Para o seu molde, o PT tem reagido discretamente às pesquisas de opinião que vêm confirmando a dianteira da presidente Dilma Rousseff nas intenções de votos e mostrando a estagnação - quando não queda - dos pretensos adversários.
O partido é estridente, na alegria e na tristeza. Seria de se esperar que a recuperação da presidente em relação às perdas do primeiro semestre fosse motivo de foguetório.
Não tem sido assim e por um motivo: avaliações internas não consideram que a situação seja tão confortável como podem fazer crer interpretações numéricas que falam em vitória no primeiro turno "se a eleição fosse hoje".
Em primeiro lugar, se as eleições fossem "hoje", as circunstâncias seriam outras, a começar pelo grau de exposição dos outros candidatos. A presidente reina praticamente só na cena, enquanto os oponentes não lançaram suas candidaturas e o eleitorado não está mobilizado para o tema.
Aécio Neves ainda tem um alto grau de desconhecimento País afora e Eduardo Campos nem se fala; para o grande público no momento é o famoso "quem". Na penúltima pesquisa Da-tafolha 45% disseram que nunca ouviram falar nele e apenas 8% afirmavam conhecê-lo bem.
Quando a campanha realmente começar é evidente que vão reduzir a desvantagem. Podem até nem chegar perto de Dilma e o resultado em 2d4pode ser mesmo a reeleição da presidente. Mas parados não vão ficar.
De onde o patamar de 37% a47% (dependendo do cenário) mostrado pela última consulta do Datafolha inspira cuidado. Dilma é a favorita, mas a eleição não está ganha nem será fácil, segundo atestam petistas que levam em conta outro dado: o movimento ascendente de dois candidatos,mais a definição dos que hoje integram o grupo dos votos nulos e em branco, tira pontos de quem tem mais.
Junto a isso, será uma disputa com dois profissionais experientes, boa estampa e malemolência política. Nas palavras de um correligionário de Dilma: "Malandros o suficiente para infernizar a vida dela durante a campanha".
O Planalto trabalha para encurtar o espaço dos dois, seja no noticiário, produzindo atos de governo de cobertura jornalística obrigatória, seja no horário eleitoral, atraindo o máximo de partidos para integrar a coalizão do PT e assegurar para Dilma o maior e deixar para eles o menor tempo possível no rádio e na televisão.
Será o perfil da reforma ministerial. À imagem e semelhança da aliança eleitoral.
No limite. O senador Lindbergh Farias foi ontem à reunião com Lula em São Paulo para discutir a situação da eleição no Rio de Janeiro disposto a convencê-lo da importância de o PT deixar o governo estadual antes do fim do ano.
Mas foi também preparado para ouvir mais um apelo do ex-presidente em prol do adiamento do desembarque, afim de não abalar a aliança nacional com o PMDB.
Lindbergh não teria como negar o pedido, mas quer uma contrapartida: que o PMDB pare de condicionar o apoio a Dilma à retirada do nome dele da disputa e reconheça o direito do PT de ter candidato.
Em retirada. Com a avaliação de governo ancorada na baixa, Sérgio Cabral Filho deixou de ser um ativo para o PMDB.
O partido passa a apostar na figura do vice, Luiz Fernando Pezão, que assume o governo em abril e terá seis meses de alta exposição para tentar recuperar o prejuízo em ênfase no perfil de "pé de boi".
Como poucos. Lucidez, caráter irrepreensível e espírito de conciliação são alguns dos atributos que fizeram de Marcelo Déda um político muito acima da média. Em seu partido, o PT, e fora dele. Bom foi ter tido a oportunidade de lhe dizer isso em vida.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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