Paula Reverbel, Danilo Verpa – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - No menor protesto das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo contra o presidente Michel Temer desde a conclusão do impeachment, 20 mil manifestantes foram neste domingo (18) à av. Paulista, em São Paulo, de acordo com as estimativas da organização do ato.
Os manifestantes dividiram espaço com ciclistas e pessoas que queriam aproveitar a via fechada até a metade da tarde. O ato, previsto para começar às 14h, começou contar com a presença de mais pessoas só depois das 15h e foi chegou ao fim por volta das 18h20, com início de chuva e já com poucos manifestantes.
A queda do número de pessoas em relação aos atos anteriores não surpreendeu a organização, que optou por fazer manifestações frequentes ao invés de convocar grandes atos em datas mais espaçadas.
Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular, acredita que a estratégia inversa, adotada em atos anti-Dilma, levaria a protestos maiores.
"O importante é que estamos mantendo uma manifestação permanente", disse. Ele acredita que os protestos voltarão a crescer quando a reforma da Previdência e a implantação de um teto de gastos passarem a ser discutidas no Congresso.
Bonfim atribui a menor presença de manifestantes a vários fatores: a alta frequência dos atos, o envolvimento dos grupos de esquerda com as eleições municipais e com a paralisação marcada para o dia 22, e ao fato de que "felizmente, a violência da polícia diminuiu nos últimos atos". Ele afirma que a violência policial deixa muitas pessoas indignadas e que isso acaba aumentando a quantidade de pessoas que vai aos protestos.
O ato do dia 11 deste mês, que marchou ate o parque Ibirapuera e teve três detidos, tinha, segundo os organizadores, 50 mil pessoas. A PM não fez estimativa de público na ocasião.
Já o ato do dia 4, que marchou da av. Paulista até o Largo da Batata, tinha 100 mil manifestantes, de acordo com as frentes que convocaram a manifestação. A PM divulgou no dia seguinte estimativa de 30 mil pessoas. O protesto correu pacificamente até o fim, mas, na hora da dispersão, houve corre-corre e ação da polícia, que lançou bombas de gás e usou jatos d'água para afastar os manifestantes.
O protesto deste domingo é o primeiro ato pós-impeachment que foi organizando pelas frentes que apoiaram Dilma, mas que não contou com a presença de nenhum político próximo à ex-presidente.
Segundo Bonfim, o ato do último domingo foi criticado por alguns militantes porque foi dado espaço para os candidatos à prefeitura de São Paulo Fernando Haddad (PT), atual prefeito, e Luiza Erundina, deputada federal pelo PSOL. Ambos aproveitaram para vincular adversários da disputa eleitoral ao impeachment de Dilma e ao governo Temer.
"Algumas pessoas falaram que quase foi um comício", explicou.
Neste domingo, a intenção é fazer "mais uma intervenção cultural com falas dos líderes das entidades". Ao todo, seis bandas tocarão no protesto. A primeira foi o conjunto Mustache e os Apaches.
Tumulto
Perto das 16h30, houve tumulto e curto confronto entre manifestantes e a PM. A confusão começou quando policiais tentaram apreender bebidas de uma ambulante, que estava vendendo cerveja e água. A mulher resistiu e os policiais borrifaram spray de pimenta da cara dela, que estava sozinha no ato.
A ação deixou os manifestantes revoltados e o tumulto começou. Policiais militares bateram com cassetete em manifestantes e fotógrafos da imprensa. Foi lançado também gás lacrimogêneo. O ex-senador Eduardo Suplicy entrou no meio da confusão e tentou apartar os policiais dos manifestantes.
Raimundo Bonfim socorreu a ambulante do tumulto. Ela tentou duas vezes voltar para o bolo da confusão para brigar com os policiais, mas foi impedida por Bonfim.
O tumulto começou atrás do caminhão de som e, depois de iniciado, vários manifestantes jogaram latinhas de alumínio em direção aos policiais.
Depois de várias tentativas, a organização do protesto conseguiu formar um cordão de isolamento ao redor dos policiais, que estavam em menos de dez, e eles contornaram o caminhão até a frente do protesto, onde havia mais alguns PMs. Depois de alguns minutos, os dois grupos se acalmaram e o protesto continuou normalmente.
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