Dilma Rousseff pôs em risco a credibilidade do IBGE ao anunciar, em entrevista, que "resolveram" recalcular o crescimento da economia no ano passado, de um miserável 0,9% para um pobre 1,5%. A declaração, ao jornal espanhol "El País", é de uma semana atrás. Se a informação estava correta ou não, só se saberá hoje pela manhã.
O instituto brasileiro de estatística, instalado no Rio, preserva a reputação de órgão de Estado, a salvo da partidarização que contamina diferentes setores da administração pública. No ano passado, seus dados decepcionantes sobre a expansão do PIB foram questionados pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda.
Revisar dados é normal e rotineiro; o poder político saber de uma revisão desejada com sete dias de antecedência, não. A assessoria do Planalto explicou que o "resolveram" se referia a "estudos preliminares" da Fazenda. A presidente, nesse caso, se expressou mal --com precisão de uma casa depois da vírgula.
Mas não é preciso recorrer à imaginação conspiratória para perceber o que o episódio revela com mais clareza: a taxa que a desenvolvimentista Dilma comemora com tanta avidez --a ponto de se antecipar aos números oficiais-- é a mesma que, quando foi projetada em junho de 2012 pelo banco Credit Suisse, foi classificada de "piada" por Mantega.
Na melhor das hipóteses, a cifra revisada, qualquer que seja, vai ajudar a evitar que o atual mandato presidencial termine com crescimento anual médio inferior ao dos execrados anos FHC. Não parece o bastante para reivindicar um novo julgamento dos resultados das políticas de estímulo ao consumo e à produção.
O surto de prosperidade nacional aproveitado por Lula rendeu ao PT a oportunidade de afirmar que o país finalmente enriquecia e, ao mesmo tempo, distribuía renda. O PIB está empacado há três anos; a queda da desigualdade social foi interrompida em 2012, informou o IBGE.
Fonte: Folha de S. Paulo
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