terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Brasília-DF - Denise Rothenburg

Focos & sustos
A ordem que Lula e Dilma Rousseff estipularam para o chamamento dos partidos aliados às conversas sobre palanques estaduais obedece ao critério de tamanho das bancadas. O PMDB tem 75 deputados. O PP, 44. O próximo será o PR, que tem 32. É isso que define o tempo de tevê. Hoje, avaliam os petistas, por mais que Dilma esteja bem nas pesquisas e tenha condições reais de reeleição, o sentimento de mudança latente preocupa o partido. Portanto, quanto mais tempo de tevê ela obtiver para mostrar o governo e evitar que Aécio Neves e Eduardo Campos apareçam, melhor. Afinal, por quê motivos eles iriam se reunir com o PP no sábado à tarde na Granja do Torto e passar a manhã com o PMDB se estivesse tudo às mil maravilhas? A preocupação é fato. E quanto antes tudo for resolvido, melhor.
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O problema é que o PT não tem conseguido nas conversas passar aquela sensação de que está tudo bem. As legendas que já conversaram sentiram que o papo presidencial é do tipo, dá cá. Sem o toma lá. No caso do PMDB, por exemplo, a impressão de muitos é a de que o amor de Lula e Dilma para com o partido já foi maior. Até março, leitor, sustos virão.

A fúria
Lula não gostou do vazamento do teor das reuniões de sábado. Ele comentou com os petistas logo depois: “não tenho como ficar contra o Sarney no Maranhão”. Resultado: o PT fará jogo duplo por lá. Uma ala vai de Flávio Dino, do PCdoB, outra vai engrossar a chapa patrocinada pelo clã do ex-presidente José Sarney e a governadora Roseana.

O corpo fala
Chamou a atenção na reunião da Granja do Torto que nem Dilma nem Lula se sentaram à cabeceira da mesa, deixando ali duas cadeiras vazias. Destaque ainda para as reverências da Dilma ao antecessor, a quem trata de “presidente” todo o tempo. Ele, entretanto, continua chamando a chefe da Nação apenas de “Dilma”, como sempre fez.

Tomou gosto
Dilma não para de privatizar. Depois dos aeroportos, vem aí a privatização da Camed, o plano de saúde dos funcionários do Banco do Nordeste do Brasil, o BNB. A aposta é a de que os serviços serão repassados a Unimed. Às vésperas de ano eleitoral, o olho vivo nessas privatizações nunca é demais.

Aulão
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, conversa hoje como PMDB sobre o Plano Nacional de Educação. Depois do susto da semana passada, em que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) conseguiu aprovar o plano na Comissão de Educação sem a anuência do governo, todo o cuidado é pouco.

Dicas da Dilma I/ Na conversa com o PP, a presidente da República sugeriu ao líder da sigla, Dudu da Fonte, de Pernambuco, a leitura da biografia de Getulio Vargas, do jornalista Lyra Neto. “Vou comprar assim que chegar no aeroporto. Quem sabe tem alguma dica ali”, respondeu. Em tempo: o primeiro volume da obra de Lyra Neto é tido como uma aula sobre como Getulio fez o que quis dando a entender que fazia o que os outros desejavam.

Dicas da Dilma II/ Um amigo do deputado não se conteve: “Pô! Você queria uma indicação para a Caixa Econômica, para o Banco do Brasil e ela veio com um livro…”

Só água/ Do Torto, não saiu nem cargo, nem palanque, nem… um biscoitinho. O deputado Dudu da Fonte, o presidente do partido, senador Ciro Nogueira, e o ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades) saíram da Granja do Torto direto para uma lanchonete. Quem os flagrou, ficou impressionado com o tamanho do cachorro-quente e a quantidade de batatas fritas. Isso sem contar os dois milkshakes que Dudu tomou.

Representantes de todos os partidos choram…/ …a morte de Marcelo Déda, governador de Sergipe. Eis que o Brasil perdeu um de seus quadros políticos que se destacou pela solidez intelectual e a capacidade de diálogo, matéria-prima rara nos dias de hoje entre governo e oposição. Seu estilo fará muita falta nesses dias em que muitos parecem voltados ao ódio, numa política rasteira, sem respeito ao outro. À família, nossa solidariedade.

Fonte: Correio Braziliense

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