Governador de SP falou em 'tomar atitude' um dia após Aécio ser ovacionado por tucanos em MG
Carolina Linhares / Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Um dia após Aécio Neves (PSDB-MG) ressurgir como estrela na convenção tucana em Minas Gerais, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), preferiu não tomar partido em relação à expulsão do deputado e ex-governador mineiro.
Aécio passou a ser alvo de críticas de caciques do partido pelo país após ser gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, em maio de 2017, pedindo R$ 2 milhões. Investigado na Lava Jato, perdeu protagonismo e teve sua expulsão da sigla cogitada por correligionários.
Doria, que é tido como o principal líder tucano hoje, no entanto, evitou defender abertamente a expulsão e disse que irá esperar a decisão da direção do PSDB, que será renovada neste mês.
"Eu acho que nós temos que ter uma atitude, mas em respeito à nova executiva, que assume no dia 1º de junho, eu vou aguardar essa eleição para me manifestar", afirmou durante a convenção do PSDB de São Paulo neste domingo (5).
Aliado de Doria, Bruno Araújo (PE) deve ser eleito o novo presidente do PSDB, em substituição a Geraldo Alckmin (PSDB).
"Esse é um tema que nós temos que discutir no PSDB, não podemos colocar isso debaixo do tapete e fingir que não é um problema. É um tema que a nova executiva do PSDB vai ter que debater e vai ter que enfrentar, não dá para dizer que não tem nenhum tipo de problema e que vai ficar como está", afirmou Doria.
Marco Vinholi, que foi eleito presidente do PSDB em São Paulo pelas mãos de Doria neste domingo, também evitou falar em expulsão de Aécio.
"Não queremos fulanizar o partido. O que vamos fazer é um processo de compliance, com regras rígidas. Sendo A ou sendo B, vai sofrer a mesma sanção e é assim que nós vamos nos reconectar com a sociedade", disse.
O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado estadual Cauê Macris (PSDB), que também é ligado a Doria, defendeu a expulsão de Aécio sem rodeios. "Todo mundo que tem um envolvimento claro tem que ser expulso. Precisamos defender um código de ética mais rígido", disse.
Questionado sobre o apoio de Aécio no PSDB mineiro, dado que ele foi ovacionado em Belo Horizonte, Cauê respondeu: "paciência".
"A gente não pode falar do PSDB Brasil pelo PSDB de Minas. Todo respeito ao PSDB de Minas, mas o PSDB de Minas passa por um momento de derrocada geral. O recado das urnas foi claro. Com todo respeito que eu tenho pelo senador Aécio Neves, mas acho que ele deveria sair do partido", completou.
Segundo Cauê, no caso de Aécio, não é preciso esperar condenação, pois há uma evidência clara, que é a gravação.
Já o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), também do grupo político de Doria, diz ser preciso esperar uma condenação.
"Durante o processo não cabe, não podemos ser mais realistas que a Justiça. Mas a partir do momento que tiver condenação, seja quem for eu defendo que deixe o partido."
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