• Nesta quarta, saiu o balanço sem a certificação dos resultados pelo auditor e sem os ajustes que a diretoria da Petrobrás se propôs a fazer por sua conta e critérios próprios
- O Estado de S. Paulo
A diretoria da Petrobrás reconhece que não tem informação suficiente para avaliar em quanto a empresa foi assaltada. Nem quando terá essa informação nem se a terá para fazer a devida baixa contábil.
O balanço do terceiro trimestre de 2014 não foi publicado em meados de novembro porque o auditor, a PwC, se recusou a aprovar contas distorcidas pela corrupção denunciada pela Operação Lava Jato, colocada em marcha pela Polícia Federal.
Nesta quarta, saiu o balanço sem a certificação dos resultados pelo auditor e sem os ajustes que a diretoria da Petrobrás se propôs a fazer por sua conta e critérios próprios.
A presidente da Petrobrás, Graça Foster, admitiu que a contabilidade divulgada não espelha as verdadeiras condições patrimoniais. E explicou que não está em condições de fazer os ajustes necessários nas contas da empresa, porque não tem como saber a extensão dos estragos. Em todo o caso, análise feita a partir de valores de mercado ou equivalentes encontrou sobrevalorização líquida contábil de R$ 61,4 bilhões, produzida por outros fatores e não só pela corrupção. Mas a Petrobrás não sabe como separar fruta boa de fruta podre.
Quando é que poderá apresentar balanço confiável? A Lava Jato e os processos judiciais que se seguirão devem levar anos e, entre seus objetivos, não está o de aferir os estragos em cada ativo do patrimônio. A diretoria também não sabe que critério usar para proceder à baixa contábil. O acionista e o investidor ficarão na escuridão sabe-se lá até quando.
O resultado propriamente dito do terceiro trimestre foi outro desastre. Um lucro líquido de apenas R$ 3,1 bilhões, ou 38% abaixo do obtido no trimestre anterior. Não dá para explicar o estrangulamento da capacidade de faturamento da Petrobrás apenas pelo congelamento dos preços dos combustíveis porque esse congelamento também vigorou nos trimestres anteriores, quando os resultados foram melhores. Como fatores negativos, a empresa aponta as baixas contábeis impostas pela paralisação das obras dos projetos Premium I e II, que produziram impacto negativo de R$ 2,7 bilhões.
Quando projeta o comportamento operacional da estatal nos períodos seguintes, a presidente Graça Foster pula o quarto trimestre – e, portanto, os resultados finais de 2014. E passa imediatamente para 2015, como se estivesse se desviando de cachorro sarnento.
Como ponto positivo está a afirmação de que a Petrobrás não precisará aumentar seu endividamento em 2015. O caixa deverá ser reforçado não só com o aumento da produção, mas, também, com a manutenção dos atuais preços dos combustíveis, hoje cerca de 40% acima dos níveis internacionais. Como conseguirá manter esses preços sem estimular a importação de derivados pela concorrência é coisa que precisa ser explicada.
Graça Foster avisa que haverá desinvestimento para redimensionar o plano de negócios. Ou seja, para reforçar suas finanças, a petroleira continuará vendendo ativos, mas venderá no pior momento, porque a derrubada dos preços do petróleo provocou forte desvalorização desses ativos.
As notícias da encalacrada da Petrobrás continuam parciais. A Operação Lava Jato ainda vai apontar a extensão do petrolão sobre os políticos. E os empreiteiros, que sabem muito, ainda podem abrir a boca. Senhores passageiros, apertem os cintos.
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