segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Indústria do País perderá mais espaço, prevê CNI

Pressionada pela crise, pelo câmbio desfavorável e pela concorrência dos importados, a indústria brasileira crescerá menos do que o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, prevê a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com isso, deverá ser repetido o desempenho de 2011, quando o setor manufatureiro também teve expansão mais fraca do que a média da economia, relata repórter Lu Aiko Otta. A perda de espaço da indústria na composição do PIB coincide com desempenho mais robusto do setor de serviços, o que mostra uma mudança no perfil da economia. A estimativa da CNI para o fechamento dos dados de 2011 é de crescimento de 1,8% para a indústria é de 3% para os serviços, ante aumento do PIB de 2,8%. Para este ano, a previsão é de que o setor industrial tenha expansão de 2,3%, o PIB, de 3%, serviços, de 3,3%. O governo estuda medidas de estímulo à indústria

Indústria deve seguir encolhendo em 2012; setor de serviços ganha espaço

Sob pressão da crise, do câmbio desfavorável e da concorrência dos importados, setor industrial deve crescer menos que o PIB este ano

Lu Aiko Otta

BRASÍLIA - Acuada pela crise, pelo câmbio desfavorável e pela forte concorrência dos importados, a indústria brasileira crescerá menos do que o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, segundo estima a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Assim, deverá ser repetida a performance de 2011, quando o setor manufatureiro também teve uma expansão mais fraca do que a média da economia.

O movimento de "encolhimento" da indústria na composição do PIB coincide com um desempenho mais robusto do setor de serviços. Está em curso, portanto, uma mudança no perfil da economia brasileira.

Segundo a CNI, a indústria de deverá crescer apenas 1,8% em 2011 e os serviços, 3%, ante um aumento do PIB de 2,8%. Para 2012, a estimativa é que o setor industrial tenha uma expansão de 2,3%, para uma alta do PIB de 3% e uma expansão de 3,3% nos serviços.

"A indústria tem perdido seu papel mais dinâmico na economia, mas ela tem de voltar a ser o centro do crescimento", defendeu o gerente executivo do núcleo de Política Econômica da entidade, Flávio Castelo Branco. Ele observou que, quando a indústria foi o principal motor da economia, o Brasil cresceu mais do que a média mundial. No momento em que o consumo passa a ser o principal elemento, com expansão dos serviços, a situação se inverte.

Isso ocorre, segundo explicou, porque o setor de serviços tem baixa produtividade e, por isso, menos condições de alavancar o crescimento. "O Brasil ainda não completou seu ciclo, não pode se tornar uma economia pós-industrial."

Efeitos. Os números indicam que a indústria brasileira tem sentido mais duramente os efeitos da crise do que os Estados Unidos. A produção industrial nacional estava, em outubro passado, 3,5% inferior à registrada em setembro de 2008, antes da quebra do banco Lehman Brothers. No mesmo período de comparação, a indústria norte-americana está hoje 2,9% acima do período pré-crise. "Eles, mesmo passando por um momento mais difícil e com a demanda interna mais desaquecida que a nossa, estão numa situação melhor", observou o economista da CNI Marcelo de Ávila.

A entidade defende uma nova estratégia de crescimento, na qual o investimento, e não o consumo das famílias, lidere o processo. O Instituto para o Desenvolvimento Econômico e Industrial (Iedi) divulgou um boletim em que apoia a mesma linha. "O predomínio do investimento sobre o consumo e um maior equilíbrio entre importações e exportações são imprescindíveis para assegurar um melhor crescimento de longo prazo", diz a nota.

"Esse é um momento de crescimento menor", admitiu a secretária de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Heloisa Menezes. Uma das metas do Plano Brasil Maior, informou a secretária, é que a indústria cresça mais do que o PIB.

Mais medidas. A secretária disse que o governo estuda mais medidas de estímulo à indústria, mas a adoção delas dependerá do quadro fiscal. Está pronto, por exemplo, o regime tributário especial para o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que vai desonerar equipamentos e obras nos investimentos em infraestrutura para telecomunicações. Ela provocará uma renúncia de arrecadação da ordem de R$ 900 milhões no ano que vem, e é preciso decidir se o governo poderá ou não abrir mão dessas receitas.

Novas medidas para desonerar os investimentos também estão na agenda, mas essas também dependem das perspectivas para as contas públicas. "O Brasil Maior não esgota nosso olhar sobre a competitividade", disse Heloisa. "É um primeiro conjunto de medidas, mas é necessário somar uma estratégia agressiva de inovação e novas estratégias setoriais que estamos elaborando em parceria."

É o caso, por exemplo, do novo regime automotivo, que prevê cortes no IPI das montadoras que investirem mais em tecnologia. "O objetivo não é fabricar mais carros, é fabricar carros mais produzidos aqui", explicou a secretária. Está em estudo um novo critério de cálculo para o índice de conteúdo nacional dos veículos que favorecerá a indústria de autopeças. Essas mudanças, porém, só entrarão em vigor em 2013.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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