Embate entre PT e PMDB na base governista e a entrada do PSD de Kassab embaralham o cenário político para a disputa de outubro
Karla Correia
Os dois principais partidos aliados do governo, PMDB e PT, devem protagonizar o embate dentro da base de sustentação política da presidente Dilma Rousseff no Congresso neste ano que se inicia, por conta das eleições municipais, com primeiro turno marcado para 7 de outubro. Preocupado em manter a dianteira no ranking dos partidos com maior número de prefeituras, que garante a credencial de aliado mais forte do governo Dilma, o PMDB terá de conter o avanço petista, sobretudo nas regiões Nordeste e Sul para cumprir a ousada meta de elevar em de 1.175 para 1.300 o montante de administradores municipais eleitos pela legenda — um aumento de 10%.
A tensão entre os dois partidos antecipou as articulações em torno de um pleito considerado decisivo na definição do que será a relação de forças dentro do governo nos próximos anos e, o que é mais importante, a base de lançamento das disputas estaduais e da corrida presidencial de 2014.
Normalmente, as prévias para a escolha das candidaturas a prefeito, no PT, ocorrem no início do ano. Mas o acordo em torno da candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à prefeitura de São Paulo acabou selado na primeira quinzena de novembro, exemplifica um membro da cúpula do PT.
"Será difícil para o governo manter o distanciamento necessário das divisões políticas que deverão surgir nesse processo", afirma o cacique petista. O PMDB trabalha uma estratégia agressiva nos estados e, a princípio, quer ter candidatos em cada uma das 26 capitais onde haverá eleições no próximo ano.
Dobradinha com o PSB
O cenário mais plausível até o momento, entretanto, aponta para candidaturas próprias do PMDB em 22 capitais. O PT lançará nomes em 20 capitais. No outro extremo do espectro partidário, o PSDB tem pretensões em 19 capitais. Um enfraquecido DEM mira em 14.
O maior partido da base aliada trabalha para contornar a possível ameaça a seu poder de pressão dentro do governo que surge sob a forma da aliança — por hora informal — entre PSB e PSD.
Em quase todos os estados, o nascimento do partido desenhado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, como uma dissidência do DEM só foi possibilitado por causa do apoio do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que ascendeu à condição de um dos principais articuladores políticos do país ao eleger a mãe, Ana Arraes, para uma cadeira de ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). Foi com o apoio do PSB que o PSD emergiu como a terceira maior bancada da Câmara.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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