João Domingos - O Estado de S. Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu montar um esquadrão anti-Aécio Neves no Senado, na tentativa de conter a atuação do presidente nacional do PSDB. Ontem, o tucano fez seu primeiro pronunciamento na tribuna do plenário depois de perder o 2.º turno para a petista Dilma Rousseff. Lula vai receber hoje de manhã, em São Paulo, os atuais senadores do PT e os que foram eleitos no mês passado e tomarão posse em fevereiro.
O ex-presidente está empenhado em ajudar a montar uma sólida base aliada no Senado para o segundo mandato de sua afilhada política. Na avaliação de Lula, se Dilma não se aproximar dos senadores daqui para a frente, há o risco de Aécio atrair parte deles para a oposição, principalmente os de partidos que registram rachas em suas bancadas, como o PMDB, o PP e o PDT.
"O presidente Lula tem preocupação com a relação entre o novo governo da presidente Dilma e os senadores. E nós também temos essa preocupação. Então, juntamos a fome com a vontade de comer", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). De acordo com o parlamentar, Lula acredita que poderá comandar algumas mudanças nos rumos do PT daqui para a frente. Na reunião de hoje, o ex-presidente deve falar de suas ideias para o futuro do partido.
Lula não vai restringir sua atuação ao próprio partido. O ex-presidente vai procurar os senadores de legendas da base aliada. Alguns já foram contatados, como os peemedebistas Eunício Oliveira, derrotado na disputa pelo governo do Ceará pelo petista Camilo Santana; o amazonense Eduardo Braga, que também perdeu a eleição para governador, e Valdir Raupp (RO). Lula preparou o discurso de que o novo mandato será de boas relações com todos. Na atual gestão, os senadores contam nos dedos as vezes em que foram recebidos por Dilma. O queixume é dirigido também aos ministros que, de acordo com os parlamentares aliados, não os recebem.
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