terça-feira, 4 de março de 2014

Opinião do dia: Giuseppe Vacca

Por fim, não convence a proposta de limitar à fase de formação dos Estados europeus a concepção histórico-política dos partidos, isto é, aquela que os define segundo a função nacional das classes e dos grupos sociais a que se referem. Creio que este elemento originário da constituição dos partidos tenha continuado a operar ao longo de toda a sua evolução. Creio que seja o fundamento da constituição dos sujeitos políticos e esteja presente em todas as suas vicissitudes. Seguindo a lição de Gramsci, penso que, em cada uma das “etapas” por eles atravessadas, determinadas combinações das condições nacionais e internacionais do desenvolvimento (determinados modos de interpretar a colocação e as perspectivas do próprio país na comunidade internacional) constituíram o quadro de referência no qual os partidos inscreveram – explicita ou implicitamente – o conjunto dos interesses e dos valores que se propunham representar. Penso, por fim, que se decidiram neste terreno os conflitos e os desafios entre as partes em campo – segundo a desejabilidade desta ou daquela “combinação” – através da conquista do consenso.

Giuseppe Vacca, “Por um novo reformismo”, p.p. 94-95. Fundação Astrojildo Pereira / Contraponto, 2009.

Novos confrontos entre polícia e manifestantes acontecem em Caracas

Ocorreram pelo menos três detenções e um prédio foi invadido.

Com bombas, manifestantes enfrentaram polícia, que usou gás lacrimogêneo.

Da France Presse

Grupos de manifestantes que queriam bloquear a principal auto-estrada de Caracas , na Venezuela, voltaram a enfrentar a polícia, com bombas caseiras, nesta segunda-feira (3), que revidou, tentando dispersar a multidão com gás lacrimogêneo.

Três pessoas foram detidas.

Como já havia acontecido nas tardes das últimas semanas, dezenas de jovens jogaram pedras e coquetéis molotov nos policiais, que usaram gás lacrimogêneo nos manifestantes em Altamira, leste da capital.

Nesses incidentes, foram registrados "pelo menos três detenções". Uma delas foi a de um estudante de 23 anos, da Universidade Católica Andrés Bello (UCAB), informou o diretor do Fórum Penal Venezuelano, Alfredo Romero, em sua conta no Twitter.

"Não temos informações de feridos", disse o prefeito de Chacao (onde fica Altamira), Ramón Muchacho, em declaração ao canal privado Globovisión.

Muchacho acrescentou que alguns manifestantes montaram barricadas em várias ruas dessa área e tentaram "entrar em alguns prédios" para se proteger. "Temos informações de que pelo um (edifício) foi invadido", afirmou.

Oposição na Venezuela pressiona OEA

Líderes marcham até sede regional, em Caracas, e exigem 'firmeza' da entidade

Jamil Chade com EFE, AFP e REUTERS

CARACAS - Um grupo de dirigentes políticos da oposição, estudantes e jornalistas marcharam ontem até a sede regional da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Caracas, para exigir uma posição mais "firme" da entidade sobre a crise política na Venezuela. O grupo entregou uma carta pedindo que a OEA se pronuncie sobre o que está ocorrendo no país.

Uma das líderes opositoras, a deputada María Corina Machado, disse que a reação tem de partir tanto do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, quanto dos chefes de Estado dos países integrantes, entre eles o Brasil. Corina Machado, ao lado do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e de Leopoldo López, dirigente do partido Vontade Popular (VP), atualmente mantido em uma prisão militar, iniciaram em janeiro uma mobilização pedindo a queda do governo de Nicolás Maduro. O movimento ganhou força com os protestos populares contra a violência, a escassez de alimentos e a alta inflação. A repressão aos protestos deixaram 18 mortos.

Corina Machado e Ledezma lideraram a marcha de desta segunda-feira. Para a deputada, se a OEA der respaldo ao governo de Maduro neste momento, "estará traindo a Venezuela e enterrando" a própria organização. "Esta é a oportunidade de o secretário-geral Insulza demonstrar que ele não faz parte desse projeto de destruição da OEA", afirmou, alegando que Caracas está "violando" todos os princípios da Carta da entidade.

Eles convocaram novos protestos para esta terça em Caracas e outras cidades venezuelanas. "Vamos nos encontrar para homenagear todas vítimas da repressão brutal deste regime ditatorial", declarou Corina Machado em entrevista coletiva, ao lado da mulher de López, Lilian Tintori.

Em nota, Ledezma disse que a OEA "não foi feita para defender governos". "O secretário-geral José Miguel Insulza foi designado para comandar a OEA, não para defender o seu cargo", disse o opositor.

López, apesar de encarcerado, enviou na segunda uma mensagem por meio de Carlos Vecchio, coordenador político do VP, pedindo que a população continue nas ruas. Ao presidente Maduro, o opositor mandou um recado: "A luta está apenas começando". "Todos os dias anunciaremos novas ações contundentes que irão de menos a mais", disse López em um vídeo postado por Vecchio na internet.

Genebra. O chanceler Elías Jaua rebateu as acusações de violações dos direitos humanos e disse na segunda na ONU que seu país vive uma "guerra psicológica" por parte da imprensa para derrubar o governo de Maduro. Jaua falou ao Conselho de Direitos Humanos e disse que a Venezuela é vítima de uma "campanha de mentiras para justificar uma intervenção estrangeira".

O chanceler se reuniu com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, mas não ganhou o apoio do sul-coreano. "Peço às autoridades venezuelanas que escutem as legítimas aspirações dos que protestam", declarou Ban, que pediu que Caracas lide com a oposição por meio do diálogo.

Ao mesmo tempo, o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, convocou, pelo Twitter, uma grande mobilização nacional para sábado "contra a escassez". Representante de uma ala mais moderada da oposição, Capriles, que disputou a presidência contra Maduro e foi derrotado por pequena margem, tem se mantido mais discreto desde o início dos protestos em comparação aos demais líderes opositores.

Ontem, Capriles pediu que a população se organize em "comandos de defesa" para multiplicar a mensagem que exige mudança. O opositor disse também ter pedido à ONU que o deixe "informar" sobre a verdade do que ocorre na Venezuela, em resposta à fala de Jaua ao Conselho de Direitos Humanos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Crise na Ucrânia provoca reações desencontradas do Ocidente

Obama pressiona por sanções contra a Rússia, mas dependência de gás faz europeus hesitarem

BRUXELAS - A já explosiva tensão entre Rússia e Ucrânia aumentou perigosamente nesta segunda-feira quando Kiev acusou Moscou de dar um prazo para que todas as forças de segurança ucranianas na Crimeia, cercadas há dois dias, se rendessem. O ultimato acabou desmentido pelo Kremlin horas depois, mas a boataria só fez expor ainda mais os esforços — inúteis até agora — dos EUA e da União Europeia (UE) para conter o presidente Vladimir Putin, que parece ignorar os alertas do Ocidente e continua consolidando o controle russo da península. Apesar da forte retórica de condenação, nem americanos nem europeus dão sinais de saber como frear a ofensiva russa. E, para piorar, Washington e Bruxelas acabaram em descompasso. O presidente Barack Obama ameaçou recorrer a sanções, correndo o risco de isolar-se dos parceiros europeus, hesitantes.

Para muitos analistas, a incapacidade de dar uma resposta uníssona se justifica: como a Rússia é o maior fornecedor de gás natural da Europa, transportado por dezenas de gasodutos que cortam a Ucrânia, sanções ao governo russo significariam, indiretamente, um golpe contra o próprio Velho Continente. Dados da UE mostram que 30% do gás natural usado nos países do bloco são originários da Rússia. Foi essa dependência energética que pôs França, Alemanha e Reino Unido na linha de frente dos europeus contrários à aplicação de sanções econômicas contra Moscou. Numa reunião de emergência ontem, os 28 ministros do Exterior da UE limitaram-se a condenar a violação da soberania ucraniana e a uma vaga ameaça de punição caso Moscou não recue. E anunciaram uma reunião dos chefes de governo no bloco depois de amanhã.

“Na falta de uma desescalada da Rússia, a UE pode decidir por consequências nas relações bilaterais com a Rússia, como a suspensão de conversas bilaterais, questões de visto (...) e poderá considerar outras medidas específicas”, diz o comunidade emitido pelo bloco.

— Há sérias preocupações sobre sobrevoos, relatos de soldados e blindados em movimento. Queremos que a situação se acalme e as tropas recuem para onde estavam antes disso começar — afirmou a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

O discurso ponderado encontrou respaldo nos ministros do Exterior de Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e França, Laurent Fabius.

— Há a condenação da intervenção russa e a necessidade de mediação e diálogo — disse Fabius.

Já o alemão sugeriu levar a mediação à Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE), mas sem descartar medidas econômicas caso Moscou não coopere.

Novos distúrbios no Leste da Ucrânia
A abordagem europeia se chocou com a de Washington. Obama disse nesta segunda-feira que a ocupação da Crimeia viola a lei internacional e “deixa a Rússia do lado errado da História”.

— Há dois caminhos que a Rússia pode adotar neste ponto. As ações na Crimeia são profundamente preocupantes, mas também é verdade que, com o tempo, haverá um custo para a Rússia — voltou a ameaçar Obama.

E o custo seriam sanções. No domingo, o secretário de Estado John Kerry disse que poderia haver congelamento de ativos russos, suspensão de vistos e “interrupções na rotina de comércio”. Ontem, a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, confirmou que os EUA estudam formas de punir a Rússia e que sanções “são prováveis”.

— Este é um passo para o qual estamos muito preparados — reforçou.

No Conselho de Segurança da ONU, os representantes de Washington e Moscou se enfrentaram, cada qual defendendo sua versão da situação. O embaixador russo, Vitaly Churkin, apresentou uma carta do presidente ucraniano deposto, Viktor Yanukovich, pedindo apoio russo para salvar um país “à beira da guerra civil”. A embaixadora americana, Samantha Power, tachou de “inverdades” as afirmações russas.

— A ação militar russa não é uma missão de proteção dos direitos humanos — acusou.

Enquanto a crise parece tragar as potências mundiais a uma versão pós-moderna da Guerra Fria, na Crimeia, relatos confirmavam que a península ucraniana estava tomada por forças russas. E em várias cidades do Leste da Ucrânia, onde predomina a população etnicamente russa, houve novos distúrbios. Manifestantes pró-Rússia invadiram o Parlamento regional em Donetsk e sedes do governo em Lugansk e Odessa. Enquanto isso, Putin inspecionava exercícios militares perto da Ucrânia.

Fonte: O Globo

Putin ordena fim de manobras militares e regresso das tropas russas

Por Valor, com agências internacionais

SÃO PAULO - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou o fim dos exercícios militares no oeste e centro do país, alguns deles perto da fronteira da Ucrânia, e ordenou o retorno das tropas envolvidas no treinamento às suas bases. As manobras militares surpresas foram anunciadas na semana passada e envolveram mais de 150 mil homens, além de aviões, helicópteros, blindados e navios de guerra.

Não há informações claras, contudo, sobre o movimento dos soldados na Crimeia, região autônoma da Ucrânia com maioria da população de origem russa e com uma base naval de Moscou. Tudo indica que a tensão nesse local continua alta, onde as forças russas bloqueiam instalações militares ucranianas.

A decisão de Putin foi tomada no mesmo dia que o secretário americano de Estado, John Kerry, visita a capital da Ucrânia para discutir como ajudar o país que enfrenta uma crise política. Ainda hoje, uma equipe do Fundo Monetário Internacional (FMI) deve chegar em Kiev para avaliar possível assistência financeira e as reformas necessárias.

A Ucrânia passa por uma turbulência política, que levou à deposição do presidente Viktor Yanukovich, aliado da Rússia, e a criação de um governo interino, que prepara eleições para maio. Moscou considera ilegítima a nova direção ucraniana.

Líder do PPS quer afastamento do ministro do Trabalho

Manoel Dias é suspeito de participação em um esquema para empregar militantes do PDT como 'fantasmas' em entidade

Fábio Fabrini

BRASÍLIA - O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), vai pedir à Comissão de Ética da Presidência que avalie o afastamento do ministro do Trabalho, Manoel Dias, suspeito de envolvimento em um esquema para empregar militantes de seu partido, o PDT, como "fantasmas" em uma entidade que recebia recursos da pasta.

Para Bueno, "o fato de a Polícia Federal solicitar judicialmente uma investigação contra o ministro é suficiente para a demissão". Como o Estado revelou na segunda-feira, 3, a PF viu indícios da participação de Dias nas supostas irregularidades e pediu à Justiça Federal em Santa Catarina que remeta os autos ao Supremo Tribunal Federal para a abertura de um inquérito específico sobre a conduta do pedetista. Como ministros têm foro privilegiado, só o STF pode autorizar investigações criminais sobre eles.

Bueno criticou a presidente Dilma Rousseff pela "frouxidão" ao manter o ministro no cargo, apesar das suspeitas. "O Palácio do Planalto precisa demiti-lo o mais rápido possível", disse o deputado. "Acredito que a Justiça dará a resposta necessária para o caso, mas isso pode demorar. A manutenção de Manoel Dias no cargo representa um grande desrespeito com o trabalhador e com toda a sociedade brasileira."

Ex-integrantes do PDT em Santa Catarina, em depoimento à PF, confirmaram ter recebido pagamentos da ADRVale - entidade que era abastecida por recursos de convênios com o Trabalho - sem prestar serviços para ela.

O suposto esquema foi denunciado pelo ex-presidente da juventude pedetista em Santa Catarina, John Sievers Dias, em entrevista ao Estado publicada em setembro. Segundo ele, a ordem para receber da entidade sem trabalhar foi de Dias, na época presidente do diretório catarinense do PDT. Enquanto recebia salários da ADRVale, o então dirigente prestava serviços à Universidade Leonel Brizola, braço pedetista para a formação política da militância.

Resposta. O ministro nega as irregularidades, atribuindo as denúncias a "fogo amigo". A ADRVale, hoje inativa, sustenta que todos os funcionários listados em sua folha de pagamentos trabalharam efetivamente para a entidade.

No ano passado, após uma operação da PF ligar funcionários do ministério a supostos desvios de convênios com outra entidade, o então secretário executivo Paulo Roberto Pinto, número dois de Dias, pediu demissão. "Naquele momento, toda a equipe do ministro estava envolvida com o esquema e já havia fortes indícios da participação de Dias no episódio", afirmou Bueno. "Agora temos a PF pedindo o seu indiciamento por acreditar no seu efetivo envolvimento. A presidente Dilma deveria dar uma resposta a altura e não tolerar práticas de corrupção, mas faz justamente o contrário."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Custo da Copa bate em R$ 26 bilhões, de acordo com Matriz de Responsabilidade

Montante investido na organização do evento, se revisado, poderá chegar até os R$ 30 bilhões

Almir Leite

SÃO PAULO - O custo da Copa do Mundo é de R$ 26 bilhões, de acordo com a última atualização da Matriz de Responsabilidades, documento que reúne todas as intervenções relacionadas com o Mundial a cargo do governo federal, dos governos estaduais e cidades-sede. A lista tem de obras em estádios a projetos na área de turismo, passando por telecomunicações, portos e segurança, entre outros itens, formando um quadro completo.


No entanto, esse valor está defasado (há estimativas de que, no final, a conta baterá nos R$ 30 bilhões). Isso porque a última atualização da Matriz foi feita em setembro do ano passado – houve outra em novembro, basicamente para a retirada do documento de obras que não ficarão prontas até a Copa.

Dessa maneira, não entraram no cálculo despesas como as com as estruturas temporárias, exigência da Fifa para todas as arenas do Mundial. Em média, o custo vai ser R$ 40 milhões por estádio, a serem gastos com itens diversos como aluguel de tendas, aparelhos de raio X e implantação do sistema de tecnologia de informação.

Essa é uma das pendências na preparação para a Copa. A 100 dias de a bola rolar, a maior parte das cidades ainda não viabilizou a aquisição de materiais e equipamentos que compõem o aparato das temporárias. Pior: em alguns casos ainda há discussão para definir quem vai pagar a conta.

São Paulo
É o caso de São Paulo. Por contrato, a obrigação de arcar com os custos – R$ 43 milhões, de acordo com orçamento apresentado em 20 de janeiro por Andrés Sanchez ao prefeito Fernando Haddad e ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke – é do Corinthians, o dono da arena.

Prefeitura e governo estadual contribuirão com instalações físicas e materiais para as temporárias no estádio em Itaquera, mas os cerca de R$ 39 milhões que terão de ser gastos com itens como tendas, cabos óticos e aluguel de geradores deverão ficar a cargo do clube. O Corinthians busca parcerias para viabilizar as temporárias. O problema é que o tempo está passando, no caso da Arena Corinthians e de várias outras, e o atraso pode comprometer a qualidade de alguns sistemas e equipamentos que serão instalados.

Segundo especialistas da área, por exemplo, são necessários 120 dias para instalar toda a infraestrutura de telecomunicações (antenas, cabos, roteadores e vários outros itens). Até agora, nenhum dos 12 estádios teve o sistema instalado.

Pela metade
Há obras complexas por fazer, mas até intervenções simples estão atrasadas. É o caso das obras no entorno do Beira-Rio, em Porto Alegre. Basicamente, é preciso fazer a pavimentação das vias, pequenas, mas ainda não foi feita sequer a licitação – o primeiro edital não atraiu interessados. Com isso, há o risco de a obra acabar durante a Copa (o prazo de execução é de quatro meses).

Há situações em que a obra prometida será entregue parcialmente. O principal exemplo é o do VLT entre Cuiabá e Várzea Grande, no Mato Grosso, projetado, entre outros argumentos, para atender a Arena Pantanal. Até a Copa, porém, só estarão concluídos 5,7 km dos 23 km do percurso.

O VLT de Cuiabá é sempre citado pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, quando fala do legado da Copa. Ele argumenta que, não fosse o Mundial, tal obra só seria realizada daqui a 30 anos. Assim, terminado o Mundial restará observar quanto tempo vai levar que o VLT esteja totalmente concluído.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Estudo inédito revela que o brasileiro vota de forma conservadora

Pesquisadoras mostram que o eleitor brasileiro prefere votar em homens com mais de 50 anos, alta escolaridade e da carreira política. Em Minas Gerais, o envelhecimento dos eleitos é maior

Bertha Maakaroun

Entre 1998 e 2010, número de deputados eleitos para a Assembleia Legislativa de Minas que já eram políticos saltou de 21,92% para 63,8%

Estudo inédito sobre o perfil dos deputados estaduais e distritais eleitos entre 1998 e 2010 revela um eleitor conservador, que privilegia o voto em representantes homens, com alta escolaridade, da carreira política. Além disso, até pelo crescimento das taxas de reeleição, a cada novo pleito é registrado aumento da idade média com predominância, em 2010, de deputados eleitos de 50 a 59 anos. A conclusão é de Simone Cristina Dufloth, da Fundação João Pinheiro, coordenadora do projeto “Análise do perfil dos representantes eleitos nas assembleias legislativas: estudo aplicado às unidades da federação”, e das pesquisadoras Cláudia Júlia Guimarães Horta e Carla Cristina Aguilar de Souza.

É um voto que favorece o status quo e o parlamentar que já está na carreira. “Entre 1998 e 2010, cresceu de 17,1% para 47,6% o sucesso eleitoral de candidatos que informaram à Justiça Eleitoral ter carreira política”, avaliam elas. Até porque, reeleitos, os parlamentares também estão mais velhos a cada novo pleito. A idade média dos deputados estaduais eleitos subiu nesse período de 44,97 anos em 1998 para 47,85 anos em 2010, indica o estudo. Quando os deputados estaduais e distritais eleitos para as assembleias legislativas e câmara distrital são analisados segundo as faixas de idade, há um deslocamento entre 1998 e 2010 da categoria de 40 a 49 anos – que em 1998 representava 41,5% dos eleitos – para a categoria de 50 a 59 anos, que em 2010 já integrava 31,34% dos eleitos.

Em Minas Gerais, esse perfil da representação de deputados estaduais que se expressa na “carreira política” e, a cada novo pleito, no “envelhecimento” dos eleitos, é ainda mais intenso. Entre 1998 e 2010, os deputados que informaram ter carreira política à Justiça eleitoral saltaram de 21,92% para 63,8%. Além disso, a sua idade média é maior do que a média geral de idade dos deputados estaduais e distritais das assembleias do país: passou de 47,59 anos em 1998 para 48,28 anos em 2010.

Esses dados são consistentes com a queda na taxa de renovação nos legislativos brasileiros ao longo da última década: mais parlamentares estão se reelegendo. Dados do Departamento Intersindical de Estudos Parlamentares (Diap) indicam que na Câmara dos Deputados em 2006 foram 48% de novos deputados eleitos. Em 2010, 45% novos deputados ganharam cadeiras. Nas assembleias legislativas de todo o país, a taxa de renovação média caiu de 52,58% em 2002 para 44,17% em 2006 e para 40% em 2010, segundo informações fornecidas pela União Nacional dos Legislativos (Unale).

Além de ter, ao longo das últimas quatro eleições para as assembleias legislativas, optado cada vez menos por novos candidatos “de fora” da carreira política, o eleitor brasileiro continua a se identificar mais com as candidaturas de homens do que de mulheres. Também para as assembleias legislativas é reiterada a constatação de especialistas que acompanham a representação feminina na Câmara dos Deputados. “Entre 1998 e 2002, as deputadas eleitas subiram de 10,11% para 13,35%. Mas esse percentual oscilou para 11,66% em 2006 e para 13,02% em 2010”, sustenta Simone Cristina Dufloth.

Em 2010, as assembleias legislativas do Mato Grosso do Sul, do Mato Grosso, de Goiás e de Minas Gerais apresentaram o pior desempenho em relação à representação feminina. Nas duas primeiras, nenhuma mulher foi eleita. Em Goiás, apenas 5,71% das cadeiras; em Minas, 5,8%. Nas assembleias legislativas de Sergipe, do Amapá e do Piauí foram registrados os maiores índices de sucesso eleitoral feminino: 23,81%, 25% e 25,93% das cadeiras foram conquistadas por mulheres.

Preconceito
O pífio desempenho eleitoral das candidaturas femininas se verifica apesar da chamada política de cotas, diretriz legal em vigor desde 1997, segundo a qual cada partido ou coligação deve preencher o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo, assinalam as pesquisadoras. “As mulheres também continuam subrepresentadas a despeito de a composição do eleitorado brasileiro ter se revertido no hiato de gênero, passando as mulheres a representar a maioria dos votantes em todas as faixas etárias”, acrescenta Simone Cristina Dufloth.

As pesquisadoras chamam ainda a atenção para o fato de a subrepresentação da mulher nos legislativos brasileiros apontar para o preconceito do eleitorado em relação à mulher, que, em sua avaliação, manifesta-se, principalmente, pelo eleitorado feminino, que também é influenciado pela cultura patriarcal, conservadora, e, muitas vezes, por forças religiosas que reforçam o “papel subalterno” da mulher.

Apesar de na população brasileira, segundo o censo de 2010, apenas 7,9% ter o ensino superior completo, 70% dos deputados estaduais e distritais eleitos no último pleito têm nível de escolaridade superior completo. “Na eleição de 1998, 63,69% dos deputados estaduais e distritais declararam ter nível de escolaridade superior completo. Ao longo das últimas eleições, esse percentual vem aumentando paulatinamente”, afirma Simone Cristina Dufloth. “Pessoas com baixa escolaridade têm, a princípio, menores chances de ser eleitas para deputado estadual ou distrital”, considera Simone Cristina Dufloth. Em 2010, apenas 5,21% dos deputados estaduais e distritais eleitos tinham escolaridade menor do que o ensino médio completo. Em Minas Gerais, em 2010, 72,46% dos deputados estaduais eleitos tinham escolaridade superior e apenas 4,35% não tinham concluído o ensino médio.


Estratégia eficiente
Embora ainda considerada alta quando a taxa de renovação dos legislativos brasileiros é comparada com outras democracias estáveis, é fato que a carreira política é intercalada por mandatos legislativos e executivos. Depois de eleitos, muitos deputados estaduais e federais disputam, já no ano seguinte, as prefeituras. Especialistas consideram a estratégia eficiente para que os deputados permaneçam na carreira política: nas eleições majoritárias ganham visibilidade e, se eleitos, assumem a chave do cofre do município, o que constitui grande oportunidade para levar benefícios às suas bases eleitorais. Ao fim do mandato executivo voltam para as assembleias legislativas e Câmara dos Deputados.

Fonte: Estado de Minas

Unidos da urna

A três meses do início oficial da campanha, pré-candidatos à sucessão de Dilma, incluindo ela própria, já colocam seus times na avenida

Ranier Bragon Natuza Nery

BRASÍLIA - A largada oficial para a sucessão de Dilma Rousseff (PT) só começa em junho, mas os três principais candidatos ao Palácio do Planalto já articulam a linha de frente de suas campanhas.

Favorita até agora, com 47% da preferência no Datafolha, a presidente repetirá a base de sua campanha em 2010: o ex-presidente Lula como conselheiro-mor e João Santana como chefe do marketing.

O ex-ministro Franklin Martins vai chefiar a comunicação. Rui Falcão, presidente do PT, coordenará a campanha.

Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) também contam com figuras expressivas em seus times. O plano de governo de Aécio, que tem 17% no Datafolha, será tocado por Antonio Anastasia, governador de Minas. Haverá um colegiado para o marketing e Paulo Vasconcelos integrará a equipe.

Campos, com 12%, tem como principal nome de sua equipe a ex-senadora Marina Silva, dona de quase 20% dos votos em 2010.

O publicitário argentino Diego Brandy atuará na comunicação. Os deputados Márcio França (SP) e Beto Albuquerque (RS) estarão na linha de frente da equipe.

Fonte: Folha de S. Paulo

Advogados eleitorais ganham status e mercado com judicialização da política

Ricardo Galhardo

Na segunda quinzena de fevereiro, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entregou ao Ministério da Educação uma proposta de mudança no currículo dos cursos de direito do País. Uma das novidades é a obrigatoriedade do ensino de legislação eleitoral, historicamente relegado pelas faculdades à categoria de disciplina opcional. O motivo, de acordo com a OAB, é o aumento substancial da demanda por especialistas na área nos últimos anos, provocada pela crescente judicialização do processo eleitoral.

"Até alguns anos atrás tínhamos três ou quatro escritórios especializados em São Paulo. Hoje são dezenas", disse Luciano Pereira dos Santos, da Comissão de Direito Eleitoral da seção paulista da OAB.

Diante do aumento da demanda, algumas faculdades se anteciparam e já incluíram a disciplina na grade obrigatória dos cursos. "Com a judicialização da política, o direito eleitoral se tornou um campo permanente de atuação jurídica, ao contrário do que acontecia anos atrás, quando os escritórios especializados só eram procurados na época das eleições", disse o professor Alysson Mascaro, do Mackenzie, que tornará a disciplina obrigatória a partir do próximo semestre. "Estamos atendendo a uma demanda do mercado."

Terceiro turno. Estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o número de processos em anos não eleitorais mais que dobrou em menos de uma década. Em 2007, o TSE contabilizou 4.367 decisões. Em 2013, esse número chegou a 10.890.
"No Brasil se instituiu o fenômeno do terceiro turno eleitoral", disse o presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB, Norberto Campelo.

O motivo é o surgimento de novas leis de iniciativa popular, como a Ficha Limpa, e o aumento das penas para compra de votos. Com as novas regras, os candidatos procuram os escritórios até um ano antes das eleições para resolver possíveis pendências e, em alguns casos, continuam dependendo dos advogados após a posse para se defender de pedidos de cassação.

"O Judiciário está muito mais severo. Antes, a acusação tinha que ser muito grave para haver uma cassação. Mas é verdade também que os políticos tem se tornado cada vez mais corruptos", disse Alberto Rollo, um dos decanos do direito eleitoral paulista, com 50 anos de atuação na área.

Não há estatísticas sobre o mercado de direito eleitoral, mas é consenso entre advogados e políticos que o nicho foi um dos que mais cresceram nos últimos anos. O escritório de Rollo, por exemplo, que por quatro décadas contou só com ele próprio, hoje tem quatro advogados associados e chega a contratar 25 auxiliares em ano eleitoral.

Além da atuação defensiva, os advogados se tornaram ferramentas fundamentais nas campanhas. De acordo com Rollo, a maior fonte de demandas judiciais no período eleitoral é a propaganda no rádio, TV e internet, considerada a principal arma do marketing político moderno. Partidos e candidatos contratam batalhões para esquadrinhar as peças exibidas pelos adversários em busca de irregularidades que possam levar à perda de minutos preciosos na TV.

Nesse cenário, os advogados foram alçados a um status tão importante nas campanhas quanto o dos marqueteiros e são objeto de disputa entre os partidos. É o caso de Helio Silveira, que trabalhou para o PT em diversas eleições, assessorou a campanha de Marina Silva à Presidência pelo PV em 2010 e hoje trabalha para o pré-candidato do PMDB ao governo de São Paulo, Paulo Skaf. A perda do advogado para um adversário desgastou o presidente do PT paulista, Emidio de Souza, na direção nacional da sigla.

Ataque e defesa. A preocupação com as questões jurídicas é tanta que partidos como PT e PSDB se preparam tanto para apontar erros dos adversários quanto evitar problemas nos tribunais. No início de fevereiro, a direção nacional petista reuniu todos os secretários estaduais de comunicação para uma espécie de curso intensivo sobre o que é permitido ou proibido nas propagandas partidárias e eleitorais.

Os advogados tucanos, por sua vez, estão produzindo uma cartilha que será distribuída a todos os candidatos e diretórios do partido. Fora isso, o PSDB montou uma força-tarefa que, a partir de segunda-feira, vigiará tudo o que envolve o governo e o PT em todo o País para fazer representações ao Ministério Público contra campanhas publicitárias da presidente Dilma Rousseff e de ministros e de estatais que mostrem alguma ligação com petistas.

"Vamos ter um time de juristas que ficará vigilante a tudo o que acontece na pré-campanha e na campanha", disse o deputado Carlos Sampaio (SP), coordenador jurídico da pré-campanha do senador tucano Aécio Neves (MG) ao Planalto. Para Sampaio, a disputa será difícil nas urnas e nos tribunais. "Vai ser uma batalha duríssima de natureza jurídica."

Colaborou João Domingos

Fonte: O Estado de S. Paulo

Assembleias legislativas de seis estados elevam gasto com pessoal

Em todos os casos, folha está no limite ou ultrapassou teto previsto pela lei fiscal

Silvia Amorim

SÃO PAULO - Num flagrante de má gestão pública, cresceu nos últimos anos o número de assembleias legislativas que estão com os gastos com pessoal no vermelho. Enquanto em 2011, início da atual legislatura, eram quatro legislativos gastando mais do que o estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ou muito perto de atingir o limite máximo, atualmente são seis. A lista de pendurados pode ser ainda maior, já que em muitos estados as assembleias estão recorrendo a artifícios contábeis para maquiar as despesas e driblar a LRF.

O GLOBO analisou na semana passada os balancetes fiscais de 2011 a 2013. Por lei, as assembleias são obrigadas a divulgar o documento a cada quatro meses. Neles, fica claro um comportamento-padrão na maioria das casas legislativas no sentido oposto ao que pregam as boas práticas de gestão pública. De maneira geral, elas têm aumentado a cada ano o peso da folha de pagamento sobre o orçamento. O resultado disso é uma redução dos recursos para investimentos e melhorias no funcionamento dos legislativos. O efeito prático já pode ser percebido em alguns estados, com assembleias funcionando com instalações e condições de trabalho precárias.

Em Alagoas, falar com deputados e funcionários somente é possível por celulares. O sistema de telefonia fixa da Assembleia não funciona. O detalhe é que o Legislativo alagoano está entre os que têm os maiores índices de gasto com pessoal. Em 2011, ele comprometia 1,73% do orçamento (da receita corrente líquida) com a folha de pagamento; em 2013 esse índice passou para 2,16%.

Sem energia elétrica
Na Paraíba, em outubro passado, uma pane elétrica deixou às escuras a Assembleia. A sessão que ocorria no plenário precisou ser interrompida, e, até hoje, o prédio está fechado para reforma. Setores que não podem deixar de funcionar estão alocados em prédios anexos do Legislativo. A previsão é que o edifício principal seja aberto este mês.

Nos últimos três anos, o Legislativo paraibano fez um esforço para reduzir o peso dos gastos com pessoal. Presidente do sindicato dos funcionários do Legislativo, Hélio Gomes, descreveu as condições em que a assembleia funcionava:

- O prédio foi construído numa época em que não havia computadores nem ar condicionado. Não aguentou a sobrecarga e deu a pane. Nós já havíamos solicitado melhorias no prédio antes do problema porque as condições de trabalho eram desumanas. Tinha servidor que ia para casa trabalhar porque não tinha computadores nem espaço suficientes. Para você ter uma ideia, a fiação de telefonia e dos computadores passava junto dos cabos de energia - disse Gomes.

Apesar da alta despesa com salários, a Assembleia de Alagoas não aparece na lista das que estão no vermelho porque, no fim de 2013, os deputados alagoanos decidiram alterar por conta própria os limites impostos pela LRF - de 2% para 3%. Segundo o Ministério Público Estadual, a medida é inconstitucional e pode abrir uma brecha perigosa se for adotada em outros estados.

- Os deputados aprovaram um dispositivo que aumentou de 2% para 3% o limite de gasto com pessoal numa afronta à autonomia do Legislativo federal e da União, que são os entes autorizados a fazer esse tipo de mudança - afirmou o procurador-geral de Contas de Alagoas, Pedro Barbosa.

Para piorar, Barbosa diz que os índices de gastos apresentados pela Assembleia não correspondem à realidade porque a direção da Casa tem excluído dos cálculos a despesa com inativos. Há, pelo menos, 20 procedimentos investigatórios em andamento contra a Assembleia alagoana por suspeita de desvio de recursos públicos da folha de pessoal. No ano passado, toda a Mesa Diretora foi afastada por decisão da Justiça. Atualmente, todos estão de volta às funções.

De acordo com os balancetes apresentados pelos legislativos, estão no vermelho Pará, Rio Grande do Norte - que já ultrapassaram o limite legal para gasto com pessoal -, Goiás, Mato Grosso do Sul, Roraima e Tocantins - que superaram o limite de alerta da LRF e estão muito perto do teto máximo. O GLOBO não conseguiu acesso aos dados de 2013 de dois estados: Acre e Piauí. O jornal procurou a direção dessas assembleias, mas nenhuma delas se manifestou.

Quem extrapola o limite determinado por lei pode sofrer sanções da União, como ficar impedido de receber transferências de recursos federais e contrair empréstimos. A LRF dá prazo de oito meses para a assembleia reajustar a despesa. Mas, para evitar o sufoco, manobras para maquiar os índices são o caminho mais escolhido pelos legislativos estaduais.

- Não contar o Imposto de Renda Retido na Fonte é a manobra mais antiga para driblar a LRF. Logo depois da lei, o Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul criou essa saída - explica o economista José Roberto Afonso.

Fonte: O Globo

Presidenciáveis aproveitam feriado de carnaval para criticar governo federal

Aécio Neves e Eduardo Campos citaram obras atrasadas da Copa, manifestações de rua e a necessidade de "renovar" o quadro político

Alice Maciel

Durante o feriado de carnaval, os presidenciáveis de oposição à presidente Dilma Rousseff (PT), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), não deram trégua às críticas ao governo federal. Na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, o político mineiro, que assistiu à primeira noite dos desfiles cariocas, atacou os atrasos em obras de infraestrutura para a Copa do Mundo. “No campo eu acho que o Brasil tem tudo para ganhar a Copa, mas do que foi prometido em termos de infraestrutura houve um fracasso absoluto: 23% das obras programadas não estão prontas, pararam no meio do caminho por incompetência do governo federal”, afirmou Aécio. No interior de Pernambuco, Campos disse que o Brasil deseja renovação da política.

Além de mencionar os atrasos das obras para os jogos do Mundial, o senador tucano criticou a resposta do governo Dilma às manifestações de rua. “O governo reagiu mal desde o início, quando propôs algo incompreensível, como uma Constituinte exclusiva e uma reforma política que não tinha consenso nem mesmo dentro do partido. De tudo o que foi defendido nas ruas, não assistimos a nada.” Ele defendeu os protestos, mas disse que o policiamento precisa ser aprimorado. “Acho que as manifestações têm de ser permitidas, e a violência, coibida. A polícia tem que ser mais bem preparada. O governo tem que dizer ‘eu participo com x’, mas até hoje isso não existe. Os recursos federais de segurança pública são contingenciados, e no fim do ano alguns amigos do rei e da rainha vão lá e liberam alguma coisa. A responsabilidade fica com os estados, que são os que menos têm”, afirmou Aécio. Em relação ao candidato do PSDB ao governo do Rio, o senador mineiro disse que buscará “com calma”, em acordo com o PPS e o DEM, após a recusa do técnico da Seleção Masculina de Vôlei, Bernardinho.

Aécio assistiu aos desfiles no sambódromo do Rio, no camarote da revista Rio, Samba & Carnaval. O senador dispensou o convite do prefeito Eduardo Paes (PMDB) para o camarote da prefeitura, que recebeu, entre outros políticos, o presidente nacional do PT, Rui Falcão. “Não vou misturar carnaval com política. Vim só dar um abraço no Boni (o empresário José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, homenageado pela Escola de Samba Beija-Flor). O prefeito me convidou, mas não sei se vai dar tempo de ir lá. Minha mulher está grávida, acho que nem fico até o fim do desfile. Quero ver pelo menos a verde e rosa”, disse o tucano, que é mangueirense e já desfilou, de acordo com ele, “sete ou oito vezes” pela escola. Na sexta-feira, ao passar pelo camarote Expresso 2222, do cantor Gilberto Gil, em Salvador, Aécio relevou que será pai de gêmeos. Sua mulher, Letícia Weber, está grávida de um menino e uma menina, que vão nascer em agosto.

Raposas
Já Eduardo Campos, aproveitou o feriado para percorrer municípios pernambucanos e apresentar seu pré-candidato ao governo do estado, Paulo Câmara (PSB), o vice dele Raul Henry (PMDB), e o ex-ministro da Integração, Fernando Bezerra, que disputará o Senado. Até amanhã, Campos deve passar por nove cidades.

Ele esteve ontem em Nazaré da Mata, a 70km do Recife, onde, durante visita a uma associação de mulheres, soltou críticas ao governo federal. Sem citar partidos, o presidenciável socialista disse que o povo quer “aposentar um bocado de raposa que estão assaltando o sonho dos brasileiros”. “O Brasil não quer mais ver aquele pacto político velho, mofado, carcomido do interesse da população. O Brasil deseja a renovação da política”, afirmou. (Com agências)

Homenagem à Mulher
A presidente Dilma antecipou ontem, em seu programa semanal de rádio, as comemorações do Dia Internacional da Mulher, celebrado dia 8. “Eu quero dar os parabéns a todas as mulheres brasileiras por esse dia tão especial e dizer que nós, mulheres, avançamos muito na conquista de direitos e de uma vida melhor no Brasil. Para sermos uma nação mais justa e desenvolvida, o Brasil precisa valorizar cada vez mais a força e o talento de cada uma de suas mulheres”, disse.

Fonte: Estado de Minas

Aécio critica demora do governo em terminar obras da Copa

Na avenida, o pré-candidato tucano, que já desfilou sete vezes, falou ainda que o Brasil precisa de uma polícia mais bem preparada

RIO - Veterano do samba na Sapucaí, o pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, criticou o governo federal na noite deste domingo. Na avenida, o senador tucano lamentou a demora no término de várias obras de infraestrutura para a Copa do Mundo.

- É uma pena que o que foi prometido pelo governo ficou no meio do caminho - disse o presidenciável.

Ele também fez críticas aos atos violentos ocorridos nas manifestações dos últimos meses. Tanto a vinda dos manifestantes, quanto do despreparo da polícia:

- A violência tem de ser coibida, mas também precisamos de uma polícia mais bem preparada e de uma política nacional de segurança.

Folia e política
Convidado do camarote Rio, Samba e Carnaval, na Sapucaí, Aécio Neves afirmou, ainda, ser habitué do carnaval carioca. O tucano lembrou já ter desfilado sete vezes ao longo de sua vida. Segundo ele, é possível conciliar a folia com a rotina política.

Fonte: O Globo

Eduardo Campos faz críticas ao governo federal

Em sua passagem pela cidade da Zona da Mata Norte, Campos atacou o que chama de "velha política"

O governador Eduardo Campos (PSB), virtual candidato à Presidência da República, aproveitou a passagem por Nazaré da Mata, nesta segunda-feira (3), para fazer críticas ao governo federal. Campos declarou que quem está no poder não pensa no interesse público. "Brasília está cheia de gente que pensa mais em si do que na nação", ressaltou. O governador aproveitou também para atacar o que chama de "velha política". "O pacto que está aí é um pacto velho, carcomido e mofado. Ele não representa mais a ideia de nação mais ética e de Justiça", disse.

Eduardo Campos falou rapidamente com a imprensa logo após apresentação dos maracatus em Nazaré da Mata.O governador estava acompanhado do secretário da Fazenda de Pernambuco, Paulo Câmara, e do ex-ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho, escalados pelo gestor para a disputa do governo do estado e da vaga para o Senado através da Frente Popular. Campos também esteve na Associação das Mulheres de Nazaré da Mata, no centro da cidade.

O governador evitou falar sobre a candidatura da ex-senadora Marina Silva (Rede) para vice na sua chapa de presidente. No entanto, o nome dela deve ser confirmado ainda neste mês. Pesquisas internas encomendadas pelo PSB mostram que o peso eleitoral do socialista cresce quando ele tem o nome associado ao de Marina Silva, que se filiou ao PSB após ver rejeitada a ação para que o seu partido fosse criado. Segundo um socialista ouvido pelo Diario, os nomes de Eduardo e Marina representam a consolidação de um projeto de governo.

Campos também esteve na Casa da Rabeca do Brasil, na Cidade Tabajara, em Olinda. O local foi palco da 10ª edição do Carnaval Mesclado, evento que reúne 60 grupos de maracatus, caboclinhos, frevo e cavalo marinho, entre outros ritmos que simbolizam a cultura pernambucana. Nas proximidades, também foi realizada a 24ª edição do Encontro Estadual de Maracatus de Baque Solto, que reuniu agremiações de todo o estado, que também se dirigiram à Casa da Rabeca.

"É uma alegria voltar à Casa da Rabeca, como faço todas as segundas-feiras de carnaval, para aplaudir a cultura pernambucana, para agradecer a resistência de tantos mestres que, ao longo de tempos até mais difíceis seguraram as nossas raízes e garantiram essa expressão bonita de nossa cultura", destacou o governador, que antes de Olinda, esteve em Tracunhaém e Nazaré da Mata, ambos na Mata Norte, onde assistiu às apresentações de diversos maracatus, que também se apresentarão na Casa da Rabeca nesta segunda-feira.

Eduardo foi recebido por Pedro Salustiano, filho do rabequeiro Mestre Salustiano, que foi o fundador da Casa da Rabeca e do maracatu rural Piaba de Ouro. "Quero agradecer a Pedro e a toda a sua família, na memória do mestre Salustiano pela grande contribuição dada à cultura pernambucana. Desejar a todos um grande Carnaval em 2014, e que essa resistência do maracatu possa nos animar a resistir na construção de uma pátria livre, de um País mais justo e de um Pernambuco que siga em frente", afirmou o governador. A agenda de carnaval do governador para esta segunda-feira ainda incluiu visitas aos municípios de Paudalho e Chã de Alegria, também na Mata Norte pernambucana.

Fonte: Diário de Pernambuco

Línguas afiadas durante a folia

Assistindo aos desfiles na Sapucaí, Aécio Neves diz que governo federal ‘fracassou’ em obras da Copa

RIO DE JANEIRO e RECIFE. Os pré-candidatos à Presidência e principais concorrentes de Dilma Rousseff neste ano – Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE) – não deram trégua durante o Carnaval e, mesmo durante a folia, dispararam críticas ao governo federal.

No segundo dia de seu périplo carnavalesco pelo interior de Pernambuco para apresentar os candidatos da chapa governista no Estado, o governador Eduardo Campos disse ontem que o povo quer “aposentar um bocado de raposas que está assaltando o sonho” dos brasileiros.

Sem citar nomes nem partidos, Campos fez críticas ao governo federal e à “velha política” durante visita a um associação de mulheres em Nazaré da Mata, a 70 km do Recife. “O Brasil não quer mais ver aquele pacto político velho, mofado, carcomido do interesse da população. O Brasil deseja a renovação da política, deseja aposentar um bocado de raposa que hoje está assaltando o sonho do povo brasileiro, está barrando as mudanças que todos nós ajudamos a ver na cena brasileira”, afirmou pela manhã.

De domingo até nesta terça, Campos deve percorrer nove municípios pernambucanos para apresentar seu pré-candidato ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), o vice dele, Raul Henry (PMDB), e o ex-ministro da Integração, Fernando Bezerra, que disputará o Senado.

Já o senador mineiro Aécio Neves, que passa o Carnaval no Rio de Janeiro, onde mora com a esposa, criticou o governo federal e o PT na primeira noite de desfiles no sambódromo do Rio. Ele mencionou atrasos em obras de infraestrutura para a Copa do Mundo e o que classificou de falta de verbas para a segurança pública.

“No campo, eu acho que o Brasil tem tudo para ganhar a Copa, mas do que foi prometido em termos de infraestrutura houve um fracasso absoluto: 23% das obras programadas não estão prontas, pararam no meio do caminho por incompetência do governo federal. Infelizmente, o bom legado que outros países tiveram nós não vamos ter, pela incapacidade do PT”, afirmou o tucano, sem considerar que parte das obras é de responsabilidade de governos estaduais e prefeituras.

O tucano havia sido convidado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), para assistir aos desfiles do camarote da prefeitura, que recebeu, entre outros, o presidente nacional do PT, Rui Falcão. “Não vou misturar carnaval com política. O prefeito me convidou, mas não sei se vai dar tempo de ir lá. A minha mulher está grávida, acho que nem fico até o final do desfile. Quero ver pelo menos a verde e rosa”, disse o tucano, que é mangueirense e já desfilou cerca de “sete ou oito vezes” pela escola fluminense.

Manifestações
Respostas. Aécio criticou a resposta do governo Dilma às manifestações de rua. “O governo reagiu mal desde o início. De tudo o que foi defendido nas ruas, não assistimos a nada.”

Fonte: O Tempo (MG)

Vandalismo com dinheiro público – Editorial / O Estado de S. Paulo

Sempre que podem, os ditos "sem-terra" reclamam publicamente da presidente Dilma Rousseff porque ela, corretamente, desapropriou menos terras para a reforma agrária do que Fernando Henrique Cardoso. Mas eles se queixam de barriga cheia: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), faça o que fizer, destrua o que destruir, será sempre beneficiado pelo governo petista com generosas verbas públicas - que garantem sua sobrevida como "movimento social", mesmo que não haja mais a menor justificativa para sua existência, a não ser como caso de polícia.

Segundo revelou o Estado, uma entidade ligada ao MST recebeu dinheiro da Petrobrás, da Caixa Econômica Federal, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para realizar um congresso de sem-terra - e foi nesse evento, em Brasília, no último dia 12/2, que o MST reafirmou sua verdadeira natureza: criminosa e hostil às instituições democráticas.

Milhares de militantes atacaram policiais que tentavam impedi-los de invadir o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. O saldo de feridos deu a exata medida do ânimo violento dos manifestantes: 30 policiais (8 em estado grave) e apenas 2 sem-terra.

Os militantes lá estavam para cobrar de Dilma que acelerasse a reforma agrária, mas o protesto incluiu críticas ao julgamento do mensalão, ao uso de agrotóxicos e à espionagem americana. No balaio do grupo que diz defender desde a estatização completa do sistema produtivo nacional até a "democratização da comunicação" cabe tudo. Foi essa impostura que recebeu farto financiamento do governo para uma manifestação que, como era previsível, degenerou em quebra-quebra.

A injeção de dinheiro público no MST e em outras entidades de sem-terra que se envolvem em banditismo e ameaças ao Estado de Direito não é novidade. Em 2006, cerca de 500 desses militantes invadiram a Câmara dos Deputados, sob o comando de um petista histórico, Bruno Maranhão, dono de uma entidade que recebera R$ 2,2 milhões para "capacitação" de assentados. Segundo o Tribunal de Contas da União, esse dinheiro simplesmente sumiu.

Três anos mais tarde, o MST invadiu, depredou e saqueou a Fazenda Santo Henrique, da empresa Cutrale, em Borebi (SP). Naquela ocasião, os repasses de verbas públicas para o grupo e seus associados haviam chegado a R$ 115 milhões em cinco anos. Só no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o aumento fora de 315% em relação ao governo anterior. E o MST ainda tentou engordar o caixa vendendo produtos que seus militantes roubaram da Cutrale.

É esse histórico de leniência e de cumplicidade que explica por que a estatal de petróleo e dois dos principais bancos federais de fomento continuaram a bancar esses desordeiros sem nenhum constrangimento. No presente caso, a Petrobrás deu R$ 650 mil, a Caixa pagou R$ 200 mil e o BNDES contribuiu com outros R$ 350 mil para um convescote intitulado "Mostra Nacional de Cultura Camponesa", organizado por uma certa Associação Brasil Popular (Abrapo), ligada ao MST, e que foi o principal evento do congresso de sem-terra. Já o Incra bancou, com R$ 448 mil, a estrutura da Feira Nacional de Reforma Agrária. Em nenhum caso houve licitação.

Tanto a Caixa como o BNDES argumentaram que o patrocínio tinha como objetivo ampliar sua visibilidade no setor agrícola. A Caixa, por exemplo, informou que o evento "valoriza a população campesina brasileira e oferece oportunidade de intercambiar conhecimentos e culturas do País". Já a Petrobrás considera que o congresso "alinha-se ao programa Petrobrás Socioambiental na linha dedicada à produção inclusiva e sustentável". A estatal está tão animada com os sem-terra que vai financiar a produção de CDs do MST com "canções infantis no meio rural".

Nenhuma das empresas comentou sobre os possíveis danos à sua imagem por causa dos tumultos do dia 12. Mas o governo não parece muito preocupado. No dia seguinte aos atos de selvageria, como se sabe, os vândalos foram recebidos pela presidente Dilma em pessoa.

Miriam Leitão: Crise fora de época

A economia mundial vive um momento em que qualquer evento inesperado tem o potencial de aumentar a volatilidade e a incerteza nos mercados financeiros. A crise da Ucrânia entrou no patamar dos fatos que afetam a economia quando deixou de ser a derrubada de um governo impopular para ser uma crise militar entre a Rússia e os Estados Unidos.

A Rússia foi colocada nos últimos anos no grupo dos países emergentes. Nada mais inadequado. É, na verdade, um país que submergiu depois de ter sido a segunda potência mundial e ter visto o antigo projeto soviético se esfacelar. Do velho mundo comunista ficou o temperamento do líder Vladimir Putin, ex-chefe da KGB, a inclinação de ocupação territorial e, mais importante, um arsenal militar e nuclear não totalmente desmontado.

Nas últimas horas, o mundo viveu a estranha sensação de entrar no túnel do tempo e ver cenas, ou ler trocas de notas agressivas entre Rússia, Estados Unidos e G-7, que lembram a guerra fria. O momento atual é bem outro. Os Estados Unidos perderam a hegemonia econômica, diante da força de outros países, como a China; o G-7 há muito deixou de ser o grupo dos países poderosos; a Rússia estava se desarmando e destruindo suas ogivas nucleares com a ajuda dos Estados Unidos. O ar bélico das notas sobre as ameaças russas na Crimeia mais parece um filme de época; ou fora de época. É um retrocesso de fato assustador.

O “Financial Times" definiu como “a segunda guerra fria”, mas nem isso é apropriado. Nada do que está acontecendo parece servir para o mundo de hoje. Seja como for, isso está mexendo com os mercados, derrubando ações, o valor de moedas. Ontem, a bolsa americana, que havia atingido níveis recordes na semana passada, caiu depois de quedas fortes nos mercados europeu e asiático. Por mais irreal que possa parecer, a crise tem um potencial desorganizador enorme. O jornal inglês define os fatos como sendo a “efetiva anexação da Crimeia pela Rússia" e diz que, para a Europa, é “a mais perigosa crise desde o fim da guerra fria”.

Vladimir Putin nunca escondeu seus sonhos de que o país voltasse a ter pelo menos parte do poder que já teve. Na invasão russa da Geórgia em 2008, os Estados Unidos ameaçaram o país de expulsão do G-8 e a ameaça não foi cumprida. A Crimeia, como a Abcásia e a Ossétia do Sul, tem maioria de habitantes identificados com a Rússia.

Entre os habitantes da Península da Crimeia e da região de Donetsk, mais de 60% falam russo como primeira língua. Eles são 29,6% dos ucranianos ou 14 milhões de pessoas. A vasta maioria do país, 67,5% ou 33 milhões de pessoas, tem como língua nativa o ucraniano. O resto é de outras minorias. A Ucrânia é fundamental para o escoamento do gás da Rússia. E o gás da Rússia é parte substancial do abastecimento energético da Europa.

Por outro lado, a Rússia tem várias fragilidades econômicas e tem sofrido a saída de dólares, fato que está se agravando nos últimos dias. A bolsa russa despencou quase 11%, e o rublo já se desvalorizou 10% este ano, obrigando o governo a subir os juros em um e meio ponto percentual. Essa reação é uma demonstração de que a economia comandada por Putin está longe de ser o que ele gostaria que fosse. Se é um país do qual a Europa depende de suprimento de gás, é também um país que ficaria fragilizado caso os Estados Unidos colocassem em prática a ameaça de sanções econômicas. O “Financial Times" acha que o temor de que sejam congelados os ativos da oligarquia russa no Ocidente pode fazer Putin pensar duas vezes.

Mas, na verdade, todos os governantes têm que pensar duas vezes nos tempos atuais em que, mais do que nunca, a volatilidade de todos os ativos é sempre a resposta a qualquer aumento da tensão. O franco suíço chegou ao seu mais alto valor em 14 meses diante do euro. As commodities, como milho e trigo, subiram; o ouro teve alta rápida e a cotação do petróleo também se elevou, após a movimentação militar russa na Ucrânia. Os analistas econômicos começaram a considerar que a crise é uma ameaça de enfraquecimento do frágil movimento de recuperação da economia mundial. Outro efeito é aumentar nos investidores a aversão ao risco, o que sempre acaba batendo em todos os mercados com maiores fraquezas.

Fonte: O Globo

Eliane Cantanhêde: Fracasso, que fracasso?

Depois de mais de 30 horas de viagem por três países desde a Austrália, a chegada ao aeroporto de Guarulhos é um choque.

O avião entra na fila para descer, pousa e não tem para onde ir, depois a escada demora. Centenas de passageiros, doidos para chegar, ficam 40 minutos trancados já em terra.

A fila dos que têm conexão e precisam entregar a mala já etiquetada é grande e, como é grande, as pessoas vão perdendo seus voos para casa, os funcionários passam a cuidar delas e apenas um fica por conta dos que ainda têm chance de embarcar --que, em consequência, também acabam se atrasando. Um círculo vicioso.

Aí, vem a hora do embarque. Socorro! Quero minha mãe. Você desce a escada rolante para os três portões de número um, que ficam concentrados no mesmo espaço e servem para vários voos. Velhos, grávidas, crianças, todo mundo se acotovelando como num baile de carnaval popular. O banheiro é constrangedor, as cadeiras são poucas e há várias rasgadas.

O voo, claro, atrasa duas horas. Já passa da meia-noite, funcionários e passageiros caindo pelas tabelas, ninguém respeita fila nenhuma e vai se enfiando como pode nos ônibus e depois no avião. Bem, agora vai! Não, não vai.

O piloto anuncia um "problema técnico" na porta principal. Penso: "Se a porta, que está à vista de todos, está assim, imagine-se o resto". Mas vem o mecânico, troca uma peça e lá vamos nós. Sorte de quem sabe rezar.

Tudo isso, além de desabafo, é para questionar a frase do tucano Aécio Neves, de que a infraestrutura da Copa "está um fracasso". Para o governo e para a candidatura de Dilma Rousseff, é ótimo que esteja tudo péssimo e melhor ainda que os adversários apontem o dedo.

Por quê? Porque, quando os aeroportos ficarem prontos, vai ser um alívio geral. Pior do que está não fica e qualquer coisa que melhore já troca "fracasso" por "sucesso".

É curioso, mas o governo, agora, torce para o quanto pior, melhor.

Fonte: Folha Online

Xico Graziano: Safra no carnaval

Fala-se, no Brasil, que as coisas começam a funcionar, mesmo, somente depois do carnaval. Na economia, na política, na educação, leva-se tudo em banho-maria até o desfilar da escola de samba. Quando entra a quaresma, aí, sim, vem a pauleira. Tal preceito, porém, vale somente na cidade. Porque no campo o ritmo é diferente. Os agricultores entram no ano novo trabalhando a mil na safra. Outra folia.

Nesta altura de fevereiro/março, quando a turma da cidade se enfeita para curtir as últimas horas da grande bagunça carnavalesca, a turma da roça está com seus tratores zunindo na lavoura. Na avenida, hora da diversão; na terra, momento da colheita. Para aqueles, alegria na dança; para estes, festa no paiol. Curioso é perceber essa diferença de timing entre o campo e a cidade.

No passado não muito distante, maior ainda era a distância entre os dois mundos. Hoje em dia, progressivamente se aproximam. Primeiro, por causa do enorme êxodo populacional que esvaziou um e inchou o outro. Segundo, porque o campo está sendo "urbanizado" - estradas de asfalto, telefonia, transporte coletivo, internet, melhorias que reduzem as distâncias socioculturais. Terceiro, graças à integração produtiva que interligou a produção rural, dentro da fazenda, e a economia urbana. Antes os agricultores moravam na sede da colônia, hoje a maioria reside na cidade. Idem no caso dos trabalhadores rurais.

Mesmo considerando a moderna agroindustrialização, que de certo modo embaralha as atividades rurais com as urbanas, preservam-se algumas características únicas. Uma delas é a intensificação do trabalho em função da sazonalidade da produção agrícola. Existem períodos determinados de plantio, crescimento vegetal, florescimento e colheita dos grãos, sequência natural que determina um afã próprio. Na criação de animais, do acasalamento ao bezerro, do pintinho ao frango, do porquinho ao pernil, há que aguardar a hora da recompensa.

Na urbe, diferentemente, o trabalho humano desenrola-se com maior uniformidade, seja nas linhas de montagem industrial, seja nos balcões do comércio. Parafusos, ou roupas, fabricam-se e vendem-se todos os dias, faça chuva ou sol. Arroz ou feijão dependem do clima para vingar. Mesmo quem labuta por conta própria escolhe o momento de se ocupar. No campo, o labor conecta-se ao ciclo da natureza. E nesta época de carnaval aumenta o suadouro, pois as lavouras entram na sua fase final. Dureza.

O avanço tecnológico tem modificado o ritmo de vida do agricultor. No tempo de nossos avós havia apenas uma safra por ano. Os cereais, ou o algodão, eram plantados no início das chuvas, logo na entrada da primavera, quando o tempo esquentava. Entre março e abril realizava-se a colheita. Porém, desde que o melhoramento genético começou a se impor e a mecanização avançou, surgiram novas variedades, com ciclos de produção mais curtos, algumas precoces e outras tardias, adaptadas regionalmente. Métodos de cultivo desenvolveram-se, como o plantio direto, que executa a semeadura dispensando a aração e a gradeação dos terrenos, economizando tempo. A dissecação química, utilizada especialmente na lavoura de soja, seca rapidamente as plantas, adiantando a colheita.

Fruto dessa evolução agronômica, os produtores passaram a ter duas e, dependendo de irrigação, até três safras anuais. Variadas são as combinações produtivas, que alternam as culturas e permitem elevar o rendimento da terra, melhor remunerando o capital agrário. Mais complexa, assim, se torna a atividade agropecuária. Impulsionada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e por órgãos estaduais de pesquisa, juntamente com as cooperativas, de forma crescente se avança também na integração lavoura-pecuária, sistema em que, após a colheita do grão, entra o pastoreio do gado. A boiada alimenta-se das sobras da lavoura, misturadas com o capim, que viça fertilizado pelo adubo remanescente no terreno. E o esterco animal eleva a matéria orgânica do solo. É incrível.

Esse fascinante mundo rural vibra num diapasão distinto da bateria das escolas de samba. Ambos aceleram as canelas nesta época do ano. Mas enquanto os foliões varam a madrugada se divertindo, os produtores rurais cedo dormem o sono profundo, acordando com as galinhas para trabalharem duro na poeira da roça. Mal conseguem, os agricultores, assistir na televisão ao desfile carnavalesco, ver as beldades e sua coreografia maravilhosa. Mesmo curiosa, a pálpebra do fazendeiro teima em fechar pelo cansaço do corpo.

Se os dois eventos pudessem ser comparados - o carnaval e a colheita da safra -, ambos os espetáculos impressionariam um júri especial isento de paixões. Nenhum povo vive sem alegria e os brasileiros transformam o grito de carnaval num momento extraordinário de liberação da energia positiva, dançando, bebericando, paquerando, esbaldando-se até exageradamente. Afora os excessos, a festa promove um encontro bizarro da modernidade com as raízes populares.

Por outro lado, nenhuma nação sobrevive sem o árduo trabalho dos produtores rurais, que retiram da terra o sustento do povo, oferecem emprego aos mais simples, zelam pela paisagem campestre, protegem os valores históricos. Por isso se assemelham, quanto à sua importância, as festas da avenida e do campo. Embora na arquibancada sobrem aplausos para o desfile, enquanto anonimamente se executa o trabalho rural, ambos são gratificantes.

Marotos, os agricultores sabem que sem o alimento que produzem ninguém teria energia para enfrentar o carnaval. Nem cachaça ou cerveja existiriam. Uma precisa da cana-de-açúcar, a outra vem do cereal. Palmas para os produtores rurais, que sambam, e suam, na colheita da safra.

Agrônomo, foi secretário de Agricultura e secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Arnaldo Jabor: Os anjos de cara suja

Podemos ver nas ruas a preciosa origem do carnaval profundo. Lá, estão os desesperados, os famintos de amor, os malucos, os excluídos da festa oficial

Hoje tive de recorrer ao método estético do “cut and splice”, para escrever sobre o carnaval que teima em acontecer sempre nas terças-feiras em que escrevo (rs... rs...). Por que não? O William Burroughs usou muito este procedimento de corte e montagem em seus textos, Julio Cortázar também, Sinclair Beile idem, Tristan Tzara e David Bowie ibidem. Por que não eu, que tenho de escrever todo ano sobre o “tríduo momesco”, como chamavam os cronistas antigos dos rádios e revistas? Tríduo momesco — é genial o nome.

O carnaval de hoje parece uma calamidade pública, disputada pelo narcisismo oportunista de burgueses se despindo para aparecer na TV. O carnaval foi deixando de ser dos “foliões” para ser um espetáculo para os outros; o carnaval deixou de ser vivido para ser olhado.

Não há mais músicas de carnaval — notaram? Temos de recorrer às marchinhas e aos sambas do passado. Mas quase não precisamos das canções, nesta época convulsa. Só há os corpos, as multidões enlouquecidas. Quando passam as baterias das escolas, quando uns garotos sambam no pé, ainda vislumbramos os traços de uma beleza antiga. Hoje há os corpos malhados,
excessivamente nus, montanhas de bundas se exibindo em uma metáfora de liberdade, pois ninguém tem tanta tesão assim, ninguém é tão livre assim.

Carnaval sempre foi sexo — tudo bem — mas, antes, havia uma doce inibição no ar, havia a suave caretice, uma moralidade mínima, havia clima de amor romântico nos bailes.

Dirão que sou um nostálgico “estraga-prazeres”, mas tenho a sensação de que há uma drástica mudança de rumos nesse progresso vertiginoso.

Nosso passado era feito de toscos sambinhas, de permanências coloniais; mas, mesmo nos equívocos do nosso atraso, havia alguma coisa original e frágil que a massificação enterrou.

Ainda bem que nos últimos anos voltaram os grandes blocos do asfalto, depois de um período em que só havia as escolas de samba e um grande vazio na cidade. Creio mesmo que essa volta aos blocos de rua tem a ver com a nova conexão entre as pessoas, numa espécie de rede social invisível nos céus do país.

O novo carnaval de rua tem algo de ocupação das cidades, de uma fome de democracia muito diferente dos tempos em que as primeiras damas da ditadura davam uns passinhos de samba nos camarotes da Sapucaí. Nos foliões das ruas, há quase um desejo de morrer esmagados, num fervente formigueiro onde todos se sentem um grande “um”.

Hoje, as mulheres do carnaval travam uma competição frenética de bundas e seios, e eu me pergunto: o que querem elas provar? Querem nos levar para o fundo do mar como sereias, querem destruir nossos lares, querem mostrar que o sexo sem limites resolverá os problemas do Brasil?

Talvez. No carnaval vemos que nosso Inconsciente cultural está à flor da carne. Quanto mais civilizado o país, mais fundo é o recalque. Já imaginaram a cascata de bundas na Suíça? Mas é melhor entendermos o Brasil através do carnaval do que ver a folia louca como um desvio da razão.

Temos uma outra forma de seriedade, mais alta que a gravidade do mundo anglo-saxão. Em nenhum lugar do mundo vemos isso. Onde existem essas pirâmides de corpos rebolando? No entanto, olhando bem, vemos que o nosso carnaval não aspira a nenhuma desordem, ao caos, como pode parecer a um turista ou um moralista. Talvez seja uma doença “salvadora” de que o mundo precisa. A “razão perversa” é a razão do carnaval. Não a perversão como “pecado”, mas como mímica de uma liberdade, como a busca de uma civilização “não civilizada”, de um retorno a uma animalidade perdida e, no entanto, pulsante.

O carnaval quer transformar a cultura em natureza. As mulheres que flutuam no ar dos desfiles estão além do desejo real. Conquistadas, elas seriam reais. Mas nosso desejo quer tê-las assim: inatingíveis metáforas.

O Ocidente tem o “rock”, sem dúvida. Mas, em geral, o “rock” fala de uma certa luta transgressiva, de uma pretensa revolta social (hoje, bem falsa) e não da moleza feminina do carnaval.

O carnaval é feminino; o “rock” é de homem.

No carnaval, os homens querem virar mulheres. Todos querem ser tudo: os homens querem ter seios e fecundidade e as mulheres querem ser ágeis e sedutoras máquinas de excitar pênis dançantes. Daí, a importância do travestimento no carnaval, que é um paraíso gay. O mundo macho tem muito a aprender com as mulheres no carnaval, as filhas das mucamas, das escravas lindas com o sonho das estrelas de Hollywood. Aliás, os musicais americanos são próximos do carnaval.

Quem inventou as escolas de samba na tela foi o Busby Berkeley.

O grande carnaval está muito presente no mundo dos foliões anônimos. Podemos ver nas ruas a preciosa origem do carnaval profundo. Lá, estão os desesperados, os famintos de amor, os malucos, os excluídos da festa oficial. O carnaval das ruas está longe do populismo oficial, que transforma o popular em “kitsch”.

Nas ruas, estão os blocos dos anjos de cara suja, os blocos das escrotas, o bloco dos vagabundos, dos bêbedos ornamentais, da crioulada pobre.

Essa produção de significados novos só se dá ali, no meio dos excluídos do mundo “clean”. Só os sujos são santos. Ali está a surda revolta contra o trabalho desumano e sem amor, o exorcismo da miséria, o prazer de escrachar a beleza óbvia do universo do bom desenho. Pela destruição dessa beleza “limpa”, vemos a invasão de uma poesia grotesca que atravessa os séculos desde Brueghel, Bosch, Cervantes, Rabelais, passando por Goya, Ensor e tantos outros, desaguando no barroco brasileiro do caos colorido.

Alguma coisa muito profunda está oculta na loucura desses marginais. Só ali, nas ruas sujas, estão as três raças brasileiras entrelaçadas na esperança da suruba total, de um casamento grupal doido: negros, brancos e índios dando à luz um grande bebê mestiço e gargalhante que ensine ao mundo que a vida é arte e a lógica careta é a morte.

Fonte: O Globo

Diário do Poder – Cláudio Humberto

• Assessores de mensaleiros ganham boquinhas
Condenados pelo Supremo Tribunal Federal no maior escândalo de corrupção da História brasileira, os mensaleiros João Paulo Cunha e José Genoino, do PT-SP, renunciaram aos mandatos de deputado e hoje desfrutam da hospitalidade da Papuda, mas permanecem agarrados ao dinheiro público: distribuíram seus assessores em “boquinhas” na Câmara dos Deputados e até no Palácio do Planalto.

• Quem paga
Parte da turma de João Paulo foi absorvida por André Vargas (PT-PR) na 1ª vice-presidência da Câmara. Todos pagos por nós, claro.

• Garantida
Maria Socorro Neiva, por exemplo, ganhava R$ 4,7 mil no gabinete de João Paulo Cunha, e vai receber R$ 5,7 mil na 1ª vice-presidência.

• Promoção
Eduardo Dalbosco, assessor de Genoino, também foi aumentado em seu novo emprego, na Casa Civil do Planalto: R$ 10,2 mil por mês.

• Vassoura
Obrigado a manter assessores de Genoino, o suplente Renato Simões (PT-SP) aos poucos se livra da herança, promovendo substituições.

• Itamaraty atrasa salários e aluguéis no exterior
A crise no Itamaraty agora chega às finanças, apesar do prometido “corte de despesas”: contratados locais de sete consulados-gerais e de duas embaixadas ainda não receberam os salários de fevereiro, após o atraso de janeiro. O “pendura” atinge a missão do Brasil na OEA, em Washington, da ONU em Nova York, além de várias embaixadas, o que poderá render multas milionárias ao governo brasileiro lá fora.

• Estica e puxa
Servidores não sabem como fechar as contas em Boston, Montevidéu, São Francisco, Los Angeles, Chicago, Houston, Paris e Londres.

• O salário dançou
O Itamaraty promete pagar até sexta (7), mas os funcionários, que trabalharam no Carnaval, podem parar o atendimento antes da Copa.

• L’argent toujours
A crise não bateu à porta do consulado em Paris: em 2012 o Itamaraty pagou € 100 mil de aluguel e manutenção, à espera do novo cônsul.

• Rio em pânico
Até a livraria Argumento, no Leblon, querida dos cariocas, fechou suas portas no carnaval e, além das grades de aço, reforçou toda a fachada com tapumes de madeira, com medo de novos prejuízos com invasões e depredações. Isso no bairro onde mora o governador Sergio Cabral.

• Marionete
Enrolado em graves acusações, o ministro Manoel Dias (Trabalho), nem considera pedir demissão, para poupar Dilma do constrangimento. Quem o proíbe de pedir o boné é Carlos Lupi, de quem é preposto.

• Firme e forte
Apesar de o PSD e PDT já terem pulado fora, partidos da base aliada que criaram o “blocão” para chantagear o governo já marcaram novo almoço para terça (11), após o feriado prolongado do carnaval.

• Pedagógico
Marcos Rogério (PDT-RO), que votaria em Jair Bolsonaro na comissão de Direitos Humanos, comemorou o placar apertado de 10×8. “O PT precisava desse susto para aprender a respeitar acordos”, afirmou.

• Não é fácil
O cineasta baiano Dado Galvão, de “Conexão Cuba-Honduras” busca recursos para legendar o documentário “Missão Bolívia”, sobre a saga do senador boliviano Pinto Molina, que denunciou narcotráfico em seu país, passou a ser perseguido e se exilou na embaixada do Brasil.

• Briga de ego
O PV identificou na briga do deputado Ricardo Izar (PSD-SP) por criar CPI dos maus tratos aos animais uma tentativa de esvaziar comissão especial que elaborará marco legal, cujo relator é José Penna (PV-SP).

• Devo-o, não nego-o
Ex-assessor de Jânio Quadros, o escritor e jornalista Nelson Valente pede R$ 280 mil de indenização trabalhista ao eterno candidato a presidente Levy Fidelix (PRTB-SP), que tenta ser o Jânio 2.0.

• É coisa nossa
Dinossauros comunistas da Itália, Alemanha e França foram poupados do mico de Lula visitar o porto de Mariel em Cuba, enquanto faltam portos no Brasil: o jornal Granma só mostrou em espanhol e português.

• Pensando bem…
…o diretor de “Gravidade”, Oscar de efeitos especiais, já deve estar de olho num filme sobre o julgamento do mensalão no Supremo.

Fonte: Diário do Poder

Panorama político - Ilimar Franco

Teixeira no comando
Alessandro Teixeira, assessor especial do gabinete pessoal da presidente Dilma, será o coordenador- geral do programa de governo da reeleição. A tarefa ficaria com o assessor de Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, mas Dilma repensou. Com problemas de saúde, Garcia pediu para não se envolver diretamente com as emoções da campanha eleitoral de outubro.

Dança das cadeiras
Na volta do feriado de Carnaval, a presidente Dilma e o PT começam a mexer no tabuleiro da campanha, tirando assessores do Planalto e mandando para o QG da campanha eleitoral, um escritório na Asa Sul, em Brasília. O ex-secretário-executivo da Casa Civil Beto Vasconcellos volta de um curso de especialização no exterior, em maio. Seu destino depende do chefe de gabinete de Dilma Giles Azevedo, que quer ir para a campanha, mas a presidente resiste à ideia. Dia desses, Dilma comentou com um interlocutor sobre eventual saída de Giles do governo: “Como assim, ir para a campanha? Giles não sabe que o poder está aqui no Planalto?”

"Dilma evitou este ano rolezinho no Sambódromo. O enredo do governo desandou e a bateria está desafinada”.
Marcus Pestana
Deputado federal, presidente do PSDB de Minas Gerais

2 em 1
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), deixará o cargo em abril para disputar ao Senado. Mas enquanto não começa a campanha, será o coordenador-geral do programa de governo de Aécio Neves a presidente.

O pulo do gato
O ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu no mensalão tucano, pode se beneficiar do prazo em que pediu a renúncia, antes do julgamento entrar na pauta do STF. Neste caso, possivelmente a ação volte para a primeira instância, já que está ainda na fase da instrução. Esta tem sido a jurisprudência do tribunal nos casos de foro privilegiado.

De grão em grão
O deputado Danilo Forte (PMDB-CE) está passando lista entre os convencionais para fazer pré-convenção no fim de abril. Quer que o PMDB repense a aliança com o PT. Um dos primeiros a assinar foi o senador Eunício Oliveira (CE).

O time petista
O PT vai enquadrar as direções regionais em 20 de março. Serão 11 os candidatos aos governos: Tarso Genro (RS), Alexandra Padilha (SP), Gleisi Hoffmann (PR), Lindbergh Farias (RJ), Fernando Pimentel (MG), Delcídio Amaral (MS), Agnelo Queiroz (DF), Tião Viana (AC), Angela Portela (RO), Wellington Dias (PI) e Rui Costa (BA).

The book is on the table
O publicitário Marcos Valério, que cumpre 37 anos e dez meses em regime fechado por causa do mensalão, ganhou oito dias de abatimento da pena por fazer um curso de inglês na Papuda.

Diagnóstico
Deputados da base aliada estão fazendo piada com o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN). Brincam que ele sofre de transtorno de bipolaridade. É oposição até às 20h. Depois, quando a pauta esquenta, volta a ser governo.

Em baixa. Máscaras de políticos, que já dominaram no Carnaval do Rio, foram uma raridade este ano. O mote de 2014 é a Copa e o “Padrão Fifa”.

Fonte: O Globo