Folha de S. Paulo
Projeto do IR garantiu mais blindagem para o
setor
O novo privilégio foi garantido pelo relator
do projeto, o alagoano e pecuarista Arthur Lira (PP)
O agro não é pop. É blindado à custa do
contribuinte brasileiro. A blindagem só tem aumentado graças à poderosa bancada
do agronegócio no
Congresso, que se agiganta num círculo vicioso em prejuízo a outros setores da
economia. Quanto mais forte fica, mais consegue benesses e menos paga impostos.
O último bote ocorreu na votação na Câmara do projeto que isenta totalmente do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5.000 mensais e cria um imposto mínimo de 10% para as altas rendas.
O texto aprovado garante que os grandes
produtores rurais, que hoje já têm a renda isenta do pagamento do IR da pessoa
física, também não serão alcançados pelo imposto dos milionários. Uma emenda ao
projeto de lei excluiu a parcela isenta relativa à atividade rural do valor que
será tributado. O privilégio foi garantido pelo relator do projeto, o alagoano
e pecuarista Arthur Lira (PP).
Nunca é demais lembrar que produtores rurais
já têm R$ 110 bilhões da renda isenta por ano. Metade desse dinheiro fica nas
mãos de produtores que ganham mais de R$ 1 milhão por ano. Ou seja, não é
pequeno produtor, pobrezinho, mas gente de alta renda mesmo.
O relator da MP do IOF (1303), o petista
Carlos Zarattini (SP), também vai dar uma ajuda extra para manter a isenção do
IRPF para as LCAs (Letras do Crédito do Agronegócio), títulos de renda fixa que
se transformaram numa farra fiscal com o efeito colateral de distorcer as
condições do mercado de outras aplicações.
Com esses novos privilégios, a blindagem está
perfeita: juros subsidiados; seguro contra quebra de safra; subsídios
tributários gigantescos; isenção do IBS e CBS na reforma tributária; imposto
mínimo zero, que é usado para comprar LCA com zero de tributação. Se ainda
assim o produtor quebrar, a indústria da recuperação judicial também está aí
para ajudar.
Em tempos de Plano Brasil Soberano, temos a
blindagem soberana do agro. Quando o Estado desonera um setor, outros acabam
pagando mais. O que os demais setores da economia estão esperando para reagir?
É uma farsa o slogan de que o agro é pop.
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