Nas mensagens de final de ano, os líderes da Europa apontaram para um 2012 ainda mais difícil que 201l.
Angela Merkel, chanceler da Alemanha, pediu cooperação para salvar o euro. De acordo com ela, "sem dúvida, 2012 será pior"
Em crise, Europa prevê 2012 pior que 2011
Angela Merkel diz que "sem dúvida" situação irá se agravar; para Nicolas Sarkozy, franceses foram postos à prova
Perspectiva de países endividados terem de abandonar o euro preocupa; moeda completou dez anos
Embora a Europa tenha vivido em 2011 sua pior crise financeira desde a Segunda Guerra Mundial, líderes do continente preveem que 2012 será ainda mais difícil.
Angela Merkel, chanceler da Alemanha, a maior economia do bloco, afirmou que "a Europa passa pelo mais duro teste em décadas" e que "sem dúvida, 2012 será pior". Em pronunciamento feito no sábado, ela pediu cooperação para salvar o euro.
O tom de preocupação e cautela também marcou o discurso de fim de ano do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que tentará se reeleger em 2012. "Sei que a vida de muitos de vocês foi posta à prova mais uma vez e que estão terminando o ano mais preocupados com vocês mesmos e com seus filhos", disse o presidente.
Embora tenha afirmado que "essa crise sem precedentes" não está superada, Sarkozy disse que há "razões para ter esperança". Ele e Merkel devem se reunir neste mês para discutir um plano fiscal para a Europa.
No início de dezembro passado, quando líderes da União Europeia (UE) realizaram uma cúpula de emergência em Bruxelas para esboçar um novo tratado econômico para o bloco, a Grã-Bretanha foi o único país entre os 27 membros da UE a se recusar a participar da iniciativa.
A notícia do acordo acalmou temporariamente os mercados. Mas a apreensão reapareceu, pois os detalhes finais não foram determinados e um novo tratado poderá levar até três meses para ser negociado.
Sacrifícios
No ano em que se viu obrigado a forçar a renúncia do premiê Silvio Berlusconi, cuja capacidade de lidar com a crise era questionada por Alemanha e França, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, usou tom austero na mensagem de fim de ano à nação.
Napolitano afirmou que "sacrifícios são necessários para assegurar o futuro dos jovens" e que "nenhum grupo social pode deixar de contribuir para a limpeza das finanças a fim de evitar o colapso financeiro da Itália".
Na Grécia, o premiê Lucas Papademos alertou que é preciso dar continuidade "aos esforços com determinação, para que os sacrifícios feitos até agora não sejam em vão".
Atenas lida com grave crise financeira há mais de dois anos. Desde então, Irlanda e Portugal também se viram sujeitos a pedir socorro internacional. Agora, a crise ameaça os esforços da terceira maior economia da zona do euro, a Itália, que terá de levantar € 450 bilhões para financiar sua dívida neste ano.
Enquanto os governantes não alimentam esperanças de melhora da economia, banqueiros e políticos debatem sobre o futuro do euro -a moeda completou dez anos de circulação ontem.
O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, afirmou que "esta não é uma crise do euro, mas uma crise da dívida de alguns Estados do bloco" e que a moeda tem "uma clara história de sucesso".
Na França, o presidente do Conselho Executivo do Banco Central Europeu, Christian Noyer, defendeu a união monetária em um artigo feito em comemoração ao aniversário da moeda.
Para ele, o euro ainda pode se tornar a principal moeda do mundo, caso haja sucesso na integração fiscal.
"Se implementarmos todas as decisões tomadas na cúpula de Bruxelas, ficaremos mais fortes", disse.
O presidente do Standad Chatered Bank, Peter Sands, disse que os líderes políticos da Europa ainda têm de oferecer uma solução mais significativa para a crise.
"Entramos em 2012 com uma perspectiva muito difícil para a zona do euro, com uma possibilidade crescente de países deixarem o bloco."
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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