terça-feira, 23 de setembro de 2014

Opinião do dia: Luiz Werneck Vianna

Bem antes do seu desenlace em outubro, estas eleições, qualquer que seja o vitorioso nas urnas, já nos deixam resultados tangíveis. O principal deles está na confirmação de que a via régia para as mudanças reclamadas difusamente pelas ruas se encontra nas instituições da democracia política, cujo aperfeiçoamento se tornou imperativo. Um longo ciclo, de Fernando Henrique Cardoso aos governos do PT, em que o moderno vem tendo de pagar pedágio às forças do atraso e às tradições do mando oligárquico, calculando e moderando cada passo com vista a manter sua coalizão com ele, já esbarrou nos seus limites.

Este ciclo encontra quem o defenda na presente competição eleitoral e a coalizão política, que ainda preconiza a sua continuidade, parece ser a favorita para vencê-la. Mas está exangue e tem contra si, a esta altura, uma consciência crescente por parte da população dos seus efeitos perversos sobre a vida social e a política. Nesse sentido, com a sociedade alinhada em direção oposta, consiste numa política de alto risco conceder mais uma oportunidade a ela.

Luiz Werneck Vianna, professor-pesquisador do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio. A sucessão presidencial e seus riscos. O Estado de S. Paulo, 20 de setembro de 2014.

Governo vai usar manobra contábil para fechar contas

• Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas prevê saque de R$ 3,5 bilhões. Fundo já havia sido usado em 2012

Sonia Filgueiras – Brasil Econômico

Para compensar a perda de R$ 10,5 bilhões em suas receitas líquidas por conta do baixo crescimento, o governo vai recorrer, dentre outros expedientes, ao saque de R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano do Brasil (FSB), hoje com patrimônio de R$ 4,3 bilhões. O dado é parte do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do quarto bimestre, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal, e divulgado ontem pelo Ministério do Planejamento. O mesmo relatório informa que o governo cortou pela metade sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2014, que caiu de 1,8% para 0,9%. Apesar da redução acentuada, o crescimento estimado pelo Ministério da Fazenda é ainda otimista em comparação a projeções do mercado financeiro doméstico e a organismos internacionais.

Ele é duas vezes maior que o esperado pelo mercado financeiro, de acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Tanto a organização quanto os analistas ouvidos pelo BC preveem crescimento de apenas 0,3% para este ano. Será a segunda vez que o governo recorrerá ao Fundo Soberano para fechar as contas. Em 2012, o governo federal decidiu resgatar R$ 12,4 bilhões do fundo para garantir o cumprimento da meta de superávit primário de 3,1%do Produto Interno Bruto (PIB). Naquele ano, nem mesmo com a possibilidade de abatimento de investimentos permitiria atingir a meta. Desta vez, além do saque, outras revisões foram feitas nas previsões de despesas e receitas com o objetivo de evitar novos cortes além dos R$ 44 bilhões anunciados em fevereiro.

Em ano eleitoral, o governo tenta preservar as chamadas despesas discricionárias, sobre as quais o Executivo tem poder. Em geral esses recursos são dirigidos a investimentos em obras e para o pagamento de emendas parlamentares. "Houve queda em praticamente todas as projeções dos tributos", relata o documento assinado pelo secretário do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, Arno Augustin e pelo secretário adjunto de Orçamento do Ministério do Planejamento, George Soares. O relatório também informa que o governo espera receber receitas adicionais de R$ 1,5 bilhão com dividendos de estatais em decorrência da "alteração no cronograma de pagamentos por parte das empresas estatais".

Além disso, a expectativa de pagamento para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) neste ano caiu de R$ 13 bilhões para R$ 9 bilhões, com um corte de R$ 4 bilhões na previsão. Segundo o relatório, a mudança deve-se à "revisão no cronograma de pagamentos" do item. Também foi alterada a estimativa de pagamento de pessoal e encargos, que recuou em R$ 2,2 bilhões neste ano — o governo postergará o preenchimento de vagas de servidores previstas na lei orçamentária deste ano. No relatório, a projeção para a inflação medida pelo IPCA foi mantida em 6,2%.

Já a estimativa do índice medido pelo IGP-M foi revisado para baixo, passando 7,25% para 4,06%. As taxas de câmbio e Selic utilizadas como parâmetros na realização dos cálculos de receitas e despesas também sofreram alterações marginais. Em um cenário marcado por arrecadação tributária estagnada, elevado peso das renúncias tributárias e baixos resultados fiscais, a grande dúvida que pesa sobre o governo está em sua capacidade de cumprir a meta de superávit primário para este ano, fixado em R$ 81 bilhões para o governo federal (equivalentes a 1,5% do PIB) e em R$ 99 bilhões para o setor público como um todo (1,9% do PIB)

Para fechar conta, governo saca do Fundo Soberano

• Tesouro saca R$ 3,5 bi do Fundo Soberano para cobrir arrecadação menor sem cortar despesas

Martha Beck, Cristiane Bonfanti e Nice de Paula – O Globo

BRASÍLIA e RIO - Diante do fraco desempenho da arrecadação devido ao baixo crescimento da economia, a equipe recorreu a novas manobras para fechar as contas públicas em 2014, sem o corte efetivo de despesas discricionárias (custeio e investimentos). A estimativa de receitas caiu R$ 10,541 bilhões no quarto bimestre, em relação ao período anterior. Para compensar a perda, o governo vai usar R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano e cortou a estimativa de despesas obrigatórias em R$ 7,041 bilhões.

Com essas manobras, o governo manteve a projeção de superávit primário (economia para o pagamento de juros) em R$ 99 bilhões ou 1,9 % do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país). As informações constam do relatório de avaliação de receitas e despesas primárias do quarto bimestre, divulgado ontem pelo Ministério do Planejamento.

Segundo a pasta, a decisão de usar o Fundo foi para "mitigar os efeitos do atual quadro econômico, caracterizado por perspectiva de crescimento mais baixo nesse ano. Essa medida de política econômica visa à atenuação dos efeitos conjunturais de redução da arrecadação".

No documento, o governo voltou a reduzir a projeção para o crescimento do PIB em 2014, de 1,8% para 0,9%. O número ainda é bem mais otimista que o esperado pelo mercado, que prevê alta de apenas 0,3%. No relatório do terceiro bimestre, divulgado em julho, a expectativa de crescimento já havia sido reduzida de 2,5% para 1,8%.

Menos R$ 2,2 bi com pessoal
O Fundo Soberano foi criado em 2008 com recursos do superávit primário. A ideia do governo era fazer uma poupança para ser usada em momentos de crise. Isso foi o que aconteceu em 2012, quando o Tesouro sacou R$ 12,4 bilhões do Fundo para fechar o caixa do ano. Quando foi criada, a poupança tinha R$ 14 bilhões.

A receita de R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano vai servir para compensar parcialmente a queda da receita líquida. Estimativa de arrecadação foi reduzida em R$ 7,041 bilhões. "Houve queda em praticamente todas as projeções dos tributos que compõem o grupo de receitas (primárias). Os decréscimos mais acentuados ocorreram nas estimativas da Cofins e das outras receitas administradas pela Receita Federal", informa o relatório.

Ainda de acordo com o documento, a estimativa de arrecadação com dividendos cresceu R$ 1,5 bilhão devido a uma "alteração no cronograma de pagamentos por parte das empresas em que o governo é acionista". O governo não deu detalhes dessa alteração.

Segundo fontes, a arrecadação do Refis em agosto ficou em torno de R$ 7 bilhões, enquanto a estimativa inicial do governo era em torno de R$ 13 bilhões

Como não houve corte da meta de superávit primário, que continua a ser de R$ 99 bilhões (ou 1,9% do PIB), o governo optou por reduzir as estimativas de despesas obrigatórias. Houve redução de R$ 2,218 bilhões na previsão de gastos com pessoal e encargos e de R$ 4 bilhões com a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

Segundo o relatório, a estimativa de despesa com a CDE caiu de de R$ 13 bilhões para R$ 9 bilhões em 2014, porque houve uma "revisão no cronograma de pagamentos dessas despesas". Segundo técnicos do governo, entraram recursos da Celg Distribuidora, que acaba de receber um empréstimo da Caixa Econômica Federal. A empresa vai o usar o dinheiro para pagar dívidas, inclusive com a CDE.

No caso dos gastos com pessoal e encargos, a queda foi explicada por "mudanças no cronograma de preenchimento das vagas". Também foi reduzida a estimativa de despesas com sentenças judiciais e precatórios (R$ 113 milhões) e subsídios, subvenções e Proagro (R$ 3,061 bilhões).

O governo reduziu de R$ 27,016 bilhões para R$ 9,546 bilhões a previsão de receitas extraordinárias deste ano. Neste cálculo está embutida uma frustração com a arrecadação do Refis da Crise (programa que permite o pagamento de dívidas tributárias com desconto de juros e multa). A previsão do relatório anterior era de R$ 18 bilhões que foi reduzida para R$ 3, 443 bilhões. Mas o relatório não detalha essa diferença nas projeções.

Meta de superávit em risco
Especialistas acreditam que, mesmo com as medidas anunciadas ontem, o governo não vai cumprir a meta de superávit primário prevista para este ano.

- Qual é a medida que o governo está adotando para reduzir os gastos? Nenhuma. Os gastos não vão parar de crescer no só porque estão decretando. Essa meta de superávit primário não vai ser obtida de jeito nenhum. Estão prevendo 1,9% do PIB, mas chega no máximo a 1% - diz Margarida Gutierrez, da Coppe/UFRJ.

Margarida lembra que o Fundo Soberano foi muito criticado quando foi criado.

- É mais uma uma medida que só mostra a indisciplina fiscal que reina no país desde 2012 - diz a professora.

Raul Velloso, especialista em contas públicas, reforça a tese de que a meta de superávit não será alcançada.

- O que eles estão fazendo e refazendo são estimativas, sem nenhum corte.

Segundo Velloso, ao revisar para baixo os gastos com energia, o governo está dizendo que pode empurrar a fatura para as empresas ou para os consumidores.

FH sugere mais ‘dramatização’ à campanha de Aécio

• Ex-presidente entende que o candidato precisa mostrar mais indignação com os problemas do país

Silvia Amorim – O Globo

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugeriu nesta segunda-feira que a campanha de Aécio Neves (PSDB) mostre maior indignação e dramatize mais diante dos problemas do país. FH esteve em um almoço com empresários em São Paulo. Em seu discurso, ele fez campanha contra o voto útil no primeiro turno e disse que o Brasil perdeu o rumo.

— Acho que tem faltado indignação (à campanha de Aécio). Esse é um problema difícil porque tem os marqueteiros, opiniões para lá e para cá. Mas acho que num dado momento é preciso mostrar com mais energia e indignação o que está acontecendo. Não estou criticando ninguém. Há momentos para isso. Não é a toda hora. Vou dar um exemplo estapafúrdio. Não haveria mensalão se não fosse o Roberto Jefferson, porque ele dramatizou. Em certos momentos, tem que dramatizar para que a população sinta — aconselhou o ex-presidente.

FH disse que a campanha da adversária Marina Silva (PSB) saiu na frente nessa estratégia.

— Eu não sou marqueteiro, mas acho que a dramatização é um modo de comunicação importante. Ela pode se dar a qualquer momento. Vou dar um exemplo recente. A Marina respondeu a Dilma de uma maneira dramática a respeito das acusações de que ela acabaria com o Bolsa Família. Por que o Aécio não pode? Pode. Se ele vai fazer é problema dele e dos que o aconselham. Não precisa ser só o Aécio. Nós todos podemos dramatizar.

No encontro com os empresários, FH deu algumas linhas do que seria esse discurso mais dramático.

— O que está acontecendo na Petrobras é passível de uma dramatização direta porque exemplifica concretamente o que está acontecendo em muitos outros lugares (do governo). Nós temos que cobrar os responsáveis pelo governo, isto é, a presidente Dilma e seus ministros. Isso é sério. Houve um assalto ao cofre público.

O ex-presidente disse acreditar na "honestidade" da presidente Dilma Rousseff diante das denúncias envolvendo a estatal, mas, indiretamente, a responsabilizou pelo ocorrido.

— O que estamos assistindo é vergonhoso em matéria de decência. Há responsáveis. Não temos tido a energia de chamar assim os responsáveis. Os donos do poder são responsáveis pela corrupção quando ela é sistêmica. E no Brasil temos uma corrupção sistêmica. Não é possível que quem esteve no comando nunca tenha visto (a corrupção na Petrobras). Ou é incompetente ou é conivente.

Não ao voto útil
FH pediu aos empresários que não adotassem o voto útil daqui a duas semanas. Aécio seria o maior prejudicado por essa conduta do eleitorado. Em pesquisa informal feita com os cerca de 600 empresários que participaram do almoço, 53% disseram acreditar numa vitória de Marina, 35% de Aécio e 12% de Dilma.

— No primeiro momento tem que votar em quem você acha que é o melhor. Depois vota no que é o menos mau.
O ex-presidente se recusou a responder a perguntas dos empresários sobre um eventual apoio do PSDB no segundo turno e demonstrou confiança numa virada a favor de Aécio.

— Eleição se ganha no dia. Eu vinha na frente, todas as pesquisas davam que eu seria eleito e perdi a eleição para — Jânio lembrou.

O Brasil está começando a perder o rumo, diz FHC

• Em palestra para o Lide, o ex-presidente criticou a política externa da gestão petista, dizendo que "nos dias atuais, o coração dos que estão no governo bate no mesmo ritmo de países como Bolívia e Argentina"

Elizabeth Lopes, Fernando Ladeira e Pedro Venceslau – O Estado de S. Paulo

O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso disse, nesta segunda-feira, 22, ser um homem que acredita no Brasil. Apesar disso, destacou que é preciso ter indignação quando o Brasil perde o rumo. "E o Brasil está começando a perder o rumo", frisou, em almoço-palestra para mais de 600 empresários, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

Na palestra, o ex-presidente da República lembrou que, ao assumir o País, depois de alguns escândalos que o Congresso Nacional enfrentou, como o dos "anões do orçamento", levou um grupo competente de pessoas para fazer a nação funcionar. "Em 93, 94, juntamos um grupo de pessoas e batalhamos contra quase todo mundo porque não se acreditava que fosse possível colocar em ordem as finanças do País." E disse que sua gestão decidiu remar contra a maré e combater a alta inflacionária.

Em sua palestra, o ex-presidente tucano criticou a política externa praticada na gestão petista, dizendo que "nos dias atuais, o coração dos que estão no governo bate no mesmo ritmo de países como Bolívia e Argentina". E disse que a política externa petista fez o Brasil perder o rumo no mundo. "O Brasil se isolou no mundo", afirmou. Contudo, disse que o governo do PT agiu certo na crise econômica. "Mas fomos perdendo o modelo, passamos a ser um País com vocação para terceiro-mundismo. Perder o rumo é grave porque vai condicionar os passos futuros do País."

As críticas mais duras do ex-presidente foram dirigidas aos escândalos que assolam a Petrobras. Fernando Henrique disse que existem pessoas boas a más em todos os partidos, o problema é a visão, é subordinar a produção, a política e a vida cotidiana do País a isso, pois hoje tudo se subordina ao partido. "E não estamos falando apenas em crescer o PIB, mas é crescer de maneira decente." E continuou: "E por falar em matéria de decência, nem se fala. O que estamos assistindo é vergonhoso, os donos do poder são responsáveis quando a corrupção é sistêmica e no Brasil ela é sistêmica, não é possível o que está ocorrendo na Petrobras."

Ao falar do escândalo que envolve a estatal brasileira, o ex-presidente tucano disse que é impossível que os que estão no comando (do País) nunca tenham visto isso. "Ou é incompetente ou conivente", disse, mas eximiu a presidente Dilma Rousseff (PT) de alguma participação neste imbróglio. "Não acredito que ela esteja envolvida", emendou, mas disse que é preciso cobrar que tudo seja investigado e os responsáveis punidos. Nas críticas, FHC disse que está ocorrendo um verdadeiro assalto aos cofres públicos do País.

Eleições
Para reforçar que o cenário eleitoral pode mudar a qualquer momento, numa referência indireta ao seu correligionário Aécio Neves (PSDB), que perdeu o segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto com a entrada da ex-senadora Marina Silva como cabeça de chapa do PSB, após a morte de Eduardo Campos, Fernando Henrique disse que nas eleições em que assumiu o País, em determinado momento da disputa, não acreditava que iria conseguir vencer o petista Luiz Inácio Lula da Silva. "Mas tive garra", disse.

Disse que eleição se ganha no dia. "Perdi a eleição para o Jânio Quadros (ex-prefeito de São Paulo) no dia", e brincou que perder aquela eleição foi bom porque depois virou presidente da República. Aos empresários, FHC disse que é preciso pensar bem na hora do voto, porque é o futuro do País que está em jogo. "Queremos um Brasil da confiança e da dignidade." Reiterou que continua acreditando muito no Brasil, porém, é preciso fazer as mudanças necessárias.

FHC ressaltou que apoia Aécio Neves porque ele pode unir toda essa nova energia, com confiança, e fazer as coisas que o País precisa. Falou que o correligionário tucano tem as melhores propostas.

FHC defende que PSDB 'dramatize' escândalo da Petrobrás

• Em almoço com 60 empresários na capital paulista, ex-presidente e Armínio Fraga se revezaram em criticas à Dilma Rousseff e Marina Silva

Pedro Venceslau e Elizabeth Lopes - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu nesta segunda-feira, 22, diante de uma plateia de empresários, que a campanha de seu correligionário à presidência, Aécio Neves (PSDB) "dramatize" mais o episódio envolvendo o ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato.

"Não sou marqueteiro, mas a dramatização é um modo de comunicação importante. A Marina (Silva) respondeu a Dilma de forma dramática quando disseram que ela acabaria com o Bolsa Família. Por que o Aécio não pode fazer isso?", questionou. Acusado de participar de um esquema que desviava dinheiro da estatal petrolífera para o pagamento de propina, Costa está preso desde março e vem colaborando com a Justiça em um acordo de delação premiada.

Conforme divulgado pela imprensa, ele já teria citado mais de 30 nomes de políticos, dentre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)e o governador do Ceará, Cid Gomes (PROS) que estariam envolvidos em um esquema de pagamento de propinas em contratos da estatal.

O ex-presidente tucano participou nesta segunda de um almoço com cerca de 60 empresários organizado pelo Lide, grupo de líderes empresariais. Anunciado como ministro da Economia de Aécio em uma eventual vitória do PSDB, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga também participou do evento e fez uma palestra para os empresários. Em entrevista depois do almoço, FHC afirmou que "o maior defeito de Marina é a falta de estrutura de campanha e partidária".

Ainda segundo o ex-presidente, o PSDB tem uma grande estrutura e precisa acioná-la. Questionado sobre a possibilidade de participar de um governo em uma eventual vitória da candidata do PSB, Fernando Henrique afirmou que não fará especulação sobre o assunto. "A vitória de Marina é tão eventual quanto a de Aécio. Se ele conseguir ótimo. Se não, fez o seu dever. Não fico especulando", disse.

Paralelo. Armínio Fraga por sua vez criticou a campanha de Dilma por ter exibido um vídeo que relaciona a independência do Banco Central à falta de comida na mesa das pessoas."Esse ataque à independência do Banco Central e à Marina é uma loucura", por outro lado, Fraga afirmou que "cabe um paralelo entre os casos do mensalão e da Petrobrás".

Na exposição feita durante o almoço, Armínio Fraga criticou o atual cenário eleitoral. "O quadro desta eleição é o mais populista que vi na minha vida". O presidente do BC, também disse que apesar do diagnostico da economia ser simples, a resposta do governo tem sido muito voltada à demanda.

Momento é de concentração por Aécio, diz Serra

• Candidato ao Senado pelo PSDB evitou comentar sobre aproximação com a ex-ministra e disse que partido está concentrado na campanha de Aécio

José Roberto Castro e Carla Araújo – O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O candidato ao Senado por São Paulo, José Serra (PSDB), afirmou nesta segunda-feira, 22, que é cedo para pensar em alianças para o segundo turno da eleição presidencial. Segundo ele, o momento é de concentração para a campanha do seu correligionário Aécio Neves. "Temos que trabalhar pela vitória", disse, durante a série de Entrevistas Estadão. "Estamos concentrados na campanha do Aécio. Qualquer discussão envolvendo um possível apoio a Marina Silva, só depois do primeiro turno", reforçou.

Serra disse ainda que é preciso ter respeito por todas as candidaturas e por isso também evitou comentar um possível apoio da Marina, caso Aécio não consiga passar para o segundo turno. "Não é momento de discutir segundo turno", reforçou. Questionado sobre o que achava da sinalização da ex-ministra, que tem dito que quer governar com "os bons" e citou Serra como um possível colaborador, o ex-governador lembrou que sempre teve uma boa relação com Marina. "Sempre tive uma boa relação com Marina", disse.

Ele amenizou ainda os ataques que os adversários têm feito em relação a ex-ministra e eximiu o companheiro de partido de estar fazendo agressões a Marina. "A meu ver, quem passa do ponto nos ataques é o PT", disse.
Serra afirmou ainda que o PSDB não faz oposição de "quanto pior, melhor". "Isso é genético no PSDB, nós não conseguimos fazer oposição de botar pra quebrar".

Proposta
O candidato disse ainda que se eleito pretende implementar a Nota Fiscal Brasileira, modelo similar ao existente hoje no estado de São Paulo, que devolve aos contribuintes parte dos impostos recolhidos pelo governo. "Hoje os impostos federais não são devolvidos", disse. Segundo ele, apesar de o governo ter uma aparente despesa com a devolução de impostos, a medida "melhora a arrecadação, aumenta a formalização e diminui a sonegação", disse.

Drogas
Ao falar de suas propostas de políticas antidrogas, o candidato do PSDB ao Senado em São Paulo, José Serra, disse ser contra a legalização e afirmou que é preciso pensar na oferta e na demanda de entorpecentes.

Ao falar da oferta, Serra lembrou que, apesar de ser grande consumidor de crack e cocaína, o Brasil não produz as drogas e propôs que o governo não faça qualquer acordo de cooperação com países que são "cúmplices do contrabando de drogas". "O governo da Bolívia é cúmplice do contrabando de drogas", exemplificou Serra.

Do lado da demanda, a proposta do candidato ao Senado é apostar em campanhas de conscientização do usuário. "Deve haver uma diferenciação entre um traficante e um usuário de drogas", completou.

Menores
Serra disse ainda que é favorável ao aumento do tempo de internação de menores criminosos para até dez anos, dependendo da gravidade do crime.

Serra tem um entendimento diferente de Aécio Neves, que defende o projeto de autoria do senador Aloysio Nunes sobre a redução da maioridade penal para 16 anos em caso de crimes hediondos. Segundo o ex-governador de São Paulo, o projeto de alterar a Constituição para a redução da maioridade penal teria muitas dificuldades para tramitar no Congresso Nacional.

Reforma política. 
Sobre as críticas de seu agora adversário Gilberto Kassab (PSD) que afirmou que ele não cumpre mandatos, Serra rebateu e afirmou que "não vou comentar programas de partidos adversários". O ex-governador aproveitou ainda para defender a reforma política, com implantação do voto distrital e fim da reeleição. "Como regra geral não deu certo. Defendo o fim da reeleição", disse, concordando com a opinião do atual candidato à Presidência pelo partido Aécio Neves.

A reeleição foi aprovada durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. Serra ponderou que naquela ocasião a reeleição teve suas virtudes, mas é "indiscutível" que depois não deu certo. "Tem um excesso de focalização na reeleição em vez de politicas permanentes", afirmou.

"Como regra geral não deu certo. Defendo o fim da reeleição", disse, concordando com a opinião do atual candidato à Presidência pelo partido Aécio Neves.

A reeleição foi aprovada durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. Serra ponderou que naquela ocasião a reeleição teve suas virtudes, mas é "indiscutível" que depois não deu certo. "Tem um excesso de focalização na reeleição em vez de politicas permanentes", afirmou.

Segundo o ex-governador, a reeleição "não deu certo no Brasil" e "não é uma boa". Para ele, o ideal é que o regime anterior, aprovado pela Constituição em 88, retornasse. "Sou a favor do mandato de 5 anos", disse.

Armínio Fraga defende Marina e autonomia do Banco Central

• Coordenador de campanha de Aécio Neves também questionou empréstimos abaixo da inflação concedidos pelo BNDES

Elizabeth Lopes e Fernando Ladeira - O Estado de S. Paulo

Em conversas com jornalistas após o debate com empresários promovido pelo Grupo LIDE, o ex-presidente do Banco Central e um dos principais coordenadores do programa de governo de Aécio Neves (PSDB), Armínio Fraga defendeu a candidata à Presidência Marina Silva, do PSB, dos ataques feitos à proposta de autonomia formal do Banco Central. "Querer dizer que a independência do Banco Central vai criar uma ameaça às políticas sociais do Brasil é um absurdo total", afirmou, em conversa com jornalistas.

Mais cedo, Fraga já havia defendido a autonomia formal do Banco Central e afirmou que isso irá acontecer algum dia. Ele também lembrou que, quando foi presidente do BC entre 1999 e 2002, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já havia lhe concedido essa autonomia, embora não escrita em lei.

Ao comentar o que disse ser uma das campanhas mais populistas no debate eleitoral, Armínio Fraga disse acreditar que os ajustes propostos irão tirar o Brasil da paralisia e afirmou não ter "uma lista de maldades para anunciar aqui".

BNDES. Além da autonomia do Banco Central, Armínio Fraga, defendeu também que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) passe a ser avaliado por critérios sociais, questionando se é bom para o Brasil conceder empréstimos com taxas de juros abaixo da inflação. "É preciso questionar o critério mais microeconômico e passar por um critério onde a sociedade se beneficia", afirmou.

Ele lembrou que a razão original de existência do BNDES estava no fato de não existir um mercado de financiamento de longo prazo no País, mas acrescentou que a situação mudou. Agora, ele defende que é preciso pressionar um pouco mais as empresas, como exigir em um primeiro momento o cofinanciamento.

Outro ponto considerado importante pelo ex-presidente do Banco Central é a transparência da instituição. Ele reconheceu que há questões ligadas ao segredo de negócio das empresas, mas afirmou ser possível implementar uma transparência maior para analisar o que está dando certo e o que está dando errado nas empresas. "Não é trivial, mas é possível." Para ele, ao abordar esses pontos citados o BNDES "vai reduzir bastante o seu tamanho".

Aécio: Dilma faz 'piada' ao não assumir responsalidade de escândalos na Petrobras

• Candidato diz ainda que 'incapacidade' de Dilma de reconhecer equívocos gera desorganização da economia’

Maria Lima – O Globo

BELO HORIZONTE e BETIM - Em campanha em Betim no começo da tarde desta segunda-feira, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, criticou a presidente Dilma Rousseff, que disse, em entrevista ao "Bom Dia Brasil", que não foi a responsável pela nomeação do ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Ele chamou de “piada” a tentativa da presidente de se desvincular do ex-diretor preso. O tucano afirmou, ainda, que esta tarefa não será bem sucedida, pois não é só ele o envolvido com escândalos na empresa.

- É uma piada. Uma presidente que não assume a responsabilidade . Agora não é mais só o Paulo Roberto Costa. Outros diretores também estão envolvidos nesse propinoduto, nesse petrolão que se transfomou a gestão do PT na Petrobras. Os responsáveis terão que ser exemplarmente punidos e isso não acontece no governo do PT - criticou Aécio.

Ao final da carreata e caminhada, Aécio discursou em um trio elétrico e atacou Dilma e a candidata do PSB, Marina Silva.

- Nós temos duas candidatas: uma que mente, e outra que se desmente - disse Aécio.

No discurso, ele voltou a pedir o apoio dos mineiros para eleger o tucano Pimenta da Veiga para o governo de Minas Gerais. Ele se encontra 20 pontos percentuais atrás do petista Pimenta da Veiga. No discurso disse que o PT está perdendo em todo País e não podia ganhar justamente em Minas Gerais.

Economia
Aécio disse ainda que considera Dilma incapaz de reconhecer seus equívocos, o que causa a “absoluta desorganização” da economia brasileira. A declaração foi feita após a entrevista de Dilma, que foi ao ar mais cedo no Bom Dia Brasil, da TV Globo, em que a candidata afirmou que a política econômica está na “defensiva” após a crise econômica mundial e que melhorias vão depender da recuperação da economia dos Estados Unidos. Dilma voltou a atribuir os resultados da economia nacional ao cenário externo. De acordo com a candidata do PT, só com a recuperação econômica de outros países será possível adotar uma política econômica “ofensiva” no Brasil.

— É o governo da terceirização. A presidente Dilma tem uma incapacidade crônica de reconhecer os seus equívocos, que são muito graves. E esses equívocos são responsáveis pelo quadro de absoluta desorganização da economia brasileira. A leniência com que vem tratando a inflação passando pelo absurdo e autoritário intervencionismo, principalmente no setor elétrico, tudo isso emoldurado pelo aparelhamento da máquina pública, em especial das agências reguladoras, leva à desconfiança em relação ao Brasil e impacta nos investimentos — declarou Aécio, logo após sua agenda de campanha em Belo Horizonte, capital mineira.

Sobre a mudança de discurso de Dilma a respeito do papel da imprensa, o tucano considerou o caso como uma demonstração de que a presidente tem dificuldade de conviver com a crítica.

— Foi um claro recuo, mas não disfarça uma dificuldade de convívio que ela tem com a crítica. Volta e meia, teses autoritárias de controle da mídia circulam no seu entorno.
Nos momentos de maior pressão, a presidente mostra que não convive bem com a imprensa e as liberdades democráticas — provocou.

Marina faz maratona de eventos para tentar reverter queda no Sul

• Candidata do PSB passa o dia na região, onde caiu de 32% para 25%

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO e BRASÍLIA - A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, decidiu fazer hoje uma maratona pelos estados do Sul do país, região onde está em queda nas pesquisas de intenção de voto. Ela visitará Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre para tentar melhorar seu desempenho na reta final da disputa eleitoral.

Segundo o Datafolha, Marina já chegou a dividir a preferência do eleitorado da região com a presidente Dilma Rousseff, ambas com 32%, na pesquisa feita nos dias 28 e 29 de agosto. No levantamento da semana passada, a candidata do PSB tinha 25%, contra 35% da petista. Aécio Neves (PSDB) aparece com 22%, o que indica empate técnico entre ele e Marina no segundo lugar,

Na última sexta-feira, após a divulgação da pesquisa, a equipe de Marina decidiu cancelar a agenda marcada para o interior de Pernambuco, estado onde já lidera, e optar pela maratona de eventos no Sul.

A agenda de Marina começará de manhã em Curitiba. Ela irá a um ato político, com previsão de reunir 1.500 pessoas. À tarde, participará de outro, no Centro de Florianópolis. A maratona só terminará às 20h, em Porto Alegre, com mais um ato político.

A candidata precisará se deslocar de jato alugado. Após a morte de Eduardo Campos, em 13 de agosto, a campanha passou a evitar esses voos e a priorizar deslocamentos em aviões de carreira.

Dos três estados do Sul, Marina só conta com palanque regional no Rio Grande do Sul, onde é aliada do candidato do PMDB, José Ivo Sartori. No Paraná e em Santa Catarina, o PSB apoia nomes do PSDB. Essas alianças tinham sido fechadas por Campos. Marina, porém, sempre se posicionou contra esses acordos e não permite a vinculação de seu nomes às campanhas dos tucanos Beto Richa (Paraná) e Paulo Bauer (Santa Catarina).

Ontem, Marina aproveitou mais um ato de campanha para combater os ataques dos adversários, em especial do PT, que investe no discurso de que ela, se eleita, acabará com programas sociais do governo. Durante palestra na V Assembleia Geral Eletiva da Associação Nacional de Educação Católica no Brasil (ANEC), Marina pediu aos presentes que orassem a Deus para que as pessoas tenham "bom senso e discernimento" diante do "marketing selvagem" contra ela. Marina reafirmou que vai manter e ampliar o Bolsa Família e defendeu a redução dos juros.

Site de TV criada por Chávez ataca Marina

• Telesur publica artigo em que ex-senadora é tachada de extrema-direita

Simone Iglesias – O Globo

BRASÍLIA - A campanha do medo do PT e da presidente Dilma Rousseff contra a ex-senadora Marina Silva ganhou o reforço de Venezuela, Cuba, Bolívia e Argentina. A Telesur, estatal de TV que reúne esses quatro países, divulgou no fim da semana, em seu site, artigo de Miguel Angel Ferrer sobre as eleições brasileiras. No texto, Marina e o PSB são tratados como "extrema direita" e "alinhados aos ditados de Washington".

"Marina Silva, candidata do Partido Socialista, organização política de extrema-direita, fiel seguidora dos ditados de Washington e que de socialista só tem o nome", diz o texto assinado por Ferrer, economista, fundador e diretor do Centro de Estudos de Economia e Política. Ferrer é analista político em programas de rádio ligados a Telesur.

Marina, "a candidata da direita que quer fortalecer os laços com os Estados Unidos" é comparada a Fernando Collor de Mello, José Sarney, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, todos ex-presidentes descritos como "submissos" e "altamente dependentes" do governo norte-americano. O texto não cita, porém, a proximidade da gestão de Dilma com Sarney, por quem a presidente disse nesta campanha ter "muito respeito"; nem o fato de Collor (PTB-AL) integrar a base aliada.

O artigo diz que Marina acabará com "o exitoso programa de combate à fome" e o substituirá, "obviamente", por algum programa de ajuste idealizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Em outro trecho, diz que Marina, chamada de "peão feminino de Washington", acabará com a União das Nações Sul-americanas (Unasul) e dará atenção à Organização dos Estados Americanos (OEA), uma organização "antiga e putrefata".

Segundo o analista, ela fará o mesmo com o Mercosul. "Para que o Mercosul, dirá, se temos a Alca (Acordo de Livre Comércio das Américas), instrumento comercial de domínio e subordinação ao império", diz.

A Telesur chama de "reveladora" a opinião de Marina de que, se eleita, trabalhará para impulsionar os direitos humanos em Cuba."Tem dona Marina alguma leve ideia do enorme prestígio que tem Cuba no mundo, precisamente no campo do respeito e proteção aos direitos humanos? Quem sugeriu à candidata dos Estados Unidos tornar esse tema parte principalíssima de sua agenda eleitoral?", questiona.

A Telesur é uma rede de TV estatal financiada pelos governos de Venezuela, Cuba, Argentina e Bolívia. Foi idealizada por Hugo Chávez, em 2005, quando ele presidia a Venezuela.

Campanha de Marina diz que corrupção fez Petrobrás comprar 'refinaria velha'

• Sem aparecer, candidata usa todo horário eleitoral do rádio para explorar denúncias contra a estatal; PT e PSDB mantiveram críticas à ex-ministra

Lilian Venturini e Stefânia Akel - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A campanha da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, acusou o governo do PT de "incompetência" e "corrupção" no episódio da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobrás, no horário eleitoral do rádio desta terça-feira, 23. Sem mencionar o nome da ex-ministra durante a propaganda, a inserção veiculou o ataque mais duro até agora à presidente Dilma Rousseff (PT) desde o início do horário gratuito, em 19 de agosto.

Durante os 2min3s do tempo disponível pela coligação do PSB, locutores leram manchetes de jornais e revistas com denúncias envolvendo a estatal e criticaram a gestão dos governos petistas. Foram mencionadas informações atribuídas à delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que teria relatado a existência de um esquema de propina a políticos a partir de contratos da estatal, além de explorar a compra da refinaria de Pasadena.

"A má gestão, a incompetência e a corrupção fizeram a Petrobrás comprar essa refinaria velha", diz um dos locutores, que momentos antes afirmou que "Dilma era presidente do conselho da Petrobrás quando isso aconteceu". A compra de 50% da refinaria foi concluída em 2006. A aquisição teve autorização do Conselho de Administração da Petrobrás, então presidido pela presidente Dilma Rousseff, que deu aval à negociação. Neste ano, a estatal reconheceu que o negócio não foi vantajoso, mas negou que tenha havido corrupção. Em julho deste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou prejuízo de US$ 792,3 milhões na compra da unidade.

Principal alvo de ataques dos adversários, Marina em geral usava apenas parte do tempo dos programas eleitorais para responder às críticas. A candidata não mencionava diretamente o PT ou a presidente quando falava sobre as denúncias de corrupção contra a Petrobrás, mas usava expressões como "atual governo" ou "velha política". Nesta terça, a voz de Marina ou de qualquer integrante do partido não aparece em nenhum momento e as referências foram diretas ao partido. A propaganda diz que "nas mãos da Dilma e do PT" a Petrobrás perdeu valor e dinheiro que poderia ter sido usado para o programa Bolsa Família. "Imagina o que pode acontecer se a Petrobrás continuar mais quatro anos nas mãos dessa turma", conclui o locutor.

Dilma e Aécio. As propagandas do PT e do candidato Aécio Neves (PSDB) desta terça focaram temas como experiência política e habitação, mas sem deixar de lado críticas à adversária Marina Silva (PSB), que, segundo a propaganda tucana, "é a Dilma com outra roupa". A exemplo dos últimos programas, Aécio procura vincular Marina ao PT, lembrando que a candidata já fez parte do partido e foi ministra do governo Lula.

O PT, por sua vez, usou o horário eleitoral para falar de programas para deficientes e habitação, mas manteve críticas a Marina em alguns momentos. O programa afirmou que a candidata votou a favor da CPMF, mas o site do Senado diz o contrário. "Dona Marina, dizer que fez uma coisa quando na verdade fez outra tem um nome, viu?", disse um locutor. "Que coisa feia, dona Marina", criticou outro.

FHC sobe tom ao criticar desvios na Petrobras

• Governo foi "incompetente ou conivente" se não sabia de nada, afirma ex-presidente

Mariana Carneiro e David Friedlander – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira (21) que o governo é "incompetente ou conivente" quando diz que não sabia dos desvios de recursos da Petrobras, denunciados por um ex-diretor da estatal que comandava o esquema.

Ele defende que o PSDB reforce o discurso da indignação contra o escândalo na campanha de Aécio Neves, terceiro colocado na corrida à Presidência da República.

FHC deu a largada aos ataques durante almoço com 602 empresários e executivos realizado em São Paulo: "O que temos agora é corrupção sistêmica. Houve um assalto aos cofres públicos".

O ex-presidente disse que acredita na honestidade da presidente Dilma Rousseff, mas que isso "não a exime de responder a esse descalabro".

"Não é possível que uma empresa como a Petrobras tenha três dos seus diretores acusados de corrupção, todos ligados a partidos [políticos] e quem esteve no comando nunca tenha visto nada disso. Ou é incompetente ou é conivente e tem que ser cobrado", afirmou.

FHC acredita que os tucanos deveriam imitar Marina Silva (PSB), que gravou testemunho com forte apelo emocional para dizer que passou fome na infância --com o objetivo de rebater os boatos difundidos pelo PT de que acabaria com o Bolsa Família.

Para ele, o PSDB deveria dramatizar o caso Petrobras. "Em certos momentos é preciso dramatizar para que a população sinta o que está acontecendo".

Em sua avaliação, a corrupção na Petrobras não é caso isolado e "exemplifica o que está acontecendo em muitos outros lugares".

Merval Pereira: Isto é que é errata

- O Globo

A presidente Dilma insiste em criticar sua adversária mais próxima, a candidata do PSB, Marina Silva, por supostas mudanças de posição "como se muda de camisa". E sua campanha resolveu copiar a do outro adversário, Aécio Neves, do PSDB, que teve uma bela sacada para alfinetar Marina: disse que seu programa de governo parece ter sido escrito a lápis , numa alusão à facilidade com que é alterado.

A campanha de Dilma explora tanto as erratas feitas por Marina em seu programa que se esquece de olhar as próprias erratas, muito mais graves. O erro do IBGE sobre o combate à desigualdade foi vergonhoso, e não "banal", como a presidente classificou. E ontem a expectativa oficial sobre o crescimento da economia este ano foi revista em nada menos que 50%: caiu de 1,8% para 0,9%. Mesmo assim, é uma previsão super otimista, pois o boletim Focus prevê uma economia crescendo míseros 0,3%. Vem nova errata aí. Os dois adversários, como, aliás, Marina denunciou, estão juntos nesta fase final do primeiro turno na expectativa de derrotá-la: Dilma, porque considera mais fácil vencer o candidato do PSDB, e Aécio, porque está convencido de que quem for para o segundo turno derrota a presidente Dilma.

Tentam recolocar a campanha nos termos em que se sentem mais confortáveis, isto é, polarizada entre PT e PSDB. De fato, tanto Dilma quanto Aécio prepararam-separa mais um embate entre tucanos e petistas, e, com Campos no páreo, tudo indicava que Aécio sedaria melhor , pois tem o apoio de uma máquina partidária mais forte do que a do PSB. Não há indicações para prever se Campos poderia surpreender, transformando-se em um fenômeno eleitoral, mas sua morte transformou a campanha, introduzindo nela um fator emocional de que estava carente. Refiro-me não apenas ao choque que a morte trágica do ex-governador de Pernambuco provocou, mas à própria figura da candidata Marina Silva, que tem um ar mítico que ajuda a lhe dar credibilidade.

É como comentou o jornal inglês "Financial Times" : se Marina representa, ela é uma boa atriz. A entrada de Marina no páreo subverteu as normas políticas não escritas que levariam a disputa para um segundo turno entre Dilma e Aécio, os candidatos que possuem mais esquema partidário, mais máquina eleitoral, mais tempo de televisão para a propaganda oficial. Marina virou tudo de cabeça para baixo, chegando à frente de Dilma até hoje nas pesquisas eleitorais de segundo turno, com apenas dois minutos e pouco de tempo de propaganda e uma máquina partidária pequena, e que, mesmo assim, não responde ao seu comando.

Marina está vencendo em regiões em que as máquinas partidárias do PT e do PSDB são mais fortes, e está conseguindo quebrar um pouco a hegemonia petista no Nordeste. Caso a campanha de desconstrução tenha êxito, ela pode chegar ao segundo turno depauperada, ou nem chegar lá, superada no último momento por Aécio. No primeiro caso, Marina terá o mesmo tempo de propaganda que Dilma para tentar retomar a dianteira, valendo- se do "discernimento " do eleitorado brasileiro para identificar o que classifica de mentiras e distorções do "marketing selvagem " adotado pelos adversários .

Para superar esses problemas, terá que fazer um acordo programático com o PSDB que dê ao eleitor ressabiado a garantia de governabilidade . Em todo caso, o vice Michel Temer já se adiantou a uma eventual derrota para dizer que o apoio a Marina dependerá apenas dela, pois o PMDB sempre se colocou como o garantidor da democracia brasileira, e assim continuará atuando caso a nova presidente queira incluir o partido na sua base. Como o vice de Marina, Beto Albuquerque, já admitiu que "ninguém governa sem o PMDB ", essa questão parece superada.

Caso Aécio consiga superar Marina e vá para o segundo turno , melhorando a performance do PSDB em São Paulo e Minas, resta uma dúvida: ter á condições de recuperar os votos do Nordeste , que hoje estão divididos entre Dilma (48%) e Marina (31%), com os tucanos pegando uma fatia que não chega a 10% do eleitorado? Essa é a conta básica para a disputa do segundo turno , já que a chegada do PSDB de virada poderá concretizar no segundo turno a votação sonhada em Minas e São Paulo, fortalecendo Aécio no Sudeste.

Dora Kramer: A falta que opinião faz

- O Estado de S. Paulo

Os candidatos a presidente do Brasil têm muita sorte. Falassem eles e elas para eleitorado mais exigente cortariam um dobrado no quesito discussão de programa de governo.

No lugar de buscar o desaforo mais eficiente para desancar o adversário, seriam obrigados a encontrar o argumento mais consistente para convencer a população de que o gesto do voto vale mais a pena que o ato obrigatório.

Faltando duas semanas para as eleições a situação é a seguinte: a candidata que apresentou o programa de governo adapta as propostas ao sabor das conveniências e os outros dois evitam apresentar seus programas por escrito e em detalhes para evitar se comprometer e também não serem contestados.

Isso tudo quer dizer que a campanha se desenvolve em torno de um ambiente meramente publicitário. Não há uma "troca" com a sociedade, mas uma tentativa de "venda" de produtos.

É possível que do ponto de vista do marketing político isso seja moderno, mas sob o aspecto da vida real não é um comportamento aceitável, embora aceito no ambiente em que vivemos.

Marina Silva divulgou seu programa de governo, sofreu críticas, recuou em relação a alguns pontos, outros ficaram em aberto à discussão pública de gente ligada à sua campanha e isso abriu espaço para que os adversários explorassem uma suposta inconsistência programática.

Temendo ser vítima do mesmo veneno, Dilma Rousseff e Aécio Neves optaram por adiar a apresentação por escrito de suas propostas, a fim de não se comprometer e assim evitar cobranças. Preferem divulgar suas proposições em "pílulas", ponto a ponto, no horário eleitoral, em entrevistas, em discursos, de maneira publicitária, na moldura que melhor lhes convier.

É um direito que os assiste, verdade. Mais: uma situação perfeitamente possível diante da passividade de um eleitorado completamente desinteressado por esse tipo de detalhamento programático.

Pelo que se vê no movimento das pesquisas, gente mais afeita das arquiteturas publicitárias que já entregam mastigado o recado sem obrigar ninguém a ter trabalho de raciocinar a partir do escrutínio daquilo que poderiam propor os concorrentes a presidente.

A pobreza de espírito que se impõe é uma via de mão dupla. Uma situação consentida pelo eleitorado que por sua vez não reivindica o seu direito de saber o que pretendem fazer os seus candidatos.

Uso e abuso. A presidente Dilma Rousseff defendeu o uso do Palácio da Alvorada para as entrevistas que vem dando ultimamente, em contraposição a reparos feitos pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Dias Toffoli.

Dilma argumentou que antecessores também usaram o Palácio e tem razão. É a residência oficial do presidente.

Ela está no cargo, esta é uma das vantagens. O desequilíbrio reside no fato de que nunca como presidente Dilma se dispôs a falar à imprensa como agora quando é candidata.

Não fala quando é de interesse da Nação, mas fala - e muito a toda hora - quando interessa à candidatura. Este é o ponto a que se refere o ministro presidente do TSE.

Zigue-zague. Na sexta-feira, o governo estava "chocado" com o "erro gravíssimo" cometido pelo IBGE na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios no que tange à evolução da desigualdade no País, segundo palavras da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para quem Dilma Rousseff havia ficado "perplexa" com o ocorrido.

No sábado, noticiário dava conta da demissão da direção do instituto. No domingo, a presidente comunicou aos governados que na sua análise o que ocorreu foi um "erro banal".

E assim ficará tudo por isso mesmo.

Eliane Cantanhêde: Silêncio ensurdecedor

- Folha de S. Paulo

Com esse papo de direita e esquerda, o PT conseguiu esconder uma triste realidade dos governos Lula e Dilma: os movimentos sociais sumiram. E como fazem falta!

A UNE virou puxa-saco do poder. A CUT nunca ficou tão fora dos microfones. O MST está esperando sentado a alternância no governo para voltar a infernizar.

A Petrobras é dilapidada e não se ouve um só grito de estudantes e de sindicatos. O silêncio é ensurdecedor. Se há pressão, é das redes sociais e do novato movimento dos Sem-Teto, que passa ao largo de partidos e polarizações e agita a cena social.

E, já que o próximo domingo é o dia latino-americano de defesa do aborto seguro: até os avanços pela descriminalização, para proteger milhares de mulheres pobres por ano, estão congelados.

Os movimentos feministas eram nervosos e provocativos em aliança com o PT. Bastou Lula botar o pé na rampa do Planalto para amortecê-los. E nem com a posse da primeira mulher na Presidência retomaram o rumo.

Dilma nomeou para a Secretaria da Mulher Eleonora Menicucci, de longas batalhas feministas, de corajosa defesa do direito da mulher sobre seu corpo. Eleonora assumiu e virou mais uma figurante no poder.

Saudade do PT na oposição, das forças vivas, da pressão legítima, da indignação produtiva. Saudade de jovens críticos, não cooptáveis.

Foi por esse vácuo de representação, e não só da partidária, que milhões foram às ruas em junho de 2013. Por direitos, contra a pasmaceira. Os vândalos acabaram com a brincadeira e lá ficamos nós sem UNE, sem CUT, sem MST e sem as manifestações de junho, dependendo só da imprensa para incomodar os poderosos de plantão, questionar dados e versões, pressionar por avanços, exigir de volta a nossa Petrobras.

É hora de lembrar que governo é governo, imprensa é imprensa, movimentos sociais são movimentos sociais. Na democracia, "cada macaco no seu galho".

Luiz Carlos Azedo: O real e o imaginário

• A presidente Dilma Rousseff põe a culpa geral da inflação e do baixo crescimento na crise mundial; dos problemas da indústria, na Argentina.

- Correio Braziliense

A maquiagem dos números oficiais às vésperas da eleição continua. A estimativa do governo para a expansão do PIB, que era de 2,5% no início do ano e já havia caído para 1,8%, passou a 0,9%. Pura lorota, porque até o Boletim Focus do Banco Central (BC) trabalha com crescimento de 0,3%. O relatório bimestral de avaliação do Orçamento divulgado ontem também mostrou que o secretário do Tesouro, Arno Augustin, para reforçar o caixa, utilizou R$ 3,5 bilhões em recursos do Fundo Soberano. O dinheiro havia sido contabilizado no fechamento das contas de 2012.

Enquanto as autoridades econômicas fazem malabarismos contábeis, a presidente Dilma Rousseff põe a culpa geral da inflação e do baixo crescimento na crise mundial; dos problemas da indústria, na Argentina. Foi o que disse ontem na entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo. Questionada sobre o fato de o país estar crescendo menos que outros países da América Latina, como o Chile e a Colômbia, a presidente da República disse que os vizinhos estão numa situação difícil: “O nosso maior importador aqui na região, que é a Argentina, está numa situação bem problemática: 80% dos nossos manufaturados vão para lá”.

Dilma admitiu que o governo está na defensiva quanto à economia e que aposta na recuperação norte-americana para sair da recessão. “A gente tem de ver como que evolui a crise (...) Os Estados Unidos evoluindo bem, eu acho que o Brasil pode entrar numa outra fase, que precise de menos estímulos. Pode ficar entregue à dinâmica natural da economia e pode, perfeitamente, passar por uma retomada”.

Enquanto isso, a campanha eleitoral na tevê mostra um mar de rosas, com números inflados pela média de dados dos últimos 12 anos. Foi a fórmula encontrada pelo marqueteiro João Santana para mascarar o fato de que Dilma foi eleita em 2010 com o país crescendo a 7,5% do PIB e, agora, disputa a reeleição com a economia estagnada. A maquiagem também ocorre nos indicadores sociais, que são contabilizados no mesmo período. Quando aparece algum indicador que contrarie a propaganda oficial, o governo baixa o centralismo no IBGE. Foi o que ocorreu com o índice Gini, que foi revisto por ordem do Palácio do Planalto, depois de revelar que a desigualdade parou de cair.

A propósito das análises econômicas na campanha eleitoral, virou bate-boca o debate sobre economia realizado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, entre representantes do governo e da oposição. Marcio Holland, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, justificou o fraco desempenho da economia colocando a culpa nos efeitos da crise global. Foi contestado pelos economistas Samuel Pessoa, ligado ao candidato do PSDB, Aécio Neves, e Marco Bonomo, próximo à candidata Marina Silva (PSB), que criticaram o governo. Revidou na base da chave de galão.

Nos estados
O PMDB é o favorito em Alagoas (Renan Filho), no Amazonas (Eduardo Braga), no Espírito Santo (Paulo Hartung), no Rio de Janeiro (Luiz Fernando Pezão), no Rio Grande do Norte (Henrique Alves), em Sergipe (Jackson Barreto) e no Tocantins (Marcelo Miranda).

Os candidatos do PSDB despontam em Goiás (Marconi Perillo), na Paraíba (Cássio Cunha Lima), no Paraná (Beto Richa), em Rondônia (Expedito Júnior) e em São Paulo (Geraldo Alckmin).

O PT lidera no Acre (Tião Viana), em Mato Grosso do Sul (Delcídio Amaral), em Minas Gerais (Fernando Pimentel) e no Piauí (Wellington Dias).

O PSB é favorito no Distrito Federal (Rodrigo Rollemberg) e em Pernambuco (Paulo Câmara). O PDT, no Amapá (Waldez Góez) e em Mato Grosso (Pedro Taques). E o PP, no Rio Grande do Sul (Ana Amélia Lemos) e em Roraima (Neudo Campos).

O DEM é favorito na Bahia (Paulo Souto). O PCdoB, no Maranhão (Flávio Dino). E o PSD, em Santa Catarina (Raimundo Colombo).

Há disputas acirradas entre o PMDB e o PT no Ceará (Eunício Oliveira x Camilo Santana), entre o PMDB e o PSDB no Pará (Helder Barbalho x Simão Jatene).

O levantamento é da Arko Advice, dos cientistas políticos Murilo Aragão e Cristiano Noronha.

Raymundo Costa: A campanha vista do teto de Dilma

"Marina saiu do Acre e foi morar na Avenida Paulista"

- Valor Econômico

Domingo, fim de tarde, duas semanas antes da eleição. No comitê eleitoral da presidente Dilma Rousseff a televisão está ligada no jogo de futebol, Fluminense e Flamengo. De calça jeans e camiseta azul, o ministro licenciado Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), recém-chegado à campanha da reeleição, argumenta que nunca se discutiu tanto programa de governo no primeiro turno de uma eleição: pré-sal, indústria, agricultura, economia, bancos públicos, CLT, homofobia, educação e Saúde. "Os programas e os compromissos estão sendo debatidos naquilo que são as ideias fundamentais das candidaturas. Portanto, não há sentido político nesse debate sobre ter ou não ter programa", anuncia Rossetto. "Quem quiser conhecer os detalhes de nossos programas, é só olhar o projeto de Orçamento de 2015".

Dos três candidatos, apenas Marina Silva (PSB) apresentou um programa, que foi escrutinado pelos adversários e até deu origem à dita "campanha do medo" patrocinada pelo PT. Rossetto rebate: "Não existe campanha do medo. Existe medo na campanha dos nossos adversários".

O entusiasmo do ministro está mais para o Fla-Flu da televisão que para as salas desertas do comitê de Dilma, uma cena incompatível com o corre-corre frenético normal das campanhas eleitorais, quando faltam duas semanas para o grande dia. A poucos quilômetros dali, a candidata protestava contra um comentário do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Antonio Dias Toffoli, de que talvez constituísse "vantagem indevida" a presidente usar o Palácio da Alvorada para suas entrevistas eleitorais: "Só quero lembrar que todos os meus antecessores usaram o palácio. Caso contrário, eu serei uma sem-teto. Não tenho casa. Não tenho outro local". Dilma, como todo candidato, tem uma sala no comitê, que nunca usou.

Segundo Rossetto, os "dados qualitativos" em poder da campanha indicam um crescimento forte da candidatura Dilma Rousseff em todos os segmentos e regiões do país, a ponto de o comitê apostar que a presidente aparecerá à frente nas simulações de segundo turno, nas próximas pesquisas. O ministro atribui o crescimento sobretudo a definição de cerca de 25% do eleitorado que, nas respostas espontâneas nas pesquisas, não indicaram o nome de um candidato. Rossetto afirma que esse contingente se desloca majoritariamente em direção a Dilma. A conferir nas próximas pesquisas. Quando o ministro subiu para a sala de reuniões, o Flamengo vencia. Na volta, encerrada a entrevista, o placar do Maracanã marcava 1 X 1.

"Nós trabalhamos com a hipótese de segundo turno, mas enxergamos um forte crescimento nos próximos 15 dias", informa Rossetto. O ministro apenas insinua o que no domingo corria solto nas redes sociais, alimentado pela militância do PT: "Estamos preparados para o segundo turno, mas trabalhamos com um forte crescimento nos próximos 15 dias". O mais novo integrante da coordenação da campanha de Dilma acredita tanto numa vitória em primeiro turno quanto na recuperação do senador Aécio Neves numa velocidade tal a ponto de ultrapassar Marina na última curva do circuito eleitoral.

Colorado, o gaúcho Rossetto gosta de conversar sobre revoluções. Mas não só a Farroupilha. Fala da Balaiada, no Maranhão, e conhece como poucos a história da Cabanagem, no Pará, a qual foi apresentado pelo historiador Décio Freitas, conterrâneo e autor de "A Miserável Revolução das Classes Infames", livro que narra a revolta paraense à Independência do ponto de vista de um bretão preso em Paris e enviado para a Guiana, durante a Revolução Francesa, de onde fugiu para Belém, à época da sangrenta revolta.

"Uma referência forte de virada é Minas Gerais, chegamos em 40%", observa Rossetto, referindo-se ao Estado de Aécio Neves, onde a expectativa, antes da eleição, era que o candidato do PSDB teria mais de dois terços do eleitorado. "DataJaques não falha", diz, aludindo ao governador da Bahia, Jaques Wagner. "Ele tem duas vitórias no segundo turno e está muito otimista". As pesquisas indicam que Paulo Souto (DEM) pode ganhar no primeiro turno do candidato do governador, Rui Costa, mas o PT tem tradição de viradas de última hora no Estado da Bahia.

Acima de tudo, Rossetto, aposta em um melhor desempenho da candidata Dilma em São Paulo, onde no momento ela está com cerca de 25% das intenções de voto e pretende no dia 5 romper a barreira dos 30%. "Todos os indicadores que nós temos já mostram isso e achamos que passamos de 30%. O que é muito positivo. A campanha mexeu muito em São Paulo. Há um outro padrão de campanha e achamos que entramos com uma campanha superior no Estado". A rejeição a Dilma também estaria em queda. "Nos últimos 20 dias Dilma conseguiu se apresentar como a liderança mais preparada para o próximo período. Este é o conceito fundamental. Esta ideia é muito forte".

"É este debate que envolve o conjunto das ações, os compromissos de futuro e as diferenças com os outros candidatos que aproxima a candidatura Dilma daquilo que é uma expectativa majoritária da sociedade brasileira: preservar as conquistas que ela reconhece. Há uma pergunta fundamental no processo eleitoral que envolve reeleição, se a vida das pessoas melhorou durante nosso governo. E a resposta é sim".

Rossetto rejeita a ideia de que Marina rompeu a polarização das eleições presidenciais. " Não há um terceiro polo. Não é uma terceira via. Ela (Marina) se aproximou velozmente do polo político conservador da sociedade brasileira", diz. "A agenda e o programa que ela apresentou revelam uma opção clara de quem saiu do Acre e foi morar na Avenida Paulista, em São Paulo, um pensamento econômico que organiza o país a partir de uma reserva de mercado para os bancos privados, agride a indústria brasileira, agride a agricultura quando fala em retirar subsídios para esta atividade importante, fundamental para o desenvolvimento do país. É uma liderança do campo conservador. A sociedade brasileira tem essa dinâmica política".

José Casado: A batalha do Rio

- O Globo

O Rio deve virar um grande campo de batalha nessa reta final da eleição presidencial. É o que se prevê na coordenação das campanhas dos principais candidatos. Motivo: é o único estado do Sudeste onde Dilma Rousseff e Marina Silva estão virtualmente empatadas, indicam pesquisas do Datafolha e do Ibope.

A presidente-candidata (com 37%) possui vantagem numérica muito pequena sobre a adversária (34%), consideradas as margens de erro típicas nessas sondagens (2%). Nas últimas semanas, porém, aumentou a rejeição a Dilma. A média era de 30% e passou para 40%.

São 12 milhões de votos disponíveis no estado. Equivale a 8,5% do eleitorado brasileiro. Ocorre que o cesto fluminense corresponde a 19,3% dos votos do Sudeste, região onde se concentram 62 milhões de eleitores (43,4% do total).

O peso do Rio se torna específico nas circunstâncias do embate nas ruas do Sudeste.

Pela primeira vez em duas décadas, São Paulo não produziu uma candidatura viável para competir pela Presidência, apesar do tamanho do seu eleitorado - 31,9 milhões (22,4% do total).

Nas pesquisas os paulistas reduziram Dilma ao piso (25%) registrado pelo partido em disputas nacionais. O PT se descobriu com um grave problema no reduto de origem. Não é só a alta rejeição à presidente-candidata, por quatro em cada dez consultados. É pior: parte do eleitorado petista (44%) anuncia voto no adversário do PSDB.

O candidato do PT, Alexandre Padilha, corre risco de apresentar desempenho pior que o de Lula na primeira eleição para governador, em 1982, quando ficou atrás de Franco Montoro, Reynaldo de Barros e Jânio Quadros, com apenas 9,8%.

Aparentemente, os paulistas identificaram em Marina (38%) uma novidade, capaz de romper a clássica polarização PSDB-PT - originária de São Paulo - e de representar a mudança desejada por sete a cada dez entrevistados.

Notável, também, é a dicotomia do PSDB local, entre o fiasco na eleição nacional, com Aécio (15%), mas à beira de levar o governo estadual no primeiro turno, com Alckmin (50%).

Em Minas, onde estão 15,2 milhões de eleitores (10,6% do total), a situação é diferente. Dilma lidera (33%), Aécio tem (29%) e Marina (22%).

É surpreendente como Aécio chega à reta final da campanha perdendo na própria base. O PSDB segue a trilha, com Pimenta da Veiga situado 20 pontos percentuais abaixo do petista Fernando Pimentel (43%).

O que aconteceu? Aécio e seu PSDB se mantiveram distantes do eleitorado mineiro até agosto. Dilma e o PT aproveitaram o vácuo. Exemplo: a presidente-candidata fez uma dezena de viagens, cooptou prefeitos e vereadores com "presentes" federais - incluída a distribuição de 2.600 máquinas (de caminhões a pás carregadeiras) a 93% dos 835 municípios. Enquanto isso, o PSDB local reclamava: "Dilma humilha prefeitos."

No Espírito Santo, vizinho atlântico com 2,6 milhões de eleitores (1,8% do total), Marina lidera com folga (33%), seguida por Dilma (26%) e Aécio (21%). Ali, percebe-se um recuo significativo da preferência pela presidente-candidata. Pesquisas locais, como a mais recente da Brand/Século Diário, indicam rejeição a Dilma no patamar de 40%, beirando os 65% em alguns municípios.

É essa a moldura que realça o quadro do embate eleitoral no Rio nos próximos 12 dias.

Rubens Barbosa: Mudança na política externa

  • Pragmática, ela deveria buscar resultados concretos para o Brasil, e não só retóricos
- O Estado de S. Paulo

A política externa é um dos setores em que o PT mais deixou registradas sua visão de mundo e suas preferências partidárias. Depois de 12 anos, a área externa está vulnerável pelos repetidos erros e equívocos e por seus minguados resultados.

Dependendo do resultado das eleições, a atual política externa deveria sofrer profundas mudanças nas suas principais prioridades e o Itamaraty deveria voltar a defender o que é de fato de nosso interesse, sem qualificações ideológicas ou partidárias. Alguns dos delineamentos mais importantes de uma nova política externa poderiam ser assim resumidos:

• A estratégia de negociação comercial multilateral (OMC), regional e bilateral deveria ser modificada de forma significativa para a abertura de novos mercados e a integração das empresas brasileiras nas correntes de comércio global. Sem influência ideológica o isolamento do Brasil das negociações comerciais globais seria substituído por uma ativa busca de parceiros comerciais.

• A integração regional deveria ser reexaminada e o Brasil, deixando de ficar a reboque dos acontecimentos, deveria enfrentar o desafio de dar um novo enfoque a esse processo; a integração física e a maior integração produtiva das empresas brasileiras na região seriam algumas das novas prioridades.

• A política em relação ao Mercosul deveria ser revista. De acordo com o estrito interesse brasileiro, o Itamaraty, a partir de janeiro, quando o Brasil assumirá a presidência do grupo, não deveria defender o fim da união aduaneira, mas deixar claro que essa possibilidade existe, caso os demais parceiros se recusem a seguir o rumo da abertura comercial que interessa ao Brasil, como a negociação de acordos com a União Europeia, com o México, com a Coreia do Sul e com outros países desenvolvidos.

• As relações com os países vizinhos deveriam ser intensificadas, segundo o nosso interesse, e não aceitando uma agenda que não é a nossa por afinidades ideológicas ou paciência estratégica. O Brasil continuaria a apoiar os esforços da Argentina e da Venezuela para o restabelecimento da estabilidade da economia, mas defenderia os interesses das empresas nacionais afetadas por medidas restritivas desses países. O Brasil continuaria a defender o fim do embargo econômico a Cuba e a participar com transparência do processo de abertura e desenvolvimento desse país.

• O relacionamento com os países em desenvolvimento deveria ser ampliado e diversificado, de acordo com nossos interesses. Em particular com a África e a América do Sul, um programa de cooperação e de ampliação de comércio e proteção de investimentos deveria ser executado.

• Voltar a dar prioridade às relações com os países desenvolvidos, de onde poderá vir a cooperação para a inovação e o acesso à tecnologia. Deveria ser feita uma reavaliação das prioridades estratégicas, em especial no tocante à Ásia, em função de seu peso crescente, à China e aos Estados Unidos.

• Nos organismos multilaterais, o Brasil deveria ampliar sua ação diplomática em todas as áreas. A revisão dessa política deveria refletir os valores e os interesses que defendemos internamente. Deveriam merecer especial atenção as questões da sustentabilidade relacionada com as preocupações sobre as negociações de mudança de clima e os problemas de democracia e de direitos humanos em nossa região. O Brasil manteria seu interesse na ampliação dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

• Deveria ser definida uma política em relação ao Brics para melhor expressar o que nos interessa, ampliando a cooperação entre os países que integram o grupo e aumentando a atuação conjunta em temas econômicos e comerciais.

• A coordenação da política externa com a da defesa nacional deveria ser ampliada em todas as suas dimensões, como, por exemplo, na proteção de nossas fronteiras.

• A política de assistência técnica e a diplomacia cultural - instrumentos do soft power brasileiro - deveriam ser fortalecidas.

• Prioridade especial para a assistência a brasileiros no exterior e o apoio a empresas multinacionais brasileiras.

• O Itamaraty deveria manter estreito contato com a sociedade civil, o Congresso Nacional, o empresariado e os trabalhadores para a melhor execução da política externa.

No desenvolvimento dessa nova agenda, quais as principais diferenças da atual política externa?

• Eliminação da influência partidária e ideológica;

• revisão de fundo das políticas em relação ao Mercosul e à integração regional para a defesa do que de fato convém ao Brasil;

• revisão da estratégica de negociação comercial multilateral, regional e bilateral e finalização do acordo com a União Europeia;

• normalizar o relacionamento com os países desenvolvidos e ampliar a relação com os em desenvolvimento;

• ênfase renovada na defesa da democracia e dos direitos humanos;

• revisão da prioridade estratégica com os Estados Unidos e com a China;

• promover a integração produtiva da empresas brasileiras na América do Sul;

• desideologizar as relações bilaterais com nossos vizinhos, em especial na defesa dos interesses das empresas brasileiras;

• revalorização do Itamaraty como o principal formulador e executor da política externa;

• restabelecer a projeção externa do Brasil apoiada na recuperação e no crescimento da economia nacional.

• o Itamaraty - cujas credibilidade e centralidade no processo decisório e na formulação da política externa seriam recuperadas - voltaria a defender políticas que representem efetivamente os interesses políticos, econômicos e comerciais brasileiros.

Pragmática, a nova política externa deveria buscar resultados concretos, e não apenas retóricos, para o Brasil.

*Rubens Barbosa foi embaixador do Brasil em Washington (1999-2004)

Míriam Leitão: Órgão vital

- O Globo

O que a presidente Dilma Rousseff quis dizer, quando falou em um "erro banal" do IBGE, é que a confusão feita pelo instituto foi em uma rotina estatística relativamente simples. Mas a reação dela, quando ficou sabendo do erro por um telefonema da ministra Miriam Belchior, foi chamá-la imediatamente ao Palácio para uma conversa. E a presidente considerou grave o erro do IBGE.

"Fui presidente de um instituto de pesquisa, não consigo entender como foi cometido um erro desses", disse a presidente Dilma Rousseff.

O que deixou o governo aliviado foi saber que o erro foi detectado por consultoria e institutos privados. Ela nega com números e mais números que haja sucateamento do IBGE, mas o corte que houve recentemente no orçamento pedido pelo instituto para pesquisas no ano que vem foi de 73%. Isso levou à suspensão de duas pesquisas, uma delas a importantíssima Contagem da População, e conspira contra a ideia de que houve aumento de meios e recursos humanos no órgão.

O IBGE é fundamental ao Brasil. Sem suas pesquisas, não é possível entender o que se passa num momento de rápidas transformações para nós; não é viável fazer políticas públicas que vão diretamente ao ponto das nossas fragilidades. Ele é órgão de Estado, com seus 77 anos de serviços prestados. No mais, qualquer processo estatístico tem que ter aperfeiçoamentos constantes.

Esse erro assustou todo mundo porque normalmente essa é a grande pesquisa do instituto, depois do Censo. É um trabalho de equipe. Passa por revisões. O IBGE divulga com embargo de dois dias para os jornalistas. O governo recebe junto com a imprensa. E deve ser visto com a serenidade e seriedade necessárias para não afetar ainda mais a credibilidade de um órgão tão vital ao nosso organismo.

Nem há indícios de que o erro foi produzido para prejudicar o governo; nem há sinais de que a correção foi imposta pelo governo por causa do calendário eleitoral. O IBGE não divulga números para atender a uma gincana entre os contendores no campo eleitoral. Seus dados ora são usados pelo governo, ora pela oposição.

A direção do Ipea nos governos do PT passou a produzir estudos para provar os pontos das políticas públicas, quando sua função era mais alertar para seus riscos e problemas ou sobre a conjuntura social do país. Muitos quadros de excelência do Ipea continuaram fazendo esse trabalho, independentemente do partidarismo da gestão Marcio Pochmann e da visão triunfalista do período Marcelo Neri. O Ipea mais ajuda quando aponta erros e critica, porque para ser esse contraponto é que ele foi criado e o exerceu até em épocas do autoritarismo.

O IBGE continuou protegido pela tradição de independência do órgão testada em governos diferentes. Esse erro o enfraquece, não tapemos o sol com a peneira. Saber as razões do erro é importante, mas a criação de comissões não pode ser uma forma de, indiretamente, intervir no órgão. É extremamente perigoso passar a ideia de um instituto de estatísticas sob intervenção porque lembrará a Argentina. Os governos Kirchner destruíram a credibilidade do Indec. O Brasil deve aprender com os argentinos sobre o que não fazer.

Nos dias anteriores à divulgação, o ministro Marcelo Neri disse que no Brasil a desigualdade estava caindo todos os meses em 2014. Em palestra, disse: "Ao longo de 2014, mês após mês, o Gini caiu como um relógio, 0,1 ponto por mês." Usou para isso dados da PME. Com a greve no IBGE, o que era limitado ficou incompleto. A Pesquisa Mensal de Emprego informa apenas sobre seis capitais. A PNAD vai ao Brasil todo. A PME vai acabar, a PNAD passará a ser mais constante. Com a greve resultante da tentativa de adiar a PNAD Contínua, a PME divulgou dados parciais. Isso não dá a ninguém a certeza de afirmar que a desigualdade vem caindo em bases mensais, até porque esse é um processo longo.
A desigualdade é mal medida e subestimada no Brasil. Capta as desigualdades no mercado de trabalho, e depois inclui rendas como aluguel e pensões, mas não chega a ser o retrato fiel da grande distância entre os muito ricos e os pobres no Brasil.

O importante seria aproveitar esse momento para fortalecer o IBGE, do qual precisamos hoje, e sempre para informar ao Brasil sobre o caminho que ele terá que seguir até realizar seu projeto de desenvolvimento econômico e social.