Manoel Dias é suspeito de participação em um esquema para empregar militantes do PDT como 'fantasmas' em entidade
Fábio Fabrini
BRASÍLIA - O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), vai pedir à Comissão de Ética da Presidência que avalie o afastamento do ministro do Trabalho, Manoel Dias, suspeito de envolvimento em um esquema para empregar militantes de seu partido, o PDT, como "fantasmas" em uma entidade que recebia recursos da pasta.
Para Bueno, "o fato de a Polícia Federal solicitar judicialmente uma investigação contra o ministro é suficiente para a demissão". Como o Estado revelou na segunda-feira, 3, a PF viu indícios da participação de Dias nas supostas irregularidades e pediu à Justiça Federal em Santa Catarina que remeta os autos ao Supremo Tribunal Federal para a abertura de um inquérito específico sobre a conduta do pedetista. Como ministros têm foro privilegiado, só o STF pode autorizar investigações criminais sobre eles.
Bueno criticou a presidente Dilma Rousseff pela "frouxidão" ao manter o ministro no cargo, apesar das suspeitas. "O Palácio do Planalto precisa demiti-lo o mais rápido possível", disse o deputado. "Acredito que a Justiça dará a resposta necessária para o caso, mas isso pode demorar. A manutenção de Manoel Dias no cargo representa um grande desrespeito com o trabalhador e com toda a sociedade brasileira."
Ex-integrantes do PDT em Santa Catarina, em depoimento à PF, confirmaram ter recebido pagamentos da ADRVale - entidade que era abastecida por recursos de convênios com o Trabalho - sem prestar serviços para ela.
O suposto esquema foi denunciado pelo ex-presidente da juventude pedetista em Santa Catarina, John Sievers Dias, em entrevista ao Estado publicada em setembro. Segundo ele, a ordem para receber da entidade sem trabalhar foi de Dias, na época presidente do diretório catarinense do PDT. Enquanto recebia salários da ADRVale, o então dirigente prestava serviços à Universidade Leonel Brizola, braço pedetista para a formação política da militância.
Resposta. O ministro nega as irregularidades, atribuindo as denúncias a "fogo amigo". A ADRVale, hoje inativa, sustenta que todos os funcionários listados em sua folha de pagamentos trabalharam efetivamente para a entidade.
No ano passado, após uma operação da PF ligar funcionários do ministério a supostos desvios de convênios com outra entidade, o então secretário executivo Paulo Roberto Pinto, número dois de Dias, pediu demissão. "Naquele momento, toda a equipe do ministro estava envolvida com o esquema e já havia fortes indícios da participação de Dias no episódio", afirmou Bueno. "Agora temos a PF pedindo o seu indiciamento por acreditar no seu efetivo envolvimento. A presidente Dilma deveria dar uma resposta a altura e não tolerar práticas de corrupção, mas faz justamente o contrário."
Fonte: O Estado de S. Paulo
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