- Folha de S. Paulo
Em menos de 20 dias, Dilma Rousseff foi cassada, Eduardo Cunha perdeu o mandato e o ex-presidente Lula foi denunciado pela Lava Jato e classificado de comandante máximo da propinocracia.
Eventos capazes de, isoladamente, causarem movimentos das placas tectônicas da política brasileira. Em cadeia, ao contrário de terremotos, reduzem os efeitos de uns e deixam outros em estado de latência.
O impeachment da petista em 31 de agosto prometia dominar o tom da política nos dias seguintes. Gerou gritos de Fora Temer e vaias ao novo presidente, que ficou acuado quando deveria estar celebrando o fato de virar, enfim, definitivo.
A agonia do presidente deu lugar a um certo alívio no dia 12 de setembro, quando o ex-presidente da Câmara dos Deputados foi cassado. Só que Eduardo Cunha caiu atirando em Temer e fazendo ameaças.
Dois dias depois, Dilma já estava fora do noticiário e Cunha foi para a prateleira quando, em 14 de setembro, a Lava Jato denunciou Lula e o chamou de maestro geral de uma orquestra criminosa. O petista reagiu, com razão, porque provas não foram apresentadas de que ele é o poderoso chefão do esquema.
Tudo somado, Dilma tende a ficar totalmente em segundo plano. Afinal, a preocupação no PT virou outra, proteger sua grande estrela, porque efeitos secundários da Lava Jato estão encomendados com novas delações em curso em Curitiba.
Já Eduardo Cunha emite sinais de que não deseja ter o mesmo destino de sua inimiga favorita, que caminha para o ostracismo político, e segue fazendo suas ameaças na direção do governo Temer, elegendo amigos do presidente como alvo.
Enquanto isto, Temer seguiu no domingo para Nova York, sua segunda viagem internacional como definitivo. Vai atrás de reforçar sua legitimidade no exterior e, na volta, corrigir rumos do seu governo. Ele não esperava tantos tremores e que a vida fosse tão difícil na largada.
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