- Folha de S. Paulo
Monstro que não deveria disputar eleição. Analfabeto funcional que não pode ser ouvido em debate nenhum. Hitler redivivo.
A essa visão simplória sobre Jair Bolsonaro, reverberada por certa elite que se imagina intelectual, faltava uma chuva de pingos nos is do Brasil "real". Ela foi caindo na forma de multidões nos aeroportos, manifestações de apoios de atletas e de familiares no churrasco de final de semana, curvas rampantes nas pesquisas.
Deputado há sete mandatos e nome mais votado no Rio, ele está aí candidatíssimo, dizendo o que bastante gente pensa. É um fato da vida.
Os muitos que abominam suas ideias terão de combatê-las dentro do campo de jogo, sem a tentativa infantil de aliená-lo do gramado, como ocorria meses atrás. Isso é ótimo.
Até aqui o candidato foi favorecido pela terra arrasada, pelo alargamento do campo à direita por manifestações de militares e pela ascensão de um Lula radicalizado, que inclinou a Faria Lima em direção a seu colo.
Mas está longe de poder cantar vitória. Para isso, terá de se expor –e, como sabem Ciro e Russomanno, há uma bomba suicida na boca de cada candidato. Só que em Manaus Bolsonaro mostrou que pode ser doido, mas não tão louco eleitoralmente: bradou que deixaria a polícia matar e, dado o susto, abrandou a fala.
Para derrotá-lo é preciso melhorar a leitura do jogo. Políticos em busca de alianças adoram repetir que TV e máquina partidária decidem a partida. Parecem esquecer que os brasileiros são campeões mundiais no uso de redes sociais e que um tuiteiro malquisto pela cúpula do Partido Republicano virou o presidente Trump.
Bolsonaro, por ora, carrega uma página de Facebook com 4,9 milhões de seguidores, mais do que Lula, Alckmin e Ciro juntos. Líder em influência social entre os candidatos, o deputado prepara sua mudança para o Patriota, cujo presidente, Adilson Barroso, é o único político que lhe supera em fãs na rede (7,3 milhões).
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