quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Roberto Freire: O ano em que o Brasil voltou aos trilhos

- Diário do Poder

Às vésperas do encerramento de mais um ano, vivemos um período tradicionalmente reservado aos balanços, análises e retrospectivas sobre os últimos 12 meses. Não se pode afirmar que 2017 tenha sido um ano tranquilo ou ameno para o Brasil, muito pelo contrário. Entretanto, apesar de todos os problemas, dificuldades e até mesmo graves turbulências enfrentadas especialmente na seara política, é inescapável constatar que o país deu os primeiros passos para a superação definitiva do perverso legado deixado pelos governos de Lula e Dilma e, de forma inconteste, deixou para trás a maior recessão de nossa história republicana.

O horizonte sombrio que se desenhava há pouco mais de um ano, quando o governo de transição iniciou sua trajetória após o impeachment – com inflação recorde, desemprego acachapante e um cenário de terra arrasada nos quatro cantos do país –, deu lugar a uma perspectiva mais otimista. Após três anos de recessão, a economia brasileira iniciou o caminho da retomada e, aos poucos, o país está voltando aos trilhos do crescimento. Empregos voltaram a ser gerados, embora o índice de desocupação ainda seja muito alto, a inflação despencou, a taxa básica de juros atingiu o menor patamar da história e a população voltou a pensar no futuro.

Nesse sentido, é imprescindível reconhecermos o protagonismo exercido pelo PPS durante este ano, como já havia acontecido em 2016, no processo que culminou no impeachment que tanto bem fez ao país. Neste momento, nosso partido está bem posicionado junto à opinião pública e à sociedade brasileira. É reconhecido como um força política coerente, decente, digna e que não se mistura à “geleia geral” em que, para a parcela majoritária da população, se transformou a política nacional.

O PPS também se mostra vanguardista quando decide, de forma democrática e consciente, abrir o seu próximo Congresso Nacional, programado para março de 2018, para as discussões sobre a possível integração e a busca de ações conjuntas com movimentos da cidadania que defendem uma maior qualificação da atividade política. Não à toa, esses movimentos cívicos procuraram justamente o PPS para debater de que forma poderá se viabilizar essa renovação.

Quando entreguei o cargo de ministro da Cultura, deixei clara a posição a ser adotada pelo PPS. Assumimos uma postura de independência em relação ao atual governo, mas continuamos a apoiar firmemente a transição iniciada com o impeachment e, sobretudo, as reformas fundamentais para consolidar a retomada da economia brasileira.

O resultado da ação coordenada entre o governo e o Congresso Nacional foi uma série de medidas que ajudaram o Brasil a superar a crise e avançar. Em um curto período e mesmo diante inúmeras adversidades no ambiente político, foram aprovadas a PEC do Teto dos Gastos Públicos, a MP do setor elétrico, o projeto que desobriga a Petrobras a participar de todos os consórcios de exploração do pré-sal, a Lei de Governança das Estatais, a liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a MP que reformula o Ensino Médio e a reforma trabalhista. Isso para não citarmos o início das tratativas sobre a reforma da Previdência, igualmente primordial para o país e que também contará com o nosso apoio na votação marcada para fevereiro do próximo ano.

Para além dos discursos e da mera disputa político-eleitoral, são os números da economia que escancaram o quanto o Brasil é hoje um país melhor do que há um ano. O indicador da atividade econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado no início desta semana, subiu 2,9% em outubro em relação ao mesmo mês do ano passado – o melhor resultado desde fevereiro de 2014 e que projeta um crescimento do PIB de mais de 1% já para 2017.

A inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de outubro para novembro, registrando um avanço de 0,28% (ante 0,42% do mês anterior). No acumulado do ano, o índice é de 2,5%, o que significa a menor taxa de inflação para novembro em quase duas décadas (1,32% em 1998, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso).

Como se não bastasse tudo isso, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), em sua última reunião do ano, cortou a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,5 ponto percentual, o que fez com que fosse atingido o menor patamar dos juros básicos da economia brasileira em toda a história (7% ao ano). Foi a décima redução consecutiva.

Não há dúvidas de que ainda há muito por fazer. Dado o tamanho do estrago causado pelo PT, é evidente que os nossos problemas não serão resolvidos em um passe de mágica. Mas, com o apoio do Legislativo e o empenho das forças políticas que viabilizaram o impeachment e têm compromisso com o país – entre as quais o PPS, que assume um protagonismo cada vez mais eloquente –, a rota da retomada é inevitável. Foi difícil, ainda haverá obstáculos pelo caminho, mas o Brasil voltou aos trilhos em 2017. Para o ano que está por começar, o lema é avançar nas reformas e consolidar a recuperação. Que venha 2018!

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

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