no novo figurino. Lula sempre poderá dizer que andou em pau de arara e trabalhou em fábrica. No Rio, alguém poderá lembrar que o governador não usa metrô, mas recorre ao helicóptero oficial para passar os fins de semana em sua casa de veraneio, em Mangaratiba.
Fonte: Folha de S. Paulo
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