quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Meirelles, na TV, critica gestão Dilma e ‘populismo’

Em programa do PSD, ministro adotará tom eleitoral para criticar PT e dizer que brasileiro não quer ‘aventuras’

Meirelles afirma, na TV, que PT ‘quebrou o País’

Igor Gadelha / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) ocupará praticamente todo o programa eleitoral do PSD no rádio e na TV, hoje, para lançar as bases de sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, apesar de afirmar que só tomará a decisão de concorrer ou não à Presidência depois de março. Em tom eleitoral, ele atacará “o populismo e os oportunistas que fazem mal ao País”. Presidente do Banco Central nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), ele vai dizer que “o governo anterior (de Dilma Rousseff) quebrou o Brasil”. Meirelles afirma que os brasileiros “não querem mais saber de aventuras”. Na televisão, o ministro tentará se apresentar como um candidato de centro. Ao falar das reformas, diz que elas “dependem de um grande e poderoso reencontro de milhões de brasileiros, que são maioria e que não estão nos extremos do ponto de vista político e ideológico”.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vai ocupar praticamente todo o programa político do PSD, que será transmitido hoje à noite no rádio e na TV, para lançar as bases de sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, em 2018. Em tom eleitoral e em busca de se consolidar como o nome de centro defendido pelo governo Michel Temer, ele afirma que “o populismo e os oportunistas fazem mal ao País”, diz que “o governo anterior (Dilma Rousseff) quebrou o Brasil” e destaca que os brasileiros repudiam “aventuras”.

O conteúdo do programa protagonizado por Meirelles foi antecipado pela Coluna do Estadão, na edição de ontem – dos dez minutos, oito são destinados ao titular da Fazenda. Apesar da exposição, o ministro tem dito que só tomará uma decisão sobre disputar a Presidência entre março e o início de abril. Para hoje, porém, Meirelles convocou uma coletiva de imprensa, às 12h30, na sede do PSD, para tratar justamente de política. Segundo a legenda, o horário evita “conflito de interesses” com seu cargo, uma vez que se trata de intervalo para almoço. No governo, sua principal meta é aprovar a reforma da Previdência.

O discurso de Meirelles contém três das principais diretrizes defendidas pelo governo para o candidato ideal de uma coalizão de centro: ataque ao chamado “populismo”, identificado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); crítica a um suposto “oportunismo”, personificado no deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ); e defesa do legado econômico, do qual o ministro faz parte e que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) já elogiou para agradar ao Planalto e ao PMDB.

“Estamos no rumo certo e não podemos dar nenhum passo atrás. Temos de ficar atentos: o populismo e os oportunistas fazem mal ao País. O Brasil exige competência, responsabilidade e ética”, diz Meirelles no programa do PSD, sem citar nomes. “O governo anterior quebrou o Brasil, essa é a grande verdade. O brasileiro não quer mais saber de aventuras.”

Sem terno, o ministro adotou um tom mais popular ao discursar. A estratégia vai ao encontro das movimentações recentes para se viabilizar como candidato. Nos últimos dias, Meirelles tem concedido entrevistas a rádios – foram cinco em menos de uma semana – e, anteontem, acenou com um possível reajuste do Bolsa Família e uma correção da tabela do Imposto de Renda, apesar do revés das medidas no ajuste fiscal. Uma equipe de filmagem, contratada por ele, tem acompanhado seus passos há cerca de um mês, desde que promoveu mudanças em seu perfil nas redes sociais.

Conciliação. Ao falar das reformas, Meirelles tenta se apresentar como um nome de convergência e diz que as mudanças “dependem de um grande e poderoso reencontro de milhões de brasileiros, que são maioria e não estão nos extremos do ponto de vista político e ideológico”.

Nos últimos meses, Meirelles se aproximou do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliado na defesa da votação da reforma da Previdência, adiada para fevereiro. Com apenas 2% das intenções de voto, de acordo com pesquisas recentes, o ministro mantém diálogo frequente sobre a construção de um projeto eleitoral com o DEM, o PMDB – de Temer –, e partidos do Centrão, como o PRB, o PP, o PR e o PTB. O titular da Fazenda almeja ser o candidato único da base aliada.

Temer tem buscado um nome para defender as conquistas econômicas de seu governo. Nesse cenário, Meirelles quer se firmar como alternativa a Alckmin, a quem o ministro tem criticado. “É uma posição interessante, para dizer o mínimo, estar fora do governo por questões eleitorais, mas querer apoio na eleição. Para alguém ser apoiado pelo governo, precisar ser parte da estrutura de apoio a ele”, disse o ministro, na segunda-feira, ao Conexão Estadão, na Rádio Eldorado.

Meirelles faz a defesa da atual política econômica, embora não mencione Temer. Diz que o governo teve “coragem” para fazer as “reformas fundamentais”. O ministro aproveita a oportunidade para ressaltar seu trabalho à frente da Fazenda e destacar a evolução dos indicadores econômicos: “O rumo está correto e não podemos desviar o trilho”. A peça lembra ainda que ele foi presidente do Banco Central, quando comandou uma “virada na economia”, mas não cita que o posto foi ocupado nos governos Lula.

Cidadãos que dizem ter percebido melhora na economia também aparecem no vídeo, além de Alda Marco Antonio, ex-vice-prefeita de São Paulo e coordenadora nacional do PSD Mulher. A propaganda foi elaborada por Felipe Soutello, marqueteiro que faz trabalhos para o partido.

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