O Globo
O Partido Liberal (PL),
legenda do ex-presidente Jair
Bolsonaro, divulgará aos filiados uma resolução interna que proíbe
alianças com partidos de esquerda nas eleições de 2026. Entre as siglas vetadas
estão PDT, PSB, PT, PSOL e PCdoB.
A medida valerá para a disputa presidencial e também para as coligações nos
estados, envolvendo candidaturas aos governos estaduais e ao Senado
Federal.
O texto da resolução está em fase final de elaboração e deve ser submetido aos filiados pelo presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto. A proposta estabelece que o PL não poderá firmar coligações ou apoiar candidaturas em parceria com legendas de esquerda.
O veto não deve causar problemas internos em
estados mais bolsonaristas. Mas, em unidades federativas do Nordeste e do
Norte, o PL conta com lideranças mais próximas do governo Lula e
que votam com a base do Palácio do Planalto no Congresso.
O gesto repete a medida adotada nas eleições
municipais de 2024 pelo PL. Na época, o PT permitiu alianças com o partido de
Bolsonaro, mas a legenda do ex-presidente rechaçou coligações à esquerda.
Contudo, na avaliação que lideranças do
partido fizeram na semana passada, numa reunião de diretórios regionais, a
proibição foi decidida próximo ao pleito, quando parte dos acordos regionais já
havia sido feito, e por isso não foi integralmente cumprida. A proposta de
editar a resolução até o final deste ano visa evitar novos impasses e
desobediências.
‘Falsos sujeitos’
Nas eleições passadas, o então vereador Carlos
Bolsonaro (PL-RJ) criticou a filiação de um bolsonarista ao
PCdoB em Olinda (PE) para
disputar a eleição na chapa encabeçada pelo PT e alertou para o risco de
alianças fora do bolsonarismo.
“Existem destes aos montes nos mais de 5.000
municípios do Brasil. Cabe a cada um de nós nos aprofundarmos além de
fotografias e vídeos de poucos segundos gravados, para que todos nós
qualifiquemos nossos votos, pois falsos sujeitos são mais comuns do que pessoas
verdadeiras”, escreveu Carlos nas redes sociais em julho de 2024.
Mas o caso mais notório ocorreu no Maranhão, onde o PL
integrou a chapa de Duarte Júnior (PSB) para a prefeitura de São Luís (MA).
Ele perdeu as eleições para o prefeito Eduardo
Braide (PSD),
que foi reeleito.
Na ocasião, como a aliança já estava definida
quando a resolução saiu, o veto à coligações acabou ignorado no Maranhão, onde
o PL é comandado por Josimar
Maranhãozinho. Bolsonaro chegou a pedir a expulsão de Josimar, mas
Valdemar manteve o aliado no partido.
Na Paraíba, alianças do PL
com partidos de esquerda foram sustadas antes da eleição.
A nova resolução para 2026 prevê que o
diretório nacional poderá intervir em eventuais alianças com partidos
esquerdistas e submeter os responsáveis pelos acordos partidários a punições
internas, o que pode levar à exclusão dos quadros da legenda.
No ano que vem, o PL tem entre suas
principais metas a eleição de uma ampla bancada no Senado para viabilizar o
quórum necessário para o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF). Na esfera nacional, o senador Flávio
Bolsonaro (PL-RJ) tem se colocado como pré-candidato à
presidência no espólio de seu pai, preso em Brasília.

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